Hora de pisar nos freios
Para trás ficaram as provas europeias: a partir do GP de Cingapura, que acontece neste fim de semana no pequeno país encravado na costa sul da Malásia, a Fórmula 1 inicia uma relativamente curta volta ao mundo para encerrar a temporada. Após a Mercedes ter construído uma vantagem arrasadora no primeiro semestre, Ferrari e Red Bull parecem finalmente oferecer carros mais competitivos a seus pilotos. As duas vitórias consecutivas de Charles Leclerc, na Bélgica e na Itália, são alvo de alta expectativa, tal qual um renovado motor Honda instalado no chassi de Max Verstappen. O que dá liga a essa ansiedade é o fato que os 5.063 metros do traçado local formam o circuito mais exigente do ano em termos de desgaste dos freios: a cada volta os pilotos passam um quarto do tempo acionando os freios.
De acordo com a Brembo, fabricante que equipa a maioria dos dez chassis usados na categoria, nenhum dos demais 20 circuitos exige tanto, situação que já foi atenuada em 2009, um ano após a primeira edição do GP, em 2013 e em 2015, quando o desenho das curvas 11, 12 e 13 foram ligeiramente atenuados.
As tampas de bueiros e as faixas que coordenam o tráfego diário de veículos no dia-a-dia de Cingapura também diminuem significativamente a aderência ao asfalto local; além disso, uma sucessão de retas curtas e curvas de 90 graus impedem a melhor refrigeração dos discos de freios construídos em carbono.
Para ilustrar melhor as fortes reduções às quais os pilotos e carros são submetidos a cada volta basta citar a aproximação à curva 7, que contorna o parque dedicado às vítimas da II Guerra Mundial. Ali um monoposto chega ao ponto de freada a cerca de 335 km/h e 118 metros adiante está andando 128 km/h. Isso é pouco mais de um terço da velocidade inicial, consequência de 144 kg aplicados ao pedal do freio e uma desaceleração equivalente a 5.4 a força da gravidade. Outros dois pontos do circuito também caracterizam situações críticas nesse quesito.
As demais etapas do campeonato - Abu Dhabi, Baku, Budapest e Mônaco - exigem que o pedal de freio seja acionado 11 vezes por volta: em Cingapura esse índice sobe para 15. Em termos de tempo isso quer dizer 24 segundos por volta ou 25% do tempo, praticamente o dobro em relação a uma pista como Monza, onde a F1 se apresentou há dois domingos e que é 730 metros mais longa. Em termos de velocidade média, o autódromo de Milão permite que os carros trafeguem em velocidade de 243,930 km/h (média registrada por Charles Leclerc) contra 166,577 do valor registrado por Lewis Hamilton, ganhador em Cingapura 2018.
Mas não são apenas curvas de quarteirão, bueiros e faixas pintadas no asfalto que determinam essa velocidade média. Com raras áreas de escape, guard-rails próximos à pista e muitas curvas cegas devido às barreiras de proteção, os toques entre carros são mais que esperados e em uma temporada marcada por disputas cada vez mais intensas entre nomes consagrados, em vias e em busca da consagração, este ano eles serão inevitáveis.
Tal cenário vai ajudar sobremaneira a definir a formação de equipes para 2020, o que afeta diretamente Romain Grosjean, Kevin Magnussen e Alexander Albon, para mencionar três nomes em situações diferentes. Grosjean parece destinado a ser desligado da Haas, consequência da alternância irregular de muitos acidentes e poucos bons resultados; Magnussen, da mesma equipe, está em situação de alto risco pelo envolvimento em situações de risco, muitas delas desnecessárias. Num cenário otimista, Albon torce que o rendimento surpreendente que demonstra em sua primeira temporada na categoria o confirme para continuar ao lado de Max Verstappen.
Os horários para os treinos e corridas para o GP de Cingapura são os seguintes, sempre pelo horário de Brasília: sexta-feira, treino Livre 1: das 05h30 às 07h00; Treino Livre 2: das 09h30 às 11h00. Sábado, treino Livre 3: das 07h00 às 08h00; classificação: das 10h00 às 11h00. Domingo: largada às 09h10.