Assim como no balanço da fase anterior, começamos este com constatações: 1) o Brasileiro de Curitiba foi muito bom, enorme sucesso, ainda mais se compararmos ao de Goiânia; 2) bastaram duas semanas para que a CNK desse a volta por cima.
Desta vez – felizmente para todos – temos pouco a escrever. Porque será que só se escreve muito quando os fatos são ruins? Talvez porque em campeonatos desta magnitude o mínimo que se espera são acertos e quando os acertos acontecem, pouco se fala. O que talvez seja um erro de quem escreve: também os acertos devem ser lembrados.
Todos sabem o quanto foi horrível o Brasileiro de Goiânia e do quanto se falou e reclamou – nós da imprensa através dos sites e pilotos, pais e chefes de equipe em rodas de bate-papo. Desta vez, porém, há o que se falar de forma negativa, sim, porque não existem corridas perfeitas, mas são coisas pequenas em um todo positivo. Se para cada piloto há sempre alguma coisa errada em algum momento para comentar quanto a sua performance ou seu equipamento, imaginem todos nós, que pensamos na qualidade de um evento, onde os organizadores têm tanto com que se preocupar para fazê-lo 100%?
A CBA e a CNK saíram de Goiânia com uma grande pressão sobre suas cabeças e sabiam que, mais do que nunca, teriam que fazer um belo evento em Curitiba. A Federação Paranaense de Automobilismo e o Raceland sabiam que teriam compromisso duplo, depois do fracasso da FAUGO e de seu presidente Ney Lins: fazer um ótimo evento e ao mesmo tempo tirar da cabeça dos kartistas o malfadado Brasileiro de Goiânia. Por falar em presidente, Rubens Gatti também tinha duplo compromisso, já que é o presidente da CNK e da FPrA. E o que falar dos Comissários Desportivos, que cometeram erros em Goiânia? E do Diretor de Prova, que além de erros, havia sido “pouco educado” em alguns momentos?
Pois bem, duas semanas depois basicamente as mesmas pessoas, com apenas dois acréscimos, de Felipe Giaffone e Fernando Deimomi na função de Comissários Desportivos, e a troca para o Raceland, um kartódromo muito bem estruturado – no mínimo entre os dois melhores do Brasil – fez do Brasileiro um sucesso.
Cerca de 150 pilotos foram até Curitiba e viram tudo acontecer de uma forma muito tranquila. Erros aconteceram, como no Parque Fechado, ainda na terça-feira, quando as lacrações foram realizadas com uma desorganização que poderia ter sido evitada. Sugerimos para Rubens Gatti que para as próximas competições a lacração comece já na segunda, para quem já estiver na pista, e a partir de terça siga uma programação específica, de horários para cada categoria.
Vimos também alguns atrasos. Na terça até mesmo em razão da lacração no Parque Fechado. E no sábado, quando o Brasileiro terminou durante a noite. Os acidentes na final da Sênior A e Graduados A – causados em grande parte por vacilo dos pilotos – contribuíram bastante para que a programação atrasasse e cada bateria, disputada por voltas, também foi aumentando o atraso, uma vez que a chuva faz com que o tempo de cada volta aumente bastante. Em um somatório de diversas provas, o grande atraso aconteceu. E era inevitável.
Foi, basicamente, o que se viu de errado. É possível que outras pessoas possam reclamar de outras coisas, mas provavelmente terão sido erros pequenos, comuns e inevitáveis. É possível agora afirmar que a CNK, Comissários Desportivos e o Diretor de Prova, Luiz Bernardo Mann, deram sim a volta por cima, com muita categoria e com a ajuda da FPrA e do Kartódromo Raceland, federação e kartódromo bem comandados.
Emoções – Como diria Roberto Carlos, foram muitas as emoções, que começaram ao vermos a Parakart competindo. A categoria é composta por pilotos que têm alguma deficiência física (surdez, paralisia advinda das mais diversas razões, como acidentes ou assaltos, etc) e foi emocionante vê-los chegar em grupo, esquecendo, na medida do possível, seus problemas e prontos para dar seu show particular, de perseverança. Campeão não foi apenas Edison Honório, campeão foram e são todos os pilotos desta categoria, frase que, apesar de parecer clichê, retrata a mais pura verdade.
A emoção seguinte foi ver Renato Russo garantir seu sétimo título brasileiro e tornar-se o maior vencedor da história dos Campeonatos Brasileiros, em 44 anos de disputas, superando outro grande campeão, Paulo Carcasci, cujo recorde perdurava há anos. Russo foi campeão pela primeira vez em 1981, há 28 anos, o que prova mais uma vez que talento somado a experiência sempre dá resultados positivos. Renato Russo conquistou seu segundo título 14 anos após o primeiro, em 1995, e daí em diante foi somando outros (1996, 2002, 2004, 2006 e 2009). A garra com que disputou as provas e a força com que vibrou foram igualmente emocionantes. Para a imprensa, a emoção maior talvez tenha sido recebê-lo na Sala de Imprensa, com os merecidos aplausos, ofertados em pé. Ele merecia.
Sérgio Jimenez, outro nome valoroso do kartismo brasileiro, também tentou o hepta, mas não conseguiu. Mas ele certamente alcançará seu objetivo futuramente.
E a última emoção ficou por conta da conquista de Jonathan Louis na Graduados B. Favorito ao lado de Felipe Fraga e Pietro Fantin, Louis travou belos duelos com seus dois principais concorrentes durante todo o Brasileiro. Na última e decisiva prova, ele e Fraga rodaram juntos, na mesma curva. Fraga foi atingido após a rodada e teve que abandonar com o eixo empenado. Louis caiu para algo próximo da 15ª posição e veio fazendo voltas mágicas, algumas cerca de 3 segundos mais rápida que as dos líderes, em uma pista molhada e iluminada artificialmente. No início da última volta ele fez a última ultrapassagem, a que lhe daria a vitória e o título, por anos perseguido. Ver seu abraço emocionado em sua equipe, seu pai e sua mãe e depois acompanhar sua entrevista, chorando, igualmente emocionou a todos na Sala de Imprensa.
Final – Bem, nossa felicidade maior é poder, apenas duas semanas depois, chegar a este balanço positivo. E tudo se resume a esta frase. É isso. Parabéns a todos, CNK, organizadores, Comissários Desportivos, Diretor de Prova, equipes e pilotos.
Kart Gaúcho/ Revista Karting News - Erno Drehmer