publicidade
14/02/2023 23:25

Chegam novos carros e FIA revê posição

Escrito por Wagner Gonzalez
Jornalista especializado em automobilismo de competição


A Fórmula 1 viveu momentos importantes nos últimos sete dias, quando cinco das dez equipes que disputam o Campeonato Mundial apresentaram seus modelos para a temporada 2023. Tão ou mais importante do que isso é o fato que o presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), o saudita Mohammed bin Sulayem, decidiu reduzir drasticamente sua presença – algo que muitos classificariam como intromissão –, nos desígnios da categoria. Com essa decisão, o elo entre a entidade e planeta F1 será administrado por Nicholas Tombazis, que atua nesse meio desde 1992, quando foi contratado como aerodinamicista da equipe Benetton, atual Alpine.

De todos os carros apresentados nos últimos dias, o Ferrari SF23 era o mais aguardado. Charles Leclerc e Carlos Sainz, confirmados para este ano, venceram quatro corridas e obtiveram 12 pole positions, mas sucumbiram por uma combinação de motor pouco confiável, uma sucessão de erros estratégicos e o clima de discórdia dentro da equipe, algo decisivo para a saída de Mattia Binotto e a chegada de Frédéric Vasseur, ex-Alfa Romeo Sauber.

O novo McLaren M60 é um aperfeiçoamento do modelo anterior, o McL36. A mudança de sigla é para celebrar os 60 anos do time fundado por Bruce McLaren em 2 de setembro de 1963. O carro ganhou formas mais volumosas em relação às do ano passado e, como é de praxe, adota conceitos do carro campeão da temporada 2022: o McL60 lembra o Red Bull RB18. Lando Norris e Oscar Piastri serão os pilotos do time comandado por Zak Brown.

Equipe que mais investiu em tecnologia nos últimos anos, a Aston Martin Racing é apontada como a mais inovadora neste início de temporada: o AMR23 tem uma linha de cintura mais alta – algo notável na forma do chassi em torno do cockpit –, e um bico mais alto, além de mais numerosas saídas para o escoamento do ar que passa por intercoolers e radiadores. Lance Stroll e o recém chegado Fernando Alonso são os pilotos confirmados e o brasileiro Felipe Drugovich um dos pilotos reserva do time comandado por Mike Krack.

A marca AlphaTauri, propriedade do grupo Red Bull, representa uma confecção focada em roupas de apelo funcional e levemente esportivo e que investe em novos materiais. Isso e o recente anúncio da parceria da empresa mãe com a Ford justificou o lançamento do AT04 na fashion week de Nova York. As tomadas de ar para os radiadores laterais, em torno do cockpit, foram redesenhadas e muito do projeto é uma evolução natural do carro de 2023. O austríaco Franz Tost comanda a equipe que terá Yuki Tsunoda e Nick de Vries como pilotos.

Última colocada no campeonato passado, a Williams tenta se desvencilhar da posição que ocupou quatro vezes desde 2018; apenas em 2019 ela ficou na oitava colocação. Ainda em meio a uma recuperação conturbada e decorrente do clima interno, o novo team principal da casa de Grove, James Vowles, sabe que ainda há um longo caminho a percorrer para voltar aos tempos gloriosos. Alex Albon e Logan Sargeant serão os pilotos do FW45, cuja característica mais notada é a carenagem lateral (sidepods) mais afilada e que sugere um fluxo de ar mais limpo para a traseira do carro.

A Alpine fez ontem o shake down do seu A523 e não divulgou imagens do carro que será apresentado oficialmente quinta-feira, ação que a Mercedes programou para amanhã.

FIA revê modus operandi – Uma sucessão de críticas decorrentes do comportamento expansivo e intromissor do presidente Muhammed Bin Sulayem levou a FIA a mudar sua política de relacionamento com o Planeta F1. Nas últimas semanas o saudita esteve em destaque na mídia especializada em decorrência de suas opiniões sobre a estratégia comercial da Liberty Media, empresa que detém os direitos comerciais da categoria, e da intenção de censurar a expressão de opiniões dos pilotos.

A empresa norte-americana cogitou processar Sulayem após o dirigente ter declarado que considerava desproposital a venda daqueles direitos a um grupo arábe por US$ 20 bilhões. Certamente o fato de que a F1 é o maior gerador de renda da entidade pesou na balança. Desde a semana passada será o grego Nicholas Tombazis, diretor de monopostos da FIA, o responsável pela interação com as equipes e o comando comercial da categoria.

Leia mais colunas do autor