Na Alemanha uma batalha por vagas
Último GP da Alemanha em Nürburgring aconteceu em 2013 e foi vencido por Sebastian Vettel
A temporada 2020 da Fórmula 1, tal qual o mundo inteiro, vive uma situação atípica, cortesia da pandemia do Covid-19. Quando tudo indicava que o público estaria de volta às arquibancadas e os organizadores do renascido GP da Turquia esperavam contar com 100 mil pessoas para a etapa marcada para o dia 15 de novembro, a corrida será realizada com portões fechados ao público. O motivo para tal é uma possível segunda onda da pandemia que levou a Liberty Media a se desdobrar para montar um calendário de 17 etapas em 11 países e evitar a falência de equipes, promotores e até mesmo da própria categoria. Essa mudança e as vagas ainda abertas para a temporada de 2021 serão assuntos do próximo fim de semana, quando Nürburgring recebe a F1 com a quarta identidade em sua história: além de Eifel (que dá nome à corrida de domingo) o clássico circuito alemão já foi palco dos GPs da Alemanha, Europa e Luxemburgo.
O moderno traçado de Nürburgring não é exatamente lembrado pelos fãs como um palco de disputas memoráveis. Muito pelo contrário, como o frio e a chuva sempre aparecem nesta época do ano nessa região, andar pelo paddock à caça de notícias é uma atividade saudável para queimar as calorias adquiridas pela boa e calórica gastronomia local. Quem encarar essa movida terá um vasto cardápio para escolher seus itinerário de investigação: o destino de Sérgio Pérez, a presença (e principalmente o futuro) de Mick Schumacher e Callum Ilott - ambos participam da primeira sessão de treinos livres, na sexta-feira, a indefinição sobre o que Toto Wolff vai fazer da vida em 2021, onde a Red Bull e a AlphaTauri encontrarão seus motores para 2022... a lista é apetitosa.
Ainda que oficialmente desempregado para o ano que vem, o piloto mexicano vive dias de poder e certa glória: focado em manter-se na categoria, ele confirma que vê boas chances de alcançar seu objetivo, cortesia do forte apoio de seus apoiadores pessoais e de sua pilotagem acima da média. A mais óbvia é assumir o comando de um dos carros da equipe Haas: ali há uma sinergia forte entre seus patrocinadores com interesses globais e, principalmente, no mercado dos EUA, o fato da equipe representar o automobilismo norte-americano e o desempenho errático dos seus dois pilotos, Kevin Magnussen e Romain Grosjean. Uma troca completa envolvendo Pérez e um piloto formado pela Academia de Pilotos Ferrari renovaria o ambiente e seria uma boa chance de Gunther Steiner mostrar algum resultado positivo. Nas últimas temporadas o italiano de Bolzano não se destacou por colocar a necessária ordem na casa mantida por Gene Haas.
Outra opção clara para Sérgio Pérez é a Alfa Romeo, onde há ao menos uma vaga em aberto, algo que tira o sono de Antonio Giovinazzi: há indícios da permanência de Kimi Räikkönen por mais uma temporada. Substituir Daniil Kvyat na AlphaTauri é possibilidade que ganhou protagonismo nos últimos dias. Se a vaga do russo era tida como destinada a Yuki Tsunoda, a decisão da Honda em anunciar sua retirada da F1 ao final de 2021 pode atrapalhar esses planos e garantir um bem-vindo reforço de caixa ao segundo time do Reino do Touro Vermelho.
O progresso de Mick Schumacher na fase final da temporada de Fórmula 2 relembra outras fases de sua carreira em categorias inferiores. A evolução do filho de Michael é patente, mas não deixa de ser curioso como seu carro reage melhor que o dos seus rivais nas largadas e aceleração. Independente disso, seu desembarque na F1 terá consequências positivas, efeito que vai se prolongar em função dos resultados que ele demonstrará nas primeiras etapas da próxima temporada. No que diz respeito a Callum Ilott, vejo sua chegada à F1 com algumas reservas: apesar de rápido, ele alterna boas corridas com resultados abaixo do esperado em uma frequência que não condiz com sua condição de grande promessa.
Sem necessidade de provar nada a ninguém, Toto Wolff segue aumentando suas apostas em uma mesa de pôquer onde também estão sentados o futuro da Mercedes na F1, sua possível transferência para a Racing Point / Aston Martin e a definição dos futuros clientes da casa alemã no que diz respeito ao fornecimento de motores. A nova interrupção do programa da Honda e a ausência de clientes da Renault são outras mãos segurando cartas do mesmo baralho.