Cancelados os treinos do segundo dia do Brasileiro. E a política venceu o esporte mais uma vez

É necessário começar esta nota explicando que chegamos no Kartódromo do Eusébio cedo, em torno de 7:30 da manhã. E o que vi me deixou chocado, pois todos esperávamos que os reparos na pista tivessem sido feitos e que hoje os treinos – ontem cancelados em razão da deterioração do asfalto – fossem continuados.

A triste constatação é que não, não haviam sido terminados e em várias partes o cimento ainda estava molhado. O desfecho óbvio era o cancelamento das atividades de hoje, quarta-feira, segundo dia deste 2ª fase do Brasileiro.

Esta introdução é para explicar que a irritação daquele momento não me permitiria escrever com serenidade e que, por isso, só agora estamos contando o que está acontecendo por aqui.

Podemos utilizar várias expressões ouvidas pelos boxes, como “lamentável”, “a vaca foi pro brejo”, “tragédia anunciada” e muitas outras. E todas são perfeitamente aplicáveis.

É perfeitamente aceitável escutar e aceitar o argumento de que o kartismo de outras regiões, especificamente de Minas Gerais para cima, deva ser incentivado a crescer e um Brasileiro é uma ocasião perfeita para isso. E o kartismo cearense merece isto, simplesmente por que é também kartismo.

Mas o Brasileiro aqui no Ceará não tem como base apenas isso, tem outra base, aquela sobre a qual sempre nos posicionamos terminantemente contra e aquela que foi majoritária na vinda do evento para o Kartódromo do Eusébio. Falo da política e quando ela interfere no esporte o derrotado é EXATAMENTE o esporte. “Punto e basta”, como diria um personagem de novela.

Ainda não podemos falar em derrota imediata, porque mais reparos serão feitos durante o dia (e incluem lixamento e polimento do cimento colocado) e a programação deve seguir amanhã. Porém, se amanhã não funcionar já se pode afirmar com total certeza que a 2ª fase do Brasileiro será disputada apenas em 2014, ou seja, haverá o cancelamento puro e simples do evento aqui no Ceará!!!

Mas pode-se, sim falar da derrota do esporte em favor da política. E repito, o Brasileiro veio para o Ceará exclusivamente por razões políticas. E aí, perdemos. Perdemos todos, porque hoje estão todos posando com nariz de palhaço, porque a frase citada no início do texto – “tragédia anunciada” – é verdadeira.

No Espírito Santo, ainda na 1ª fase, TODOS já sabiam que isto aconteceria, pois havíamos visto fotos e vídeos do asfalto se soltando quando se cavava com o pé. O clube é culpado? Sim, por ter feito a escolha errada da empresa que fez o serviço de recapeamento, que não o fez direito. Talvez saiba fazer asfalto para rua, mas não para um kartódromo. O resultado está aí, com tentativas e mais tentativas – até aqui infrutíferas – de resolver o problema.

Muitos sugeriram à CBA, ainda lá em Serra, que mudasse a praça da 2ª fase para o Espírito Santo, ou seja, todos permaneceriam por lá, já com suas estruturas montadas e sem que os custos aumentassem. Mais uma vez a política venceu e o Brasileiro foi mantido no Ceará, mesmo que “o mundo caia sobre a CBA”.

Minha conclusão de tudo isso termina em dois culpados. A primeira é a CBA – e não, o culpado não é o Sr. Rubens Gatti e nem os Comissários Desportivos –, que determina por várias vezes que um Brasileiro seja realizado em um kartódromo sem condições, neste caso de asfalto, porque da estrutura não se pode tecer comentários ainda. Cabe dizer que até aqui o “extra-pista” corre bem, um elogio aos dirigentes do clube, que certamente estão com a cabeça virada do avesso, pois,é claro, não criaram esta situação de maneira proposital. Então, a CBA, que determina a seu bel prazer e atendendo vontades políticas a realização de um Brasileiro em um lugar onde certamente já sabia que problemas aconteceriam, É CULPADA, SIM.

A segunda parte culpada reúne um grupo seleto, aquele que paga a conta – e alguns dirigentes não gostam de ler ou escutar – aquele que é o verdadeiro dono do espetáculo. A CBA tem, a meu ver, apenas uma “procuração” deste grupo para fazer o automobilismo andar. Falo do grupo que reúne pilotos e seus pais.

E porque este grupo é culpado? Porque aceita tudo o que é determinado. Voltamos no tempo e falamos de Goiânia 2009, até então o maior fiasco em termos de Brasileiro no período em que trabalho no kartismo. Naquele evento a tragédia também era anunciada, mas mesmo assim todos foram lá. E depois reclamaram e espernearam, exatamente como está acontecendo aqui.

São os pais e os pilotos que têm o poder, mas eles ainda não sabem. Ou melhor, sabem sim, porque já falamos sobre isso “trocentas” vezes. Mas não usam. Aqui não há mais o que fazer, a não ser torcer mais um pouco para que amanhã tudo fique a contento dentro da pista e possamos continuar o Brasileiro.

Mas, depois disso, analisem várias vezes os acontecimentos, as notícias, as informações que são passadas por todos – via internet, boca a boca, etc – e concluam que se a pista não oferecer condições não viajem, não gastem e não participem. Assim não haverá do que reclamar. E unam-se muito, mas muito mesmo, porque sempre terá aqueles pilotos ou pais que vão querer ser campeões brasileiros (??) mesmo com três karts na pista.

Resta agora torcer para que consiga-se uma corda bem forte para podermos tirar a vaca do brejo aqui no Kartódromo do Eusébio. E lamentar que o maior evento do kartismo nacional seja tratado desta forma.

Veja mais fotos na Gelaria de Fotos do Kart Motor.