Quando os números mentem
Uma análise similar ao que se vê cada vez mais nas transmissões esportivas parece não ter tanto valor na Fórmula 1. Esmiuçar a quilometragem percorrida pelas 10 equipes que disputam a F1 revela situações curiosas após a disputa de 15 das 23 etapas programadas para este ano. Tanto a Mercedes, que lidera o Campeonato de Construtores com 397,5 pontos, quanto a vice-líder Red Bull-Honda, que tem 33 pontos a menos, estão atrás de pelo menos cinco equipes no que diz respeito a aquelas que completaram o maior número de voltas.
Com relação aos pilotos, Lewis Hamilton aparece em quinto e Max Verstappen é apenas o 12º entre 21 nomes que ocuparam uma vaga no grid de 2021. Por mais que confiabilidade e resistência sejam importantes, há outros valores que devem ser levados em consideração quando se luta pelos principais títulos do automobilismo mundial.
Tome por exemplo Carlos Sainz, que terminou o surpreendente GP da Rússia em terceiro lugar: o espanhol da Ferrari completou até agora 874 das 876 voltas equivalentes ao total das 15 provas já realizadas. Na classificação de pilotos, porém, ele aparece em quinto lugar, com 120 pontos, menos da metade de Lewis Hamilton (246,5 pontos e 848 voltas) e Max Verstappen (244,5 e 790, respectivamente). Situação ainda mais contundente é a de Daniel Ricciardo: o australiano da McLaren-Mercedes soma 872 e apenas 95 pontos, equivalente a 38,5% do montante que coloca Hamilton como atual líder da temporada. Pior situação entre os que já pontuaram é a ocupada por Antonio Giovinazzi, terceiro entre os completaram o maior número de voltas: em soma 863 giros e tem apenas um ponto.
McLaren e Alfa Romeo-Ferrari aumentariam o faturamento se o espaço nas carenagens dos seus carros fosse vendido por quilometro percorrido: somadas as voltas de Daniel Ricciardo e Lando Norris, o time liderado por Zak Brown percorreu 99,5% da distância total (1675 sobre 1752 voltas possíveis) e a escuderia comandada por Frédéric Vasseur 98,5% (1665 sobre 1752). Os índices de confiabilidade da Red Bull (91,8% e 1594 voltas) e da Mercedes (96,8% e 1.572 voltas) colocam os dois protagonistas da temporada em sétimo e nono lugares respectivamente, considerando a classificação quilometragem percorrida.
O que se pode concluir é a que resistência e confiabilidade na F1 atual são parâmetros menos relevantes do que os resultados finais. A consequência mais importante da vitória é a participação na distribuição dos lucros. O faturamento da categoria decorrente de direitos de TV, publicidade nos autódromos e taxas cobradas dos promotores de cada país é dividido proporcionalmente à classificação das equipes ao final da temporada.
Autódromo no Vale do Paraíba – Um grupo de empresários lança oficialmente no próximo domingo o projeto de um novo autódromo a ser construído no município de Tremembé, no Vale do Paraíba e ao lado de Taubaté (SP). A proposta inclui um traçado de 3.300 metros e cerca de 100 lotes de 2.000 m² que serão destinados a equipes e proprietários de automóveis esportivos. A compra desses terrenos dará direito ao uso da pista que, inicialmente, não deverá ser explorada em competições. O empreendimento está situado próximo ao Race Valley, pista de arrancadas, mas não tem ligação com esse local. O início das obras está previsto para dezembro.