Na última sexta-feira postamos uma matéria criticando a CBA por ter levado a Copa Brasil até o Maranhão e nela citamos que as razões eram políticas. No entanto, em momento algum foi colocada em dúvida a qualidade da estrutura do kartódromo e o belo trabalho realizado por Giovanni Guerra, presidente da Federação de Automobilismo do Estado do Maranhão (FAEM). Pelo contrário, a estrutura e o trabalho foram elogiados e o Kart Motor divulgou as mais diversas informações antes – principalmente – e durante o evento, procurando contribuir da melhor forma possível para o sucesso da competição.
Na mesma matéria constatamos que algumas categorias tinham poucos pilotos e algumas (Sênior A e Júnior) não estavam sendo disputadas por falta de inscritos. E colocamos isto “na conta” da distância geográfica que separava Imperatriz dos grandes centros do kartismo brasileiro, exatamente o Sudeste e o Sul do Brasil. Nem todos concordaram com esta afirmação, como pode ser visto nos comentários inseridos na matéria.
Cleyton Pinteiro, presidente da CBA, rechaçou nossa crítica e afirmou que a Copa Brasil em Imperatriz não tinha cunho político. “A CBA tem como função levar o automobilismo para todo o Brasil para fazê-lo crescer e disto não abro mão”, disse Pinteiro. “Imagine se só fizéssemos eventos no sul e no sudeste. Como estaria o kartismo nas outras regiões?”, pergunta.
No entanto, a referida distância, apesar de afastar muitos pilotos da disputa, não impediu que a 13ª Copa Brasil fosse encerrada com muitas comemorações pelo grande sucesso obtido. E ainda que alguns grids fossem minguados e duas categorias não tivessem pilotos, os quase 100 competidores e suas equipes que estiveram em Imperatriz saíram mais do que satisfeitos da competição, um claro “quem não foi se arrependeu”.
“Ousamos ao pedir uma Copa Brasil para a CBA”, lembra. “Sabíamos que a distância atrapalharia e tínhamos consciência de que o número de pilotos seria menor. Mas mostramos que, com muito amor pelo kartismo e com muita dedicação, as distâncias podem ser encurtadas”, afirma.
E, em razão desta dedicação de todos em Imperatriz, a estrutura oferecida aos pilotos e equipes será difícil de ser encontrada em outro lugar do Brasil, segundo Giovanni Guerra. “Ao fim do evento muita gente saiu daqui dizendo que voltaria a Imperatriz para disputar novas competições conosco, tamanha a qualidade do que oferecemos”, sublinha. “Tenho que agradecer à CBA por ter acreditado no potencial de Imperatriz, e a Deus, foi com as graças Dele que tudo saiu de forma tão positiva”, completa.
O presidente da CBA, por sua vez, parabenizou Giovanni e a cidade de Imperatriz. “O evento foi fantástico, extraordinário, surpreendente. E digo mais: quem não veio, perdeu. O kartódromo da cidade não ficou devendo a nenhum outro nos últimos 15 anos de campeonatos nacionais que já acompanhei. Tínhamos 10 médicos, 4 UTI´s, uma mídia fantástica, credenciamento eletrônico, um público excelente, para citar alguns itens da ótima estrutura oferecida”, disse Cleyton.
Ouvimos o “outro lado” neste nosso tradicional balanço das grandes competições – desta vez baseado em depoimentos de quem esteve lá – e o primeiro foi do preparador Claudio Dantas, o Sabiá, que corrobora afirmações de que a estrutura apresentada foi de ótima qualidade. “Tudo estava muito bem organizado, horários cumpridos, e a estrutura que nos foi disponibilizada foi realmente muito boa”, diz o chefe de equipe. “Vivemos também algo inédito, que foi ter provas transmitidas ao vivo pela TV Globo. E não só isso, pois a TV fazia entradas ao vivo em sua programação. O apoio da mídia foi algo nunca visto”, elogia.
Algumas críticas, no entanto, também foram feitas pelo experiente preparador. “Esse conceito de abrir tantas categorias em uma Copa Brasil que sabe-se que terá poucos pilotos acaba esvaziando algumas delas, como foi o caso da Sênior. E não deveriam ter juntado a Novatos com a Graduados, isso atrapalhou os pilotos das duas categorias”, reclama.
Claudio Dantas cita também como fato negativo a ausência das estruturas das fábricas de chassi em Imperatriz. “Tínhamos alguns pilotos oficiais na pista e alguns representantes das fábricas, mas suas estruturas não estavam lá, como estavam em Interlagos ou no RBC Racing, por exemplo”, destaca. “Na Sudam e Sudam Júnior, categorias que podem utilizar chassi importado e que voltaram ao cenário a pedido das fábricas, aconteceu o mesmo”, completa.
O vitorioso preparador considera a Copa Brasil o campeonato mais caro do nosso kartismo e isso não se aplica apenas ao fato de que esta edição foi no Maranhão. “Se for em Curitiba, por exemplo, ela também é cara quando levamos em consideração o que se gasta e quanto se anda, quantas voltas se dá, quero dizer. A diferença é mínima entre correr a Copa Brasil no Paraná ou no Maranhão, mas continua sendo caro”, considera Sabiá, que, por esta razão, não concorda que a distância tenha sido o maior impedimento para um piloto não ter ido à Imperatriz.
Ainda assim Sabiá considera importante que, em competições realizadas longe dos grandes centros do kartismo nacional, a CBA providencie – ou faça providenciar – um transporte para que as equipes possam levar os equipamentos, o que diminuiria os custos gerais para os pilotos. “Isso ajudaria a ter mais pilotos na pista, seguramente. Outra medida seria a CBA ter um contato direto com os pilotos e equipes, via e-mail, convidando-os e informando-os das notícias oficiais do evento no momento exato em que fossem decididas”, finaliza.
Ouvimos também um piloto com larga experiência, não só no kartismo. Rafael Suzuki, todos sabem, é kartista há muitos anos e correu de Fórmula 3 na Alemanha e no Japão. “É difícil organizar uma corrida sem erros, mas esta Copa Brasil chegou próxima a isto”, diz Suzuki. “Não ouvi reclamações a respeito de segurança, de rede hoteleira e de comida, por exemplo, não faltou espaço no parque fechado, não faltou nada em Imperatriz”, resumiu Rafael Suzuki, que foi o campeão na categoria Graduados.
Rafael Suzuki tece muitos elogios a Geovani Guerra, o presidente da FAEM e mentor do sucesso da Copa Brasil. “Foram feitas muitas obras nesta reforma do kartódromