Desde jovem envolvido diretamente com o kartismo – e nos últimos anos também com automobilismo –, o uruguaio de nascimento e brasileiro de coração Jhonny Bonilla passou por diversos estágios no esporte: piloto de kart, dono de equipe, professor de escolinha de pilotagem para kartistas, promotor e gestor de eventos, construtor de kartódromos e autódromo, dentre outras atividades.
Um destes estágios – a construção de praças esportivas – garantiu a Bonilla enorme experiência na área. Bonilla esteve à frente de duas importantes obras no automobilismo gaúcho, que depois se refletiram no automobilismo nacional: a reforma do Kartódromo de Tarumã e toda a construção do maior parque de velocidade da América do Sul, o Velopark, com dois kartódromos, um autódromo e uma pista de arrancada.
Nestas duas obras, cada uma à sua época, uma das principais preocupações foi sempre a segurança daqueles que estariam diretamente envolvidos nas competições, os pilotos. E foi justamente aquela preocupação que tornou Tarumã e principalmente o Velopark referência nacional nesta área. Bonilla chegou a fazer cursos de pilotagem nos Estados Unidos, na Nascar e com os rapidíssimos Dragster.
“Quando construímos o Velopark fizemos dezenas de viagens aos Estados Unidos e à Europa para ver como tudo funcionava. Copiamos o que era bom, principalmente no que dizia respeito à segurança. Cito um exemplo, trazido dos Estados Unidos: no fim da reta de arrancada no Velopark colocamos uma enorme rede, que já salvou alguns pilotos de dragsters de um acidente mais grave”, revela Bonilla. “O automobilismo europeu, por exemplo, tem mais de 50 anos de desenvolvimento. Porque não trazer esta experiência para o Brasil?”, pergunta.
A experiência adquirida nestes anos e funções rendeu a Jhonny Bonilla um convite importante. “Fui procurado pelo presidente da CBA e pelo presidente do CTDN da CBA para assumir a presidência da Comissão Nacional de Autódromos”, conta Bonilla, que entende que sua “bagagem” ajuda a enxergar o “processo” por todos os lados.
O esportista assumiu a função no início de 2012, mais exatamente no dia 18 de janeiro. “A CBA tem se mostrado muito preocupada com a questão segurança. E a comissão em que atuo e que presido é responsável direta pela qualidade da segurança de todos os autódromos do Brasil”, esclarece.
A função de Jhonny Bonilla é visitar os autódromos brasileiros e avaliar suas condições. “Desenvolvemos, a partir daí, um processo de melhoria da segurança, avaliando as deficiências e aconselhando modificações. Faço um relatório escrito e fotográfico, mostrando como o autódromo está e como ele teria que ficar para se tornar mais seguro”, revela Bonilla. “Tenho também um assessor, o arquiteto Ricardo Milanez, que foi quem construiu o Velopark. Ele me ajuda nas questões mais técnicas, naquelas em que é necessária a experiência de um profissional”, conta.
A CBA é dividida internamente em comissões, de Autódromos, de Arrancada, de Kart, de Medicina Esportiva, de Rallye, de Recordes, e de Velocidade na Terra, e todas respondem diretamente ao Conselho Técnico Desportivo Nacional (CTDN). “Estou muito contente por integrar a CBA e mais ainda por poder contribuir para o automobilismo na área que eu mais conheço atualmente. E assim é com todo o grupo que integra estas comissões”, aponta. “Fui chamado pela CBA em razão do meu conhecimento, não para ocupar um cargo político”, avisa.
Nas reuniões entre as comissões e o CTDN uma nova decisão foi tomada, sempre visando a segurança. “Para competir na Fórmula Truck, Stock Car e GT3, por exemplo, o piloto terá que ter a carteira ‘A’. Ou seja, ele terá que passar por uma escola de pilotagem de alto nível, que avaliará seu desempenho e lhe permitirá passar ou não de ‘B’ para ‘A’ e assim poder correr nas categorias de alto desempenho”, conta Bonilla.
Antes de receber o convite e assumir o cargo na CBA, Bonilla foi convidado a integrar a comissão responsável pela reforma de um autódromo no Uruguai, muito querido especialmente pelos pilotos gaúchos. “Fui convidado pelos dirigentes uruguaios e pela prefeitura para ajudar nas reformas do Autódromo de Rivera. Isso me honrou muito. Quando estiver pronto vamos buscar fazer um intercâmbio do automobilismo gaúcho e brasileiro com o Uruguai”, garante.
Uma das paixões de Jhonny Bonilla sempre foi dar aula para jovens e pequeninos kartistas e este prazer ele pôs em prática nas escolas de pilotagem que teve em Tarumã e no Velopark. Delas saíram muitos kartistas que hoje atuam ou atuaram no Rio Grande do Sul. “Sempre busquei nestas aulas, além de ensinar pilotagem, fazer com que os pequenos assimilassem cuidar da sua própria segurança”, conta Bonilla. “Hoje a CBA já tem esta preocupação com o kart e recentemente divulgou que em poucos anos exigirá que os kartistas passem por uma escola de pilotagem antes de começarem a competir”, lembra.
Apesar de integrar uma comissão que cuida de autódromos, Bonilla se coloca à disposição dos kartódromos brasileiros. “Trabalho com muita paixão e tudo isto começou no kart. Estou à disposição de todos no kartismo para opinar na melhora da segurança de cada um deles. Tenho técnicas de construção e segurança que eu mesmo desenvolvi e posso ajudar”, finaliza.