Ainda que faltem nove meses para o início do Campeonato
Mundial CIK/FIA – e o tempo passa rápido –, as movimentações para que o grande
evento aconteça no Brasil já estão acontecendo há muito tempo.
Desde que a CIK/FIA anunciou, no início de outubro passado,
que o Mundial seria no Brasil, no Kartódromo Speed Park, muito vem sendo feito
nos bastidores, seja em nosso país, seja na Europa.
E, como que comprovando que tudo anda em forte ritmo quando
se fala em Campeonato Mundial CIK/FIA, na próxima segunda-feira, dia 3 de
fevereiro, iniciam-se as inscrições para o evento. Aliás, para todas as
competições CIK/FIA em 2020, exceto para o Troféu Academia.
Assim, buscando orientar os interessados em disputar o
Mundial no Brasil, o Kart Motor entrega aos internautas as principais
informações obtidas até o momento.
Para disputar o Mundial CIK/FIA, não será necessário ter
competido antes em qualquer evento da entidade, como vem sido eventualmente
comentado nos “paddocks” e boxes. Será necessário apenas ter a Licença
Internacional, que deve ser solicitada à Confederação Brasileira de
Automobilismo (CBA) através da federação em que o piloto estiver filiado.
Fora isso, o piloto deverá ser representado por um “concorrente”,
o que no Brasil chamaríamos de “representante” ou “responsável”. O concorrente
poderá ser o próprio piloto, desde que ele seja maior de idade. Se for menor de
idade, um familiar ou sua equipe poderá ser seu concorrente. Mas, nas duas
situações será necessário ter a Licença Internacional também de concorrente. Ou
seja, duas licenças, uma de piloto e outra de concorrente.
Teremos duas categorias no Mundial CIK/FIA: OK Junior e OK, cada uma com 126 vagas.
As Licenças Internacionais para a OK são Grau A, Grau B, Grau C ou Grau
C-Senior. E na OK Junior será exigida a Licença Internacional Grau C-Junior.
Será permitido a cada piloto lacrar dois chassis da mesma
marca e dois motores da mesma marca. Não haverá limitação de quantidade de
pneus para os treinos, mas será permitido apenas 1,5 jogo de pneus para os
treinos e 1 jogo para a Final. Na OK Junior serão utilizados os pneus da
brasileira MG Tires e na OK os da italiana Lecont.
Caso o pedido de inscrição seja apresentado até as 23:59 do
dia 23 de setembro, a taxa de inscrição custará € 760,00 (euros). Passada esta
data, o valor aumenta para € 1.140,00. As inscrições serão encerradas no dia 30
de setembro e poderão ser encaminhadas no site www.fiakarting.com devendo ser acompanhadas
das cópias das licenças e taxas de inscrição depositadas para a FIA.
Por fim, um algo muito importante: será necessário ter a
Licença Internacional em mãos e não apenas indicar que já a encaminhou.
Portanto, se o piloto vai correr o Mundial e quer fazer sua inscrição de forma
rápida, já deve ter sua Licença Internacional encaminhada cedo.
Entrevista – Durante a realização do Troféu Ayrton
Senna, no Speed Park, na última semana, conversamos de forma exclusiva com o inglês James Geidel,
presidente da RGMMC, empresa que promove o Campeonato Mundial CIK/FIA e os
eventos da entidade, exceto Superkart e Endurance.
Confira:
Por qual razão você estava no Speed Park durante a realização do Troféu
Ayrton Senna?
Estamos iniciando toda nossa preparação para o Campeonato Mundial. Começamos
isso há seis meses, mas agora fizemos nossa primeira inspeção no local e na
pista, para termos certeza de que a pista está pronta e de acordo com as regras
e necessidades do Campeonato Mundial CIK/FIA. Igualmente visitamos os hospitais
e os hotéis da região para deixar tudo preparado também neste sentido para
todos os participantes.
E como foi esta primeira inspeção na pista e nas
instalações?
Vocês têm aqui um kartódromo de alto nível, com ótimas edificações e
uma bela estrutura. Temos bares, restaurante, kart para as crianças, escola de
pilotagem enfim, muito entretenimento.
Gostei do asfalto, mas ainda teremos vários pequenos ajustes
na pista, que está devidamente homologada. Temos áreas em que precisamos
melhorar a segurança, porque estão diferentes do que os campeonatos CIK/FIA
exigem, como os postos de sinalização, por exemplo.
