Terminou neste domingo (16) no Uruguai o 1º Campeonato
Sul-Americano 4 Tempos, com um brasileiro campeão, muitos pódios e ótimos
desempenhos “brazucas” no Autódromo Victor Borrat.
O principal resultado brasileiro foi conquistado na F4
MASTER. Bruno Grigatti e Eduardo Guidi dominaram a tomada de tempos, as
classificatórias e a Final – sempre nessa ordem. Grigatti venceu a corrida
decisiva, com 133 milésimos de segundo sobre Guidi, e levou o título. Guidi foi
o vice, fechando uma dobradinha brasileira.
Luiz Kaercher esteve em terceiro por longo tempo, mas nas
últimas voltas foi superado por Facundo Cruz e terminou em quarto. Rodolfo
Signoretti fez uma bela campanha nas classificatórias e largou bem posicionado
na Pré-Final e na Final. Na corrida decisiva, ele recebeu um toque, caiu para
as últimas posições, se recuperou e terminou em 6º. Assim, quatro brasileiros
finalizaram entre os seis primeiros, enquanto Miguel Subtil foi o 14º e Paulo
Nasser o 17º.
Antes disso, porém, o primeiro pódio brasileiro chegou na SHIFTER
200 MASTER, com Guto Schwochow terminando a Final em 3º depois de dois dias – treinos
e classificatórias – de muita evolução. Valdir Germiniani foi o 7º e Henrique
Augusto o 8º.
Na sequência, após a disputa da F4 Master, a F4 JÚNIOR teve
uma disputa feroz pelo título, entre os uruguaios Feliciano Bruschi e Federico
Sellanes e o brasileiro Paulo Willemann Filho. Willemann já havia vencido as
duas classificatórias – na segunda recebeu uma punição controversa e caiu para
13º – e largou em 5º na Pré-Final, que terminou em segundo. O brasileiro largou
em 4º na Final e travou intensos duelos com os dois pilotos uruguaios. Na
última volta, com dupla ultrapassagem, assumiu a liderança, mas um pequeno erro
na freada da última chicane permitiu que Bruschi o ultrapassasse na bandeirada,
terminando como vice-campeão.
Rick Gottems, que igualmente fez uma linda campanha, se
colocando sempre entre os quatro primeiros, foi o 4º colocado. Diogo Cruz, que
largou em último na Pré-Final, terminou-a em 6º e depois, foi o 9º colocado na
Final após partir da 18ª posição. Leonardo Ramires e Alejo Caracoche terminaram
logo atrás, em 10º e 11º, enquanto Dudu Pagliaro foi o 18º.
A CADETE foi outra categoria em que os pilotos brasileiros
tiveram grande destaque. Theo Morgado venceu as duas classificatórias, foi
quarto na Pré-Final e largou na pole na Final, corrida em que sempre foi
protagonista, lutando pela vitória e liderando. Nas últimas voltas, porém, uma
falha mecânica o fez abandonar. O campeão foi o argentino Mauro Ramirez. O
brasileiro César Braga, também dono de uma bela campanha em que esteve sempre
postado entre os primeiros colocados, foi o vice-campeão depois de igualmente
figurar entre os que lutavam pelo título na Final.
Nicolas Weiss, que começou o Sul-Americano de forma tímida,
com um 15º lugar na tomada de tempos, cresceu ao longo da competição e foi o 4º
colocado na Final depois de estar em terceiro – posição de pódio – na última
volta. Murilo Prado, que chegou a estar em segundo na Final, foi o quinto
colocado, enquanto Benny Abdalla foi 7º. Abdalla, aliás, foi o vencedor da
Pré-Final depois de largar da 21ª e última posição.
Joaquim Fronza, que também começou “tímido”, atingiu seu
objetivo de finalizar no top 10 da América do Sul, foi o 8º colocado e fechou o
grupo de cinco brasileiros entre os oito primeiros.
Morgado, com o abandono, terminou em um 18º lugar, e Igor
Ohpis, envolvido em dois acidentes entre Pré-Final e Final, foi o 20º.
Por fim, na F4 SÊNIOR, outra esperança de vitórias, pódios e
título, Heitor Dall´Agnol sofreu com problemas de motor em três corridas –
inclusive na Final – e terminou em 19º. Migs Subtil chegou a liderar a
Pré-Final, mas abandonou, também com problemas de motor. Na Final, depois de
largar em 15º, foi o 11º colocado.
PONTOS POSITIVOS – O principal ponto positivo deste Sul-Americano
foi a novidade no traçado, montado dentro de um autódromo, que agradou a grande
maioria dos brasileiros. Largo, o traçado ofereceu muitas pontos de ultrapassagem
e emoções diferentes do normal.
Outro fato interessante foi deixar à critério do piloto o uso de pneus lisos ou de chuva com pista molhada, exceto para a categoria Cadete.
Logicamente as belas disputas, com muito equilíbrio, devem ser igualmente destacadas como ponto positivo, já que mostraram a alta qualidade dos pilotos brasileiros e sul-americanos.
PONTOS NEGATIVOS – Um dos pontos negativos foi a permissão regulamentar
da utilização de pneus de chuva usados, o que acabou favorecendo os pilotos que
usaram pneus mais “baixos” em uma pista pouco molhada. Logicamente, todos
deveriam ter sido obrigados a lacrar um jogo de pneus de chuva novo, comprado
diretamente do organizador.
Porém, o ponto que gerou mais reclamações entre os
brasileiros foi o trabalho dos Comissários Desportivos, que – no nosso entender
e de muitos “brazucas” – gerou muitas situações e punições – ou a falta delas –
controversas.
Para citar apenas duas situações, uma queima de largada visível
na Final da F4 Júnior não foi punida. Sem a punição, o piloto infrator venceu a
corrida decisiva e levou o título. Em outra, alguns pilotos receberam punição
por passar por fora em uma chicane após terem sido empurrados por um
concorrente na aproximação deste ponto da pista – uma punição claramente
inversa, uma vez que o piloto de trás é que deveria ter sido punido pelo toque.
Os motores, que funcionaram muito bem para alguns pilotos, não funcionaram bem para outros. Heitor Dall´Agnol, por exemplo, abandonou três das quatro provas por conta dos motores, o que aconteceu também com Migs Subtil, cujo propulsor simplesmente apagou quando ele liderava a Pré-Final da F4 Sênior, sem falar no baixo rendimento de alguns outros propulsores.
Por outro lado, o fato de - por regulamento - não haverem punições por conta do bico retrátil fora de posição gerou uma liberação nos toques traseiros - leia-se atitudes antidesportivas, que por sua vez, eram julgadas das mais diferentes maneiras, umas sendo punidas, outras não.
Por fim, a falta de internet na sala de imprensa não pode deixar de ser citada. Apenas no primeiro dia foi disponibilizado o sinal e, depois disso, os profissionais precisaram rotear usar seus próprios celulares para ter sinal e condições de trabalho.
Esperamos sinceramente que os organizadores entendam estas críticas pelo lado construtivo e que hajam mudanças para as próximas edições de um campeonato que nasceu importante e que crescerá ainda mais no cenário sul-americano e mundial.