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24/08/2022 08:00

No retorno da Fórmula 1, Williams congela projeto e sugere mudanças

Escrito por Wagner Gonzalez
Jornalista especializado em automobilismo de competição

Jost Capito reacende disputa sobre a relação entre equipes grandes e pequenas (Williams)


Após a interrupção, agora tradicional, das férias de verão, a Fórmula 1 reinicia sua temporada com a disputa do GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps, no fim de semana.  Enquanto a Red Bull trabalha para manter a supremacia atual, a Ferrari luta para se recuperar de erros catastróficos e a Mercedes não esmorece em busca de tornar seu carro competitivo.

A Williams, 10ª colocada entre os 10 construtores que disputam a categoria, anunciou que o desenvolvimento do modelo FW44 usado por Alex Albon e Nicolas Latifi foi interrompido. Essa inequívoca demonstração da pouca competitividade do modelo veio acompanhada de outra declaração contundente por parte de Jost Capito, o líder da operação.

“Você tem que enxergar o que não se sabe claramente: até onde vai a relação entre a Haas e a Ferrari. Eles trabalham em um escritório localizado dentro da Ferrari e tem engenheiros da Ferrari trabalhando em seus carros. Se a FIA diz que isso está certo, então tudo bem, isso deve estar certo”.

A crítica vem do fato de que as três grandes equipes têm ligações fortes com equipes menores: a Red Bull tem a AlphaTauri, a Mercedes tem a Aston Martin e a Ferrari conta com a Haas e também com a Alfa Romeo-Sauber. Alpine, McLaren e Williams formam um grupo à parte, no qual as duas primeiras contam com muito mais recursos técnicos e financeiros que a última. Em termos práticos isso limita a capacidade do time em corrigir a performance medíocre do modelo FW44, conforme Capito explicou ao site Planet F1.

“Nós aprendemos muito com o carro deste ano, mas o foco vai cada vez mais para o modelo de 2023 porque nós não temos a mesma capacidade que as grandes equipes. Nesta temporada uma equipe B ligada a uma equipe A tem uma grande vantagem em projetar um carro inteiramente novo”.

O tema levantado por Capito alimenta a fogueira em torno da possibilidade de que os grandes construtores vendam seus carros para equipes menores, algo que já foi comum no passado. O GP da Grã-Bretanha de 1968, por exemplo, foi vencido pelo suíço Jo Siffert ao volante de um Lotus 49 inscrito pelo Team Walker, equipe escocesa liderada por Rob Walker. Foi a última vez que uma equipe particular venceu uma etapa do Mundial de F1.

O regulamento atual da F1 impõe a necessidade de a equipe usar um modelo próprio. Nada impede, porém, que um time desenhe o carro e contrate uma outra empresa para construir o chassi e outras peças e sistemas do monoposto. A Haas, por exemplo, compra o conjunto unidade de potência-transmissão da Ferrari e deixa a construção do chassi a cargo da Dallara. Para além da observação de Capito sobre o que isso afeta o equilíbrio de forças do ecossistema da categoria, o tema impõe outra reflexão: seria uma forma de forçar o sistema a induzir a Renault a adotar a Williams como sua equipe B?

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