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19/04/2022 09:26

Fórmula 1 2021: Ímola, aqui me tens de regresso!!!

Escrito por Wagner Gonzalez
Jornalista especializado em automobilismo de competição

Foto: Alfa Romeo-Orlen

Colinas de Imola voltam a receber a F-1 pelo terceiro ano consecutivo


O início da primeira fase da temporada europeia é sempre aguardado com muita expectativa. Nessa ocasião, os motorhomes das equipes são mostrados pela primeira vez no ano, o continente é a casa da categoria, os carros apresentam um primeiro nível de evolução e, mais consequente, as disputas políticas são intensificadas. Esse é o cenário do GP da Emília Romagna, quarta etapa do Campeonato Mundial de Fórmula 1, evento marcado para domingo, em Ímola, na província italiana de Bologna.

Após três etapas, a Ferrari lidera entre construtores e com Charles Leclerc entre os pilotos, certeza de que as arquibancadas e colinas do circuito Enzo e Dino Ferrari estarão superlotadas, algo impossível nos últimos anos, consequência da Covid-19.

Os motorhomes usados pelas equipes de F1 são verdadeiros palácios sobre roda, construídos para proporcionar a cada um dos seus pilotos uma área privativa de descanso e um ambiente para receber convidados VIP, geralmente patrocinadores atuais ou potenciais. Em horários menos concorridos servem também para ações com a imprensa e eventos gastronômicos de alto nível.

O suíço Peter Sauber, fundador da organização que atualmente promove a marca Alfa Romeo, ficou famoso pelos jantares harmonizados com bons vinhos e refinados charutos que promovia quando ainda era o comandante maior da equipe suíça. Em 1999 este colunista convidou cerca de 20 jornalistas de diversos países para promover o prêmio “Best Rango. Ao longo do ano foram analisados três quesitos: taças (qualidade dos vinhos e bebidas servidas), talheres (idem para a gastronomia servida em cafés da manhã e outras refeições) e ambiente. A equipe vencedora foi a BAR e esse resultado foi explorado mundialmente pela marca Barilla, que fornecia pastas e molhos ao time onde Ricardo Zonta era um dos pilotos.

No chão de fábrica engenheiros e técnicos já desenvolveram modificações possíveis para mitigar as deficiências que foram notados nas pistas de Abu Dhabi, Jeddah e Melbourne, em especial a pandemia que assola os carros da categoria: o efeito golfinho. Se a Ferrari pode dar-se ao luxo de contar com o carro mais equilibrado até o momento, seus rivais diretos lutam para sanar problemas de confiabilidade, caso da Red Bull, e à sensibilidade exacerbada da aerodinâmica, mal que aflige a Mercedes.

Curiosamente, essas deficiências afetam de maneira distinta cada um dos respectivos pilotos. Sérgio Pérez e George Russell acumulam até agora mais pontos que seus companheiros e líderes de equipe, respectivamente o atual campeão mundial Max Verstappen e Lewis Hamilton.

À primeira vista é de supor que a maneira como o holandês trata seu equipamento amplifica os pontos críticos do motor Honda na versão derivada do RA 621 H usado no ano passado. Isto se justifica pelo simples fato de o mexicano ter completado duas etapas nos pontos enquanto Verstappen abandonou duas corridas por problemas técnicos.

No lado tedesco, George Russell constrói seu futuro na base da regularidade e alguma dose de sorte: Lewis Hamilton não consegue se impor ao companheiro de equipe como estava habituado com Valtteri Bottas. Nas provas de classificação o heptacampeão mundial leva a melhor (2x1), mas na Austrália a diferença entre ambos foi de cerca de 1/10 de segundo e vale lembrar que Hamilton sequer passou do Q3 em Jeddah. Em termos de melhores voltas na prova, Russell vence por 2x1 e soma 37 pontos, contra 28 do seu “team mate”. O suíço Marc Surer, ex-piloto de F1, acredita que os motivos para tanto são dois fatos: Russell vem de duas temporadas explorando um carro pouco competitivo e Hamilton há tempos teve em suas mãos um chassi extremante eficiente. O mesmo Surer acredita que é uma questão de tempo para que Hamilton retorne à condição de melhor piloto do time. A conferir.

No lado político o protagonismo é de Toto Wolff: o austríaco não esconde que está insatisfeito com a relação fornecedor-cliente entre as equipes Ferrari e a Haas. Não deixa de ser curioso que nas últimas temporadas a sua própria escuderia forneceu mais que conselhos à Racing Point, atual Aston Martin, a ponto dos carros do time de Silverstone tenham sido chamados de “Pink Mercedes”, alusão ao patrocinador da época.

Guenther Steiner, o líder da equipe norte-americana, reagiu filosoficamente à provocação de Wolff. “Se nosso carro anda somos classificados como ‘Ferrari branca’, se vai mal, sentem pena da gente. Eu desejo que todos fiquem verdes de raiva, pois isso significa que estamos fazendo um trabalho muito bom!"

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