publicidade
23/11/2021 16:23

Liderança da Fórmula 1 já mudou cinco vezes este ano

Escrito por Wagner Gonzalez
Jornalista especializado em automobilismo de competição

Foto: Red Bull

Verstappen (E) e Hamilton celebram no Catar, onde Alonso foi terceiro


Poucas temporadas da Fórmula 1 foram tão exuberantes e emocionantes como a deste ano: a disputa entre o heptacampeão mundial Lewis Hamilton e o enfant terrible Max Verstappen ultrapassou vários limites, esquentou a guerra fria que caracteriza os bastidores da categoria e ainda há mais por vir. Desde o início da temporada os dois já se alternaram cinco vezes na liderança do campeonato e, após 20 das 22 etapas do calendário 2021, o holandês segue à frente com 351,5 pontos, oito a mais que o inglês. As duas vitórias consecutivas de Hamilton nos GPs de São Paulo e Catar deixaram claro que nem ele nem a equipe Mercedes desistiram da luta.

Essa disputa vai muito além da habilidade de ambos os pilotos: fora da pista os responsáveis pelas equipes de Verstappen (Christian Horner) e Hamilton (Toto Wolff) não perdem oportunidade para emitir declarações e cometer alguns atos que visam, acima de tudo, desestabilizar a equipe adversária. Se poucas vezes se viu uma disputa tão renhida entre pilotos nos mais de 70 anos de F1, menos ainda dois chefes de equipe digladiaram com tanta intensidade.

Com três vitórias e segundo lugar nas quatro primeiras provas, Hamilton chegou a abrir 14 pontos de vantagem sobre Verstappen (94 pontos x 80). Na corrida seguinte, em Mônaco, o holandês venceu e assumiu a liderança da temporada pela primeira vez (185 x 177), mantendo-se nessa posição até o conturbado GP da Grã-Bretanha, quando bateu forte a ponto de ter sido levado ao hospital de Nottingham para exames mais complexos.

Na Hungria Hamilton foi segundo e acumulou 195 pontos, oito a mais que seu rival e manteve a liderança até a Bélgica (202,5 x 199,5), mas o triunfo ao vencer o GP que marcou a volta de Zandvoort ao calendário da F1 inverteu a situação mais uma vez (224,5 x 221,5). Por mais duas etapas Hamilton liderou (246,5 x 244,5 na Rússia). Na Turquia, 16ª etapa do ano, aconteceu a mais recente troca de posições e agora a diferença a favor do piloto da Red Bull é de quatro pontos sobre o inglês: 351,5 x 243,5 pontos.

Desde o início do ano Christian Horner e Walter Wolff se engalfinharam em vários episódios, alguns surreais, outros meramente provocativos e dois deles ilustram bem essa tertúlia milionária. Em Silverstone, por exemplo, a transmissão de TV exibiu uma mensagem de voz de Wolff ao diretor de prova Michael Masi na qual o austríaco avisava ao australiano que havia mandado um email onde contava sua visão sobre o acidente entre Lewis Hamilton e Max Verstappen. No início da segunda volta o inglês tocou no carro do holandês, que saiu da pista e bateu forte contra as barreiras de proteção. Não deixa de ser hilário esperar que Michael Masi fique acompanhando sua caixa de e-mails durante o desenrolar de um GP, particularmente em um momento em que um piloto era levado ao hospital.

No segundo, Christian Horner não poupou críticas a um fiscal de pista que acionou a bandeira amarela quando Verstappen fazia sua derradeira tentativa para obter a pole position. Ao não ter diminuído o ritmo como exigia a situação, o holandês foi punido: em vez de largar ao lado do seu maior rival, foi punido com a perda de cinco posições e alinhou em sexto. Horner não se conformou e questionou a capacidade do fiscal de pista, fato que irritou Michael Masi, que saiu em defesa do bandeirinha. Um pedido de desculpas velado e a visita obrigatória ao próximo seminário anual de fiscais de pista da FIA atenuaram a punição do britânico.

Sem dúvida uma temporada que vai entrar para a história e que tem tudo para terminar com mais lances dramáticos.

Leia mais colunas do autor