O kartismo é, tradicionalmente, uma modalidade do automobilismo na qual se utilizam motores de dois tempos de ciclo, com 100, 125 ou 135 cilindradas. Motores reconhecidamente rápidos que fizeram o começo da história de todos os grandes ídolos do esporte. Esses motores garantem uma impressionante relação peso-potência ao kart, mas apresentam custos de manutenção consideravelmente altos. Os mais populares – de 125 cilindradas – trabalham em regimes altíssimos, já limitado na Europa em 16.500 rpm. E as quebras acompanham todo esse potencial. Por isso a motorização dos karts está mudando nos últimos anos.
São várias fábricas trabalhando em motores de quatro tempos e 250 cilindradas que nada têm a ver com os conhecidos motores de karts de aluguel. Com grande tecnologia embarcada, esses motores já geram potência parecida com a dos velhos dois tempos – mas abrem vantagem quando o assunto é a relação custo-benefício. No Brasil, por exemplo, o grande exemplo disso são os chamados motores Biland – primeira geração de propulsores da fabricante suíça Swissauto.
O sucesso desses motores vem ganhando espaço considerável na Europa – e principalmente na Itália, que é o berço do kartismo mundial. No início da temporada, a confederação de automobilismo italiana integrou uma categoria de motores quatro tempos à sua principal competição: o International Open Masters – para testes com esse tipo de motorização.
"Na Bélgica existe um campeonato que utiliza apenas motores da Swissauto com mais de 110 pilotos. Ao todo já temos cinco fábricas desse tipo de motor na Europa, que já estão em competições multimarcas”, salienta Paulo Breim. "Essa é a grande prova de que os motores quatro tempos são o futuro do kartismo mundial. Eles têm manutenção barata e índices de ruído muito baixos”, lembra Paulo Breim sobre outro problema dos velhos motores dois tempos – que, em algumas pistas, por exemplo, só podem funcionar em determinadas épocas do ano por conta da poluição sonora.
No Brasil a Biland Motorsport utiliza o primeiro modelo da Swissauto em suas principais competições: a Copa Biland Motorsport em São Paulo e a Rio Biland de Kart, no Rio de Janeiro. Mas seus promotores já começaram o processo de importação das novas unidades produzidas na fábrica agora sediada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Trata-se do SwissAuto 250, um motor quatro tempos desenvolvido especificamente para o kart. Por conta dessa construção, nos primeiros testes no Brasil ele já conseguiu tempos melhores que os dois tempos em algumas pistas.
"Trouxemos duas unidades desse motor no início do ano para testes. Colocamos pilotos renomados do kartismo nacional para testar e o motor foi unanimidade. É um verdadeiro motor de kart, mas sem os vários problemas dos 125 cilindradas”, ressalta Paulo Breim.
O Brasil, por sinal, é o maior vencedor nas competições mundiais com esse tipo de motor. Em seis edições do International Kart GP – o encontro mundial da Biland – o Brasil venceu quatro: em 2002 com André Sousa, 2004 com André Nicastro, 2005 com João Gonçalves e 2008 com Alberto Cattucci – esta última realizada na cidade de Guaratinguetá, no interior de São Paulo.
Motor de carro – Projetados para equiparem carros de passeio de pequeno porte, os motores Biland foram logo adaptados ao kart e nele fizeram sucesso. Chegaram no Brasil em 2002 por intermédio do piloto de Stock Car Nonô Figueiredo, e passaram posteriormente para o comando de Paulo Breim e Andréia Octaviano, que hoje chefiam a Biland Motorsports.
"Por ser uma tecnologia nova no kart, esses motores ainda têm um custo alto para a compra. Ainda são muito utilizados ao redor do mundo em competições monomarca, como as que fazemos no Brasil”, conta Paulo Breim. "O grande trunfo, não só da Biland, mas de todos esses motores quatro tempos é o custo de manutenção, que é baixíssimo. Você pode passar um ano todo sem precisar abrir o motor para trocar peças”, destaca o promotor.