Sochi: Rosberg sonha, Hamilton desperta, Vettel tem pesadelo
Aproveitamento total no fim de semana — pole position, vitória e volta mais rápida: Nico Rosberg fez barba, cabelo e bigode em Sochi e fez Lewis Hamilton ocupar o segundo lugar do pódio com a cara de quem não gostou do estilo. Expressão pior que a do inglês só mesmo a de Sebastian Vettel, que sequer completou a primeira volta, cortesia de seu mais novo algoz, o russo Daniil Kvyat. Em terceiro ficou Kimi Räikkönen, com a mesma cara conhecida e imutável de sempre… Continuidade que Rosberg adota de forma cada vez mais clara: o GP da Rússia de 2016 foi a quarta vitória deste ano e sétima consecutiva.
Pouco a pouco o campeonato ganha feições que se tornarão cada vez mais nítidas nas 17 provas que ainda restam na atual temporada: Nico Rosberg está em excelente forma física, mental e astral, a equipe Mercedes continua “lichtjahre” (*) à frente dos seus rivais de todas as cores, credos e carros, e a Ferrari continua sem que seu negro alazão rampante brilhe com qualquer luz de fim do túnel, por mínima que seja. Pouco mais atrás, Williams e Red Bull seguem engalfinhando-se pelo terceiro lugar entre os construtores. Mais para trás, a Haas continua se destacando unicamente pelo trabalho de Romain Grosjean, enquanto McLaren e Renault reluziram graças aos infortúnios da manada de touros. Os de raça inglesa foram vítimas do furor de Kvyat: enquanto ele foi punido com um stop and go de 10” por ter batido em Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo, por tabela, acabou atingido pelo Ferrari do alemão e a partir daí seu carro nunca mais foi o mesmo.
(*) Licht = luz, jahre = anos, lichtjahre = anos-luz…
Já os bovinos alados de sangue italiano brilharam mais, ainda que tenham acabado no ostracismo: Max Verstappen andou algum tempo em segundo lugar e, quando as posições se consolidaram após a janela de pit stops, o holandês parecia ter garantido um sexto lugar. Problemas com a unidade de potência, eufemismo ferrarista para motor quebrado, forçaram seu abandono. Sainz teve um dia ainda pior: destroços das batidas na primeira volta afetaram a aerodinâmica do seu carro e ele ainda foi punido com stop and go de 10“ por uma, digamos, mal compreendida disputa de posição com Fernando Alonso.
Punições aliás, foram aplicadas, ou esquecidas, em vários pesos e medidas. Na primeira volta Hamilton, que largou em décimo, ganhou cinco posições ao cortar a curva um e nada aconteceu. Já Felipe Nasr ganhou uma posição não pontuável na segunda metade da prova e foi obrigado a uma parada de dez segundos. Junto com os touros, o abandono de Nico Hulkenberg — também na primeira volta reduzindo a energia da Force India em 50% — e essas desistências abriram espaço para que os dez primeiros lugares tivessem presenças como Fernando Alonso, Kevin Magnussen e Jenson Button. O espanhol terminou em um surpreendente sexto lugar e o inglês em décimo, enquanto o dinamarquês marcou os primeiros pontos da nova Renault ao receber a bandeirada em sétimo.
Esses resultados servem de tema para analisar as próximas corridas que compõem o calendário: Espanha, dia 15, e Mônaco, dia 29. A primeira acontece em Barcelona, com boas retas e espaço para a potência do motor determinar que é mais forte, enquanto Monte Carlo, por sua vez, privilegia chassis bem acertados e pilotos frios e calculistas. Por essas razões pode-se esperar que Alonso e Button voltem a pontuar, particularmente em Mônaco, mas não se pode dizer o mesmo da Renault em nenhum caso. A conferir.
Brasileiros – Felipe Massa voltou a pontuar e, embora terminando em quinto lugar depois de largar em quarto, demonstrou que a Williams conseguiu reverter o quadro das três primeiras corridas. Como os adversários Red Bull foram prejudicados pelo problema causado por Daniil Kvyat, não se pode dizer que os ingleses de Grove anularam a diferença sentida face ao time liderado por Christian Horner, ainda que Valteri Bottas tenha dividido a primeira fila com Nico Rosberg. Cá está, nesta batalha, outro excelente assunto para alimentar debates e tertúlias até que, finalmente, comece a primeira parte da temporada europeia.
Brasileiros seguem brilhando nos protótipos – Se as vitórias na F1 são lembranças cada vez mais distantes, nas provas de resistência dos dois lados do Atlântico os brasileiros continuam se destacando bastante. Após as vitórias de Pipo Derani em Daytona e Sebring, Oswaldo “Ozz” Negri conquistou a quarta etapa do WeatherTech Sport Car Championship, o torneio mais importante da categoria na América do Norte e onde Christian Fittipaldi é o vice-líder. A etapa do último fim de semana foi disputada no tradicional circuito de Laguna Seca, na Califórnia, e onde Negri levou seu Ligier JS P2 Honda à vitória em dupla com John Pew.
O campeonato, organizado e promovido pela IMSA, reúne protótipos construídos segundo as regras do WEC (Campeonato Mundial de Resistência) e padrões norte-americanos e envolvem marcas como Corvette, Ford, Honda e Mazda, além de GTs de várias marcas que correm em categorias diferentes e campeonatos paralelos. As próximas competições serão no próximo fim de semana, Bélgica (6 Horas de Spa, WEC) e 4 de junho (Belle Isle, Detroit, IMSA).