Acidentado na última sexta-feira na disputa da segunda
classificatória da Sênior A na Copa Brasil, o paulista Alan Synthes já está em
São Paulo, como noticiamos ontem, e hoje, às 18 horas deverá passar por
cirurgia na coluna em função de lesão em duas vértebras.
Conversamos sobre este assunto com Pedro Sereno, presidente
da CNK/CBA, buscando saber como a entidade máxima procede nestes casos de
acidentes mais graves, que necessitam remoção e atendimento em hospital, e
também sobre como funciona o seguro que os pilotos recebem quando são inscritos
em uma competição.
Segundo Pedro Sereno, a responsabilidade da contratação do
serviço médico em um evento como a Copa Brasil ou o Campeonato Brasileiro, que
são diretamente supervisionados pela CBA, fica com a federação local, de acordo
com o estabelecido no Caderno de Encargos.
O serviço médico e o médico contratados, por sua vez, novamente
de acordo com o Caderno de Encargos, são responsáveis pela escolha do hospital
referência para o atendimento a quem possa ter esta necessidade dentro do
evento. E este hospital, por força do nosso esporte, precisa sempre ser um
especializado em trauma, o que não existia em Penha, apenas em Itajaí, para
onde Alan Synthes foi levado.
No caso de Alan Synthes, o hospital para o qual ele foi
levado deixava bastante a desejar – aliás, algo muito comum no sistema de saúde
pública no Brasil, como todos sabem.
Depois disso, como já falado em nossa matéria de ontem,
Synthes ficou oito horas aguardando o atendimento e, mais tarde, foi levado
para a Unimed de Balneário Camboriú, onde foi constatado que o melhor seria
levar o piloto para São Paulo.
Seguro – Ao se inscrever em uma competição, o piloto
está segurado através de uma apólice emitida por uma seguradora contratada pela
CBA – desde que devidamente cadastrados na seguradora pelos organizadores. E este
seguro funciona como qualquer outro e não deve ser confundido com um plano de saúde.
E, como todo seguro, este tem regras e limites financeiros.
Ou seja, ele cobre as despesas hospitalares até um certo valor, ficando sob responsabilidade
do paciente o pagamento do excedente no caso de atendimento em um hospital
particular e conveniado com a seguradora. Nos casos de hospitais não conveniados,
mas particulares, o paciente paga todas as despesas e depois solicita o devido
reembolso do valor que a seguradora cobre na apólice.
A opção de o piloto ser levado diretamente a um hospital público,
a primeira disponível para o serviço médico da prova, existe para o caso em que
ele não terá condições de pagar as despesas excedentes àquelas determinadas na
apólice de seguro.
Apoio da CBA – Segundo Pedro Sereno, a CBA esteve em
contato com a esposa de Alan Synthes para informar-lhe os procedimentos
necessários para que a seguradora assumisse suas funções e sempre esteve disponível.
Além disso, também segundo Sereno, João Alfredo Novaes, presidente da FAUESC,
esteve no hospital para o qual Alan Synthes foi levado, oferecendo apoio e constatando
que o atendimento estava “bastante complicado” em Itajaí.
“Todos os procedimentos, tanto de parte da CBA como da
FAUESC, foram realizados de forma satisfatória e exemplar até onde lhes cabia a
responsabilidade”, disse Pedro Sereno. “A CBA não pode ser responsabilizada
mais do que isso, que, neste caso, é atender o piloto e leva-lo ao hospital e, especialmente, pelas despesas de atendimento médico não cobertas pelo seguro”, finaliza.
João Novaes – Conversamos também com o presidente da
FAUESC, que esteve envolvido de forma mais direta com o atendimento a Alan
Synthes, em Itajaí e no Balneário Camboriú. Segundo Novaes, o incidente lhe
servirá como exemplo para as próximas competições regionais e estaduais em
Santa Catarina, para que a federação faça o contato e o convênio com um
hospital particular de referência.
“Estive nos dois hospitais. Em Itajaí o atendimento era
péssimo, razão pela qual ele foi levado para a Unimed, onde ele foi melhor
atendido. Como o Alan não tinha plano de saúde, nós pagamos a consulta, quando
foi constatado que o melhor seria transferir o piloto para São Paulo”, contou
Novaes.