O Campeonato Brasileiro de Kart, que este ano terá sua 47ª edição, poderá ter um dos maiores grids de sua história, dedução lógica se analisarmos a quantidade de pilotos que participou dos “opens” para as duas fases, no Beto Carrero e em Cascavel, em junho.
Seguindo uma linha de crescimento em termos de participantes, é chegada a hora de o Brasileiro crescer também fora da pista. Temos tido boa organização nos últimos anos, mas vemos e/ou ficamos sabendo “a boca pequena” de campeões que, de alguma forma, burlaram o regulamento, seja ele técnico ou desportivo, e não foram descobertos ou vistos e simplesmente não foram punidos.
A área técnica, sempre muito bem comandada por Luis Fernando Esmeraldo e Ricardo Bignotto, recebeu uma “ajuda” do RNK este ano, que em seu artigo 20 estipula que um kart poderá ser vistoriado a qualquer momento do evento, antes, durante e depois de treinos livres e da tomada de tempo e/ou da prova.
Isto significa dizer que, caso os comissários técnicos suspeitem que um piloto esteja fora do regulamento em um treino, eles poderão vistoriar o equipamento deste concorrente. E, comprovada a irregularidade técnica, o piloto poderá sofrer as sanções previstas no artigo 18, que trata exatamente das penalizações que cada concorrente poderá sofrer, além de ter seu nome retirado dos resultados. Ou seja, não existe mais “treino é treino, jogo é jogo”. Agora “treino já é jogo”.
“Treinar fora do regulamento implica em diversas situações, como por exemplo, sugestionar os outros concorrentes a ‘correr atrás’ daquele tempo obtido por um piloto irregular. Ou, em uma categoria com motores sorteados, um ‘temporal’ desestabiliza todos os competidores. Eles vão achar que seu motor é ruim e assim começam as trocas de motores, desnecessárias, claro”, explica Rubens Gatti, presidente da CNK. “Teremos vistorias mais rígidas”, avisa.
Vistorias técnicas ainda mais apuradas após a tomada de tempos e as baterias, principalmente na Final, ajudariam a flagrar os “espertos de plantão”, aqueles que burlam o regulamento técnico e podem tranquilamente ser chamados de (do dicionário) pessoa que leva vantagem ou favorece outra pessoa usando de artifícios avessos ou quebrando as regras, já que graças a suas artimanhas tomaram o título de alguém que cumpriu o regulamento.
Ah, uma bela multa e uma suspensão - ao preparador, claro - ajudariam-no a repensar se seu trabalho está correto, não acham?
Na área desportiva logicamente a responsabilidade recai sobre os Comissários Desportivos, aqueles que estão dentro da pista para flagrar o “esperto de plantão” da vez, agora o próprio piloto. Inúmeras e inúmeras atitudes antidesportivas são vistas a cada corrida – e também no Campeonato Brasileiro. Já vimos títulos serem decididos a favor dos malandros na última volta de uma Final ou, pelo menos, alguém ver o título cair na mão de um terceiro por causa de uma atitude antidesportiva.
Bastou para isso um simples toque, às vezes não visto por um Comissário Desportivo. Ainda mais atenção da parte destes e uma equipe de filmagens oficial, contratada pela CBA, poderia ajudar a resolver este problema, já que é impossível aos Comissários Desportivos – seres humanos, lembremos – ver tudo o que acontece em grids às vezes superiores a 30 pilotos. Não tem filmagem oficial? Aceitem a que o piloto trouxer em suas alegações e reclamações, afinal ele certamente não terá tido tempo de manipular qualquer imagem contida no vídeo.
A própria CBA, como organizadora, por sua vez poderia ter na sala dos Comissários Desportivos equipamentos que permitam a estes assistir as imagens trazidas pelos pilotos, ou seja, uma boa televisão, um aparelho de DVD e um videocassete. Já vimos imagens não serem analisadas simplesmente porque estes equipamentos não estavam disponíveis e, na pequenina tela de uma câmera fica impossível de analisar uma atitude antidesportiva. E, assim, Comissários, assistam, por favor. Ah, e pilotos reclamantes, providenciem desde cedo uma cópia das imagens levadas aos Comissários, pois elas farão parte de todo o processo e ficarão retidas.
Por fim, outra regra nova, que se bem aplicada evitará que um piloto perca o título pela “falta de habilidade ou inteligência” de um retardatário. A partir deste ano, em qualquer uma das quatro corridas do Brasileiro (classificatórias, Pré-Final e Final), o retardatário será obrigado a deixar a pista antes que atrapalhe o líder.
Para isto ele será avisado pelo Diretor de Prova com uma bandeira azul cortada por um “x” vermelho. Recebida a bandeira, senhor retardatário, por favor, não atrapalhe ninguém e dirija-se ao Parque Fechado.
Só assim, cumprindo estas e outras premissas básicas, teremos um kartismo verdadeiramente em crescimento.