Fórmula 1: nova largada para aumentar a segurança
Alambrados, barreiras de proteção, área de brita e santantônio são itens que serão reavaliados
Uma nova onda de reformas e adaptações dos circuitos usados pela Fórmula 1 deverá marcar o cenário da categoria nos próximos dois anos. O foco dessas alterações é evitar a repetição do desenlace do acidente espetacular ocorrido no início do GP da Grã-Bretanha domingo, em Silverstone, prova que marcou a primeira pole position e a primeira vitória do espanhol Carlos Sainz.
O mexicano Sérgio Pérez ficou em segundo e o inglês Lewis Hamilton surpreendeu ao terminar em terceiro. Charles Leclerc ficou em quarto e Max Verstappen foi sétimo. No campeonato o holandês segue liderando, com 181 pontos e está à frente de Pérez (147), Leclerc (138) e Sainz (127). Entre os construtores a Red Bull já soma 328, contra 265 da Ferrari e 204 da Mercedes.
Logo após a largada o francês Pierre Gasly tentou ultrapassar George Russell (que estava à direita) e Guanyu Zhou, mas um toque com o carro do piloto inglês iniciou uma reação em cadeia onde o chinês capotou e, ao ser contido por uma cerca de proteção, ficou encaixado entre essa barreira e o guard-rail da curva Copse.
Na tentativa de evitar os carros que já haviam batido, outros pilotos acabaram envolvidos em novos choques, sendo que Alex Albon foi o mais atingido. A corrida foi reiniciada cerca de uma hora mais tarde, tempo suficiente para a polícia local conter a invasão de pista perpetrada por um grupo que protestava contra o evento e a poluição ambiental.
Regularmente a F-1 experimenta ondas de melhorias em aspectos mais variados. O mais impactante e constante é o desempenho aerodinâmico dos carros, seguido pelas tecnologias e soluções adotadas dos chassis, unidades de potência e pneus. Se tais processos acontecem regular e incessantemente, aqueles relacionados com a segurança têm uma dinâmica própria: existe a necessidade de pesquisas mais controladas e suas respectivas validações. Quando ocorre algo como o que se viu em Silverstone no domingo, porém, essa atividade ganha atenção e um ritmo mais forte.
Um dos motivos para acelerar esse processo de proteção aos pilotos é justamente o modo como o carro de Guanyu Zhou foi imobilizado. Tal qual uma carta é inserida em um envelope, o monoposto ficou embalado pela grade de proteção e pelas barreiras que ali estavam para amortecer choques e batidas. Daí a dificuldade em resgatar o piloto chinês, operação que levou um tempo próximo a uma hora. Tal cenário é inédito na F1 moderna, razão extra para ser estudado mais profundamente.
Para além do reforço nas telas de proteção – que cumpriram seu papel e evitaram que o monoposto atingisse os espectadores que estavam na arquibancada daquele trecho – o espaço entre elas e as barreiras de contenção será alterado, o que implica em novos investimentos nos autódromos.
Da mesma forma, as áreas de brita serão reavaliadas: as irregularidades do terreno encobertas pelas pedras acabaram causando o efeito catapulta que fez o carro perder contato com o solo e decolar. É normal que a área gramada ou de escape de qualquer autódromo seja irregular, algo que deverá ser levado em consideração nos próximos estudos sobre circuitos.
Com relação aos carros espera-se algum tipo de alteração nos arcos de proteção, o conhecido santo antonio. Ao contrário do que sempre foi padrão para carros do tipo fórmula, alguns carros da F1 usam uma coluna central que faz as vezes do arco e dá apoio à câmera de TV.
Esse desenho é adotado no Alfa Romeo de Zhou e em chassis de algumas equipes rivais. Vale lembrar que entre os melhoramentos adotados mais recentemente, o Halo mais uma vez comprovou sua razão de existir: não fosse esse arco em torno do cockpit, o capacete de Guanyu Zhou é que teria servido de apoio contra o asfalto e a área de brita.