Temos que cuidar também das pinturas na pista, da imagem da
pista, conferir a conexão e amarração dos pneus, enfim, fazer aquele checklist
que é feito sempre. Mas, após uma visão geral de tudo, penso que estamos em alto
nível. Para ser honesto, estou mais feliz do que eu esperava.
Quando e quantas vezes você voltará ao Brasil antes do
Mundial?
Algumas vezes, não sei quando e nem quantas vezes. Na próxima vez voltarei
com mais pessoas, como o Diretor de Prova, o Delegado Técnico, o Secretário-Geral
da CIK, o Inspetor de Homologações.
Agora o Speed Park tem alguns meses para os trabalhos de
ajuste, então faremos uma segunda inspeção. Certamente estarei presente no Campeonato
Brasileiro, não durante seus 15 dias, mas possivelmente por uns três dias.
Como foi a escolha do Brasil para ser a sede do
próximo Mundial CIK/FIA?
Foi uma decisão do Ricardo Gracia, proprietário do Speed Park, e do
Felipe Massa, presidente da CIK, e de toda a comissão. Os dois trabalharam duro
para isso e nós estamos dando todo o suporte a ele.
O que você conhece do kartismo brasileiro?
Sigo o kartismo brasileiro no Instagram e nas outras redes sociais e
sei e conheço a qualidade dos pilotos brasileiros, que é muito alta. Vemos isso
nos campeonatos na Europa e nos Mundiais. Quando os brasileiros vão à Europa,
eles não competem “lá atrás”, competem “lá na frente” e algumas vezes vão ao
pódio. O Brasil sempre produziu bons pilotos na história, não há dúvidas disso.
A qualidade dos pilotos brasileiros é muito boa, bem como
seu entendimento do esporte, mas aqui é bem diferente da Europa, muito por
causa das altas taxas de importação, então não é tão fácil seguir o nosso modo
europeu de kart quando se fala em equipamentos.
Não sabemos quando, mas um dia isso certamente mudará. Podemos
ver pela introdução da categoria OK no Brasil, tem sido um sucesso, os pilotos
que correm nela hoje tem um belo feedback.
Quanto aos karts elétricos, existe alguma
possibilidade de termos um Campeonato Mundial em breve?
Certamente, mas não posso dizer quando em função das tecnologias. Sabemos
que kart é caro e infelizmente o kart elétrico é ainda mais caro. E os motores elétricos
do momento não têm o mesmo equilíbrio que os motores à combustão têm. Então não
há como saber quando teremos um Mundial de karts elétricos.
Mas temos que olhar para esse assunto não só pela sustentabilidade
do nosso esporte, mas também pela responsabilidade que temos com o
meio-ambiente de uma forma geral, temos que olhar como reduzir o consumo de
plásticos e como reciclar durante nossos eventos.
Existe a possibilidade de uma integração entre o
kartismo brasileiro e europeu, tanto em regulamento quanto em calendário?
Normalmente ficamos apenas na Europa e acho que quanto mais formos a
outros países, mais conexão entre com o kartismo da América Latina e Ásia
acontecerá.
Hoje temos a Wseries nos autódromos. Você acha que em
um futuro breve teremos categorias exclusivamente femininas no kartismo?
Para ser honesto, não sei. É preciso ver os dois lados. Um lado é “você
quer que as mulheres corram sozinhas? É mais justo que mulheres e homens corram
juntos? Deve haver uma classificação em separado?”
É uma opinião pessoal de cada um, eu não sei, mas a maioria
das pilotas que conheço não querem correr separadas, elas querem correr junto com
os homens, elas querem vencer os homens.
O que os europeus acharam de a competição ser no
brasil?
A maioria dos pilotos e equipes ficaram assustados no início, ninguém
sabia o que esperar. E também vir para o Brasil é algo complicado quanto a
importação dos equipamentos. Então todos nas equipes tinham esse medo.
Você sabe, todo mundo se assusta com algo novo. Mas daremos
a eles algo muito especial aqui no Brasil, quando eles chegarem aqui e conhecerem
tudo os espera, terão uma experiência fascinante. E quando voltarem para casa terão
uma visão completamente diferente.