Três medidas, cada uma em sua área, devem interferir diretamente no bom andamento das corridas nos próximos anos no kartismo brasileiro, notadamente em competições nacionais, que é onde a CBA atua de forma direta na condução das provas.
Hoje conversamos mais uma vez com Rubens Gatti, presidente da Comissão Nacional de Kart (CNK). Na pauta os três assuntos: vistorias técnicas nos treinos, pilotos retardatários e sistema de silenciadores nos escapamentos.
VISTORIAS NOS TREINOS - Este ano o Regulamento Nacional de Kart, em seu artigo 20, determina que os karts poderão ser vistoriados a qualquer momento do evento. Ou seja, “antes, durante e depois de treinos livres e da tomada de tempo e/ou da prova”. A medida, é óbvio, exige que os karts estejam dentro do regulamento desde o início do primeiro treino livre, e quem não estiver dentro do regulamento está sujeito a penalizações.
A modificação no artigo 20, que até o ano passado previa vistorias a partir das tomadas de tempo, tem explicações. “Um piloto ou sua equipe troca um carburador ou uma flange, anda fora do peso, ou algo assim. O piloto, consequentemente, poderá virar um ‘temporal’ e isso fará com que todos os outros tenham que ‘correr atrás’, quando, na verdade, não teriam que fazer isso”, esclarece Gatti.
O presidente da CNK dá um exemplo ainda mais radical. “Se isso acontece em uma categoria de motor sorteado, desestabiliza todos os competidores. Eles vão achar que seu motor é ruim e vão começar as trocas de motores. A CBA quer, com esta medida, evitar estes casos”, continua.
Segundo Gatti, o piloto fora do regulamento no treino não será impedido de participar das provas, por exemplo. “Ele perderá vários minutos de treino ou um treino inteiro, dependendo do caso ou da repetição, e terá seu nome retirado do resultado daquela atividade”, avisa.
As vistorias nos treinos podem ser aleatórias ou específicas. “Se desconfiarmos que tal piloto está rápido demais, ele será vistoriado assim que parar. Ou se a área técnica estiver com tempo, poderá, por exemplo, pesar toda a categoria quando o treino se encerrar”, explica. “O que o piloto precisa saber é que ele pode ser vistoriado a qualquer momento”, encerra.
RETARDATÁRIOS – Nos últimos tempos temos visto muitos casos em que um retardatário resolve “passear sem compromisso” dentro de uma pista de kart. Sem ter consciência – quando deveria ter – de que ele pode causar um acidente, ele não obedece a bandeira azul e, por vezes, acaba tirando a vitória certa de um concorrente.
Este ano a CBA aplicará uma medida que é usada apenas na prova final de campeonatos CIK/FIA, aquela que determina que o retardatário seja retirado da pista antes mesmo de ter oportunidade de oferecer perigo ao líder ou aos demais pilotos. É a famosa bandeira azul com um “x” vermelho.
O pioneiro nesta utilização será o Campeonato Sul-Brasileiro, que terá sua abertura entre os dias 17 a 20 de maio em Caçador (SC). “Todas as provas em caráter nacional a partir de agora serão regidas também por esta bandeira, mas não só na última bateria e sim em absolutamente todas”, diz Gatti. A bandeira será aplicada também na Copa Brasil, Brasileiro e Copa das Federações, em todas suas baterias.
Segundo Gatti, mesmo o piloto muito rápido, que tenha, por exemplo, rodado na pista e voltado no meio da disputa pela liderança, será retirado. “Ele já está uma volta atrás e não terá nada para fazer ali. Os líderes não podem ter que se preocupar com um retardatário”, aponta. “Mas, caso um piloto que tenha rodado, volte à frente dos líderes, em uma distância segura, e comece a ser mais rápido, abrindo vantagem, ele não será retirado”, emenda.
SILENCIOSO – Também na abertura do Sul-Brasileiro a CBA pretende testar em uma categoria, provavelmente a Sênior A, um sistema de silenciador para o escapamento. “A FIA tem se mostrado preocupada com a questão ambiental e recomenda a todas as confederações que busque medidas para diminuir os ruídos nos kartódromos”, lembra Rubens Gatti.
Em Caçador a fabricante de escapamentos Roma estará presente e a peça começará a ser testada, para depois, no Brasileiro, algumas das categorias também passarem a usar. “Não temos algo determinado para este ano, mas em 2013 pretendemos que o uso passe a ser obrigatório”, avisa Gatti.”No último sábado a Executive testou o sistema na Granja Viana. Alguns pilotos gostaram, outros não, mas isso se faz necessário. Temos alguns kartódromos no Brasil que foram fechados exatamente em razão do forte ruído”, salienta.