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25/01/2017 10:22

As voltas que o mundo dá...

Escrito por Sérgio Sette Câmara
Piloto de testes e desenvolvimento da equipe McLaren de F1 | Piloto da equipe DAMS no Campeonato Mundial de F-2


O automobilismo as vezes nos reserva momentos que realmente não podemos esperar. O ano de 2016 foi icônico e será inesquecível em minha carreira. Depois de toda uma vida no kart, meia temporada na F3 Brasil e uma temporada na F3 Europeia, eu fui convidado para integrar o maior programa de jovens pilotos do planeta.

Ninguém pode imaginar tudo o que se passou pela minha cabeça, como fiquei feliz com aquele convite e, sobretudo, com a possibilidade de me aprimorar e conhecer todo o mundo que envolve uma verdadeira corporação do esporte, que reúne vários atletas de inúmeras modalidades.

Infelizmente, toda a estrutura e aprendizado que me foram colocados à disposição não foram capazes de suprir a falta de sorte e alguns percalços que, no decorrer da temporada, me fizeram acumular resultados muito aquém do que eu tinha condições de apresentar.

Mesmo tendo acumulado resultados excepcionais na pré-temporada, em treinos oficiais e até mesmo tendo feito três poles-positions durante o ano de 2016 na F3 Europeia, eu não pude largar, em nenhuma vez, da primeira posição. Tive a infelicidade de acumular três quebras de motor durante o ano, que, com isso, me obrigaram a ser penalizado com 10 posições de largada em 9, isso mesmo... nove corridas das 30 que compuseram o calendário.


Fiz o meu melhor, sem dúvida nenhuma, fui bastante elogiado pela mídia especializada tanto no Brasil como no exterior, que, aliás, me deu o amargo título de piloto mais azarado do ano.

Apesar de tudo, encerramos a temporada do Europeu de F3 de forma positiva. Andei rápido, consegui bons resultados nas últimas três rodadas do ano e, de certa forma, deixei a equipe Motopark com uma boa impressão.

Quase um mês depois do fim do campeonato fui convidado pela equipe inglesa Carlin para disputar, pela segunda vez em minha carreira, o GP de Macau de F3. A competição, que já era uma das mais tradicionais do automobilismo mundial, recebeu no ano passado o status de Copa do Mundo de F3 – FIA, criando uma representatividade ainda maior para as conquistas nas ruas do país do Oriente.

Diante de um grid de quase 30 pilotos consegui, de forma muito legal, colocar em prática tudo o que acumulei de experiência na minha carreira. Consegui andar rápido, liderei a corrida final e terminei em terceiro, atrás apenas de dois pilotos saíram há anos da F3, e disputam atualmente a Fórmula E.

Depois de um ano praticamente perdido, esta conquista em Macau me rendeu um convite para compor a equipe MP Motorsport na temporada 2017 de GP2 Series. Aceitei o desafio, porém, com os pés no chão, sabendo que, principalmente neste primeiro ano, terei muito o que aprender sobre a categoria e, também, todo o mundo que envolve os eventos da F1.


Meu primeiro contato com o carro foi nos testes da pós-temporada, em Abu-Dhabi. Gostei muito. Aliás, que piloto não gostaria de estar num carro de mais de 600 cavalos que, em alguns circuitos, pode chegar até a 330 km/h. Me disseram que minha adaptação foi rápida, principalmente em relação às frenagens, uma vez que este carro tem freios de carbono que fazem o conjunto inteiro diminuir de velocidade de forma absurda. Achei a aderência do carro muito boa e a velocidade nas retas é muito próxima do que eu senti no próprio carro de F1, quando eu testei em Silvertsone.

Estou me preparando muito para esta temporada. Tenho feito sessões diárias de treinamentos físicos, andado muito em meu kart shifter e, sempre que possível, estou praticando em simulador. A MP Motorsport me recebeu super bem e espero, no decorrer do ano, retribuir para eles em resultados toda a confiança que estão depositando em mim.

Grande abraço a todos e um feliz 2017!