publicidade
03/05/2023 22:33

Em Baku, um GP multifacetado

Escrito por Wagner Gonzalez
Jornalista especializado em automobilismo de competição

Foto: Red Bull

Azerbaijão mostrou cenários diferentes entre as equipes


O triunfo de Sérgio Perez no GP do Azerbaijão mostrou a habilidade do mexicano em circuitos de rua, conquista que tem poder bélico para disparar novos episódios na guerra que ele trava com seu companheiro de equipe Max Verstappen e a própria escuderia. Se o anúncio da renovação de contrato entre a Red Bull e o engenheiro Adrian Newey durante o fim de semana aplacou um pouco a batalha entre os dois pilotos, em outras equipes o fim de semana teve consequências piores: a Ferrari conseguiu finalmente seu primeiro pódio da temporada – Leclerc conseguiu a pole position e o terceiro lugar –, mas viu Carlos Sainz sofrendo diante da incapacidade de igualar o rendimento do colega monegasco. Pior de tudo foi o retrospecto da Alpine, um fim de semana para ser esquecido e que culminou com a perda do 10º lugar, e um ponto no campeonato, cortesia de uma discutível parada para troca de pneus na última volta da prova.

É fato consumado a preferência da equipe Red Bull pelo holandês Max Verstappen, piloto que estreou no time em 2016 vencendo o GP da Espanha. Desde então a lista de companheiros de equipe só fez crescer e vitimou nomes como Daniil Kvyat, Daniel Ricciardo, Pierre Gasly e Alex Albon. De todos eles, quem mais ameaçou o holandês foi o australiano Ricciardo, atualmente piloto reserva da equipe após passagens pelas equipes Renault e McLaren. Sérgio Perez garantiu seu lugar em parte devido à sua habilidade e parte graças ao trabalho de seu manager, Julian Jakobi. Desde sua incorporação na equipe, em janeiro de 2021, o mexicano já viveu inúmeros momentos de tensão no seu relacionamento, que se pode chamar de “seu inimigo de equipe”. O maior deles foi a decisão de Verstappen, após ter garantido o título de 2022, não trabalhar para que Perez obtivesse o vice-campeonato.

Este ano a situação tem se mostrado mais conturbada: nas primeiras quatro provas da temporada os dois dividiram as vitórias: Verstappen foi melhor no Bahrein e na Austrália e Perez triunfou na Arábia Saudita e no Azerbaijão. Graças a um rendimento prejudicado por problemas nos freios em Melbourne, Perez acumula 87 pontos até agora, seis a menos que Verstappen. Suas melhores atuações costumam acontecer em circuitos de rua, como Baku, fato que gera mais tensão dentro do time posto que duas das próximas três etapas – Miami, neste fim de semana, e Mônaco, dia 28 – acontecem em traçados dessa natureza. Após vencer a Sprint Race e o GP no Azerbaijão, Perez desembarca em Miami com a motivação em alta, sentimento que deverá ser amplificado pela presença maciça de seus fãs mexicanos.

Ao anunciar a renovação do contrato com Adrian Newey, a equipe Red Bull não apenas distensionou o clima de disputa entre seus pilotos como também mexeu com as esperanças de outras escuderias em conquistar os serviços do engenheiro inglês que iniciou sua carreira na equipe Fittipaldi de F1 em 1980. Desde então passou por vários times e se destacou na Leyton House, consolidando sua capacidade na equipe Williams. Quando Frank Williams recusou-se a lhe dar uma participação acionária na equipe no final de 1996, ele mudou-se para a McLaren e em 2006 passou a integrar seu time atual. É dado como fato que a Ferrari já tentou contratá-lo inúmeras vezes, sem sucesso.

Na semana passada a Scuderia admitiu que seu diretor de competições Laurent Mekies deixa o time para se incorporar à AlphaTauri, equipe júnior da Red Bull, onde substituirá Franz Tost.  A saída de Mekies foi amenizada por Frédéric Vasseur, que declarou:

“A notícia (da saída de Mekies) foi tratada com certa agressividade. Eu admito que é uma enorme oportunidade para ele, que conheço há 30 anos e não o impediria de aceitar essa proposta. Mas ainda temos que discutir a forma como ele será desligado da Ferrari”.

Apesar de a Scuderia ter conquistado seu primeiro pódio da temporada em Baku, no mesmo fim de semana o desempenho de Sainz esteve abaixo da média. Em outras palavras, os problemas continuam pipocando em Maranello.

Pior que isso foi o fim de semana da equipe Alpine, fato admitido por Alan Permane, diretor esportivo do time francês:

“Você precisa começar os treinos em alta para ter um bom desempenho durante todo o fim de semana. Nós tivemos problemas desde a primeira e única sessão de treinos livres e a partir daí vivemos o efeito de bola neve...”, declarou o engenheiro ao site Racer. Para deixar a situação ainda mais traumática, o time optou por chamar aos boxes Esteban Ocon no início da última volta, manobra difícil de entender posto que o francês de origem catalã estava em décimo lugar e marcaria um ponto no campeonato.

Leia mais colunas do autor