Se antes escrevemos um artigo com o título “Nem tudo que reluz é ouro”, quando nos referimos ao Open do Brasileiro no Beto Carrero, hoje o título da avaliação da 1ª fase do nacional certamente pode ser “Da água para o vinho”. Pois foi exatamente esta transformação que vimos no Kartódromo Beto Carrero no intervalo entre o Open e o Brasileiro, operada pelos administradores do complexo e pela Comissão Nacional de Kart, comandada por Rubens Gatti.
Sempre é bom salientar que, efetivamente, NÃO EXISTE evento 100% perfeito, nem na Fórmula 1, que sempre tem seus erros varridos para baixo do tapete de uma forma muito discreta. E se o Open esteve longe dos 100%, a 1ª fase do Brasileiro ficou muito próxima.
Pode-se dizer que praticamente tudo correu de uma forma perfeita. Os itens reclamados em nossa matéria foram atendidos e melhorados, dentro e fora da pista. Muitos Comissários Desportivos atuaram dentro da pista, em um número nunca visto em Brasileiros. E muitas punições foram aplicadas, técnica e desportivamente, apesar de que apenas uma bandeira preta foi apresentada na pista. Alguns foram desclassificados da tomada de tempos e corridas por irregularidades técnicas e outros sofreram punições por atitudes antidesportivas, quase sempre com o acréscimo de tempo na cronometragem.
Alguns poderão dizer: “eles não puniram fulano ou sicrano, que bateu no meu filho, no meu piloto”. Fato. Eu mesmo vi algumas atitudes não punidas, mas muitas que foram punidas eu não vi. Ou seja, é difícil ver tudo. Mas cabe uma sugestão à CNK para a fase de Cascavel na próxima semana: divida a pista em setores e cada Comissário Desportivo olhe para seu setor apenas – e assim verão todas as disputas – e não para a pista toda, porque as más atitudes acontecem em toda a pista e não apenas no primeiro pelotão. É natural que a briga pela ponta, ainda mais quando envolve vários pilotos, atraia todas as atenções. Notem bem, não é uma crítica ao trabalho dos Comissários, a quem fui parabenizar no final do evento. É uma sugestão, que busca um kartismo ainda melhor, nosso objetivo primordial.
Outra sugestão, que talvez não possa ser aplicada de imediato para Cascavel, é levar à pista mais profissionais da área técnica. Luis Fernando Esmeraldo, Ricardo Bignotto e Nelsinho são ótimos, mas agora, com a nova regra que prevê vistorias nos equipamentos até mesmo nos treinos, é necessário ter mais pessoas nesta área. De qualquer forma, enquanto acompanhamos os trabalhos de Parque Fechado – aí sim, temos um problema estrutural no Beto Carrero, já que os dois parques, de saída e de chegada, são distantes um do outro – tudo nos pareceu transcorrer em ordem, sem reclamações posteriores. Faltou um toldo ou uma barraca na área de manutenção durante os treinos e, quando chovia, os mecânicos se molhavam.
Fora da pista, quando se fala da estrutura, mesmo que não tenhamos visto ao vivo os problemas do Open, sabemos que tudo foi melhorado. Os banheiros masculinos estavam sempre limpos e a cada ida minha vi pessoas limpando. Em momento algum em nossas idas faltou papel para secar as mãos, por exemplo. O restaurante não recebeu reclamações, pelo contrário, foi ampliado em tamanho e em pessoal de atendimento. Além disso, era cobrado um preço bastante razoável pelo almoço, pelo que soubemos.
O estacionamento, alvo maior das reclamações, foi resolvido a contento, bastando apenas aplicar o regulamento. Um carro e um caminhão por piloto inscrito tinham acesso livre, os demais pagavam. Justo, justíssimo, regulamento escrito, regulamento aplicado.
Credenciamento e sala de imprensa, itens reclamados antes, funcionaram muito bem, comandados por Paulo da Mata e Luiz Aparecido, respectivamente. A sala de imprensa, item que de forma egoísta sempre abordamos, estava bem organizada, a internet caiu apenas uma vez, e tínhamos um ótimo atendimento. Nosso segurança, Nei, merece elogios em cachoeira. Educado, prestativo, atencioso, estávamos seguros e tranquilos.
Voltando à pista, horários foram rigorosamente cumpridos, sugestões foram humildemente aceitas pelos Comissários Desportivos – como, por exemplo, da Shifter, que pediu a diminuição do número de voltas em suas provas – e estes, sempre que necessário analisavam imagens que pilotos reclamantes ofereciam como prova. Mais do que isso, a CBA tinha uma equipe de filmagem e várias vezes seus Comissários delas se socorreram para aplicar ou não as punições.
A organização do Parque Fechado, no que diz respeito ao seu funcionamento no desenrolar da programação, também foi perfeita. Enquanto uma categoria corria, outra estava se aprontando em uma área específica e uma terceira já esperava que a segunda fosse liberada para entrar no Parque Fechado. Sincronia perfeita, como deve ser sempre, com lugares pré-determinados e bem separados.
A bandeira azul com o “x” vermelho, aquela que tira o retardatário da frente e o obriga a abandonar a prova, gerou dúvidas entre aqueles que foram ao briefing e não prestaram atenção. Sempre tem pilotos que não prestam atenção. “Vale só na Final ou em todas?”, perguntavam depois. Valia para todas as provas e o diretor de prova Bruno Barônio a aplicou muito bem, sempre, assim como competentemente fez todo seu trabalho. Em apenas um caso um piloto não a obedeceu de imediato, mas felizmente ele não atrapalhou ninguém.
A equipe médica, no início um pouco lenta, logo se achou. Atuou muito bem em todo o evento, mas foi traída pelo grande número de acidentes na Final da Júnior. De um lado Sérgio Sette Câmara bateu forte em uma área de certa forma desprotegida e de outro Yurik Carvalho “estampara” os pneus, também muito forte. Ao mesmo tempo, no meio da pista, três ou quatro karts e seus pilotos também mereciam atenção. Faltou gente? Não, a equipe médica estava em bom número em pessoas e ambulâncias e a Final da Júnior foi daqueles momentos únicos, em termos de qualidade técnica dos pilotos e de acidentes, em grande número e no mesmo momento. De resto, médicos, paramédicos, enfermeiros e pessoal de apoio sempre competentes e atenciosos.
E, claro, não podemos esquecer aqueles que são os donos do espetáculo, os pilotos. Foi muito raro termos uma corrida fria ou morna. Quase todas, desde a Mirim até a Super F4, foram extremamente disputadas, com qualidade. Foram shows e mais shows de competência, dos pilotos e de suas equipes. Pilotos consagrados no kartismo e pilotos iniciantes no esporte, tivemos vários enquadrados nos dois casos, mas com ambos os tipos vibramos de forma igual. Temos, sim, pilotos sensacionais. Parabéns, primeiro aos oito campeões, depois a todos os outros, que não foram campeões, mas que deram espetáculo digno de verdadeiros campeões.
Parabéns Rubens Gatti, Comissários Desportivos e Técnicos, Diretor de Prova e adjuntos, Kartódromo Beto Carrero e Alex Murad, filho do lendário Beto Carrero e diretor de todo o complexo; Salete Elger, sempre competente na condução da secretaria, junto com suas ajudantes; Felipe Giaffone, arrendatário do Kartódromo; Cronoelo, cronometragem oficial; e todos que trabalharam pelo sucesso do evento. E parabéns Alexandre Lagana, administrador do Kartódromo, aqui representando Giaffone, Murad e integrantes de diversos setores do Beto Carrero, por terem recebido as críticas de uma maneira serena e positiva. Assim como eles, e todos citados neste parágrafo, queremos um kartismo para os kartistas.
Alguns itens poderão ter sido esquecidos, mas certamente os atentos internautas os citarão em seus comentários.
Por fim, sempre que fazemos a avaliação de uma primeira fase, - seja ela positiva ou negativa – a responsabilidade fica para a fase seguinte, lógico. Em alguns casos é necessário melhorar o que foi visto na primeira fase, como em 2009 em Goiânia. Mas, felizmente ao contrário, Cascavel fica com a responsabilidade de repetir ou até mesmo superar o Beto Carrero. Boa sorte a seus dirigentes e organizadores, porque sabemos que competência que não faltará.