Fórmula 1: China sai, Espanha fica e Austrália acontece após Brasil
Calendário da F-1 foi refeito e poderá incluir Portugal para contornar efeitos da pandemia
O calendário revisado da temporada 2021 de Fórmula 1 divulgado esta manhã pela Liberty Media não chega a ser nenhuma surpresa: o GP da Austrália foi adiado para novembro, duas semanas após a etapa em Interlagos, a corrida da China fica em suspenso baixo o eufemismo de possível (e improvável) encaixe e a Espanha garantiu mais uma edição da corrida em Barcelona. Outras novidades da temporada que começa dia 28 de março no Bahrein são a volta do circuito de Imola (Itália), e a possível segunda edição do GP de Portugal em Portimão, que aconteceria no dia 2 de maio, uma semana antes da corrida em Barcelona.
A série de 23 corridas teve alteradas várias datas, incluindo a antecipação em uma semana do GP em São Paulo, do Brasil, e ainda depende de aprovação pelo World Motorsport Council (Conselho Mundial do Esporte a Motor), órgão da Federação Internacional do Automóvel (FIA) para assuntos desportivos.
•28 de março - Bahrain (Sakhir)
•18 de abril – Itália (Imola)
•2 de maio – Local a definir
•9 de maio – Espanha (Barcelona)
•23 de maio – Mônaco – (Mônaco)
•6 de junho – Azerbaijão (Baku)
•13 de junho – Canadá (Montreal)
•27 de junho - França (Le Castellet)
•4 de julho – Áustria (Spielberg)
•18 de julho – Reino Unido (Silverstone)
•1º de agosto – Hungria (Budapeste)
•29 de agosto – Bélgica (Spa)
•5 de setembro – Países Baixos (Zandvoort)
•12 de setembro – Itália (Monza)
•26 de setembro – Rússia (Sochi)
•3 de outubro – Cingapura (Cingapura)
•10 de outubro – Japão (Suzuka)
•24 de outubro – EUA (Austin)
•31 de outubro – México (Cidade do México)
•7 de novembro – Brasil (São Paulo)
•21 de novembro – Austrália (Melbourne)*
•5 de dezembro – Arábia Saudita (Jeddah)**
•12 de dezembro - Abu Dhabi (Yas Marina)
*Calendário revisto e sujeito a aprovação pelo Conselho Mundial do Esporte a Motor
** Evento sujeito a aprovação do circuito
Além da nova sequência de datas, o ambiente da F1 vive dias de intensa movimentação e surpresas, a começar pelo anúncio do desligamento de Cyril Abiteboul do grupo Renault. O francês estava na empresa desde 2001, quando graduou-se engenheiro pela Instituto de Tecnologia de Grenoble, e no final de 2020 foi anunciado como CEO da Alpine, uma das quatro unidades de negócio da marca (as demais são Renault, Dacia e Nova Mobilidade) após uma reestruturação interna anunciada em setembro.
A longa e relativamente bem sucedida trajetória na F1, iniciada em 2001 quando cuidou do site da marca dedicado à categoria, não isentou Abiteboul de desenvolver uma imagem com certos arranhões, particularmente no relacionamento com seus pares e superiores imediatos. Sua promoção para dirigir a Alpine aconteceu próxima ao desligamento de Jérôme Stoll, tunisiano que chegou a presidir a Renault no Brasil e dirigiu a unidade Mercosul da marca. Na série “Dirigir para Viver”, da Netflix, Abiteboul é retratado como um personagem de relacionamento difícil, em particular com Christian Horner, diretor da Red Bull e um dos clientes da Renault na F1. Seu posto na Alpine será ocupado por Laurent Rossi, enquanto a operação de F1 deverá ficar a cargo de Davide Brivio, que recentemente desligou-se da Suzuki, onde comandou a conquista a temporada vitoriosa da marca no Mundial de MotoGP de 2020.
O comunicado da Renault que anunciou o desligamento de Abiteboul tem todas as cores de um texto opaco e produzido para anunciar parcialmente um fato consumado. Desligar-se de um cargo importante meses após a uma temporada bem sucedida da equipe de F1 e ter sido promovido a diretor da marca Alpine em um momento importante da reestruturação do grupo levanta dúvidas: estaria o demissionário a caminho de um cargo importante em outra empresa ou seus rivais teriam conseguido derruba-lo?
Outro fato que movimenta a F1 nestes dias é a demora na renovação de contrato entre Lewis Hamilton e a Mercedes. Por ser um assunto delicado e envolver um pacote de remuneração dos mais complexos, a negociação é conduzida com requintes de confidencialidade dignos de segurança nacional. Exatamente por isso, uma declaração de Simon Roberts (diretor da equipe Williams) publicada no site GP Fans Global, pode ser interpretada desde uma forma discreta de fazer pressão ou até mesmo do que pode acontecer em breve:
“Temos que assumir que ser parte da equipe Williams é um capítulo na carreira de George Russell e não sua carreira. Seria maravilhoso pensar que um dia nós trabalhamos com um dos grandes pilotos da F1.”
Russell substituiu Lewis Hamilton na penúltima etapa da temporada de 2020, quando o heptacampeão mundial ficou afastado por ter contraído o Coronavírus. Na prova disputada em Sakhir (Barhein) o piloto da Williams largou em segundo, liderou a maior parte da prova e deu mostras de andar mais forte que Valtteri Bottas, o segundo piloto da equipe Mercedes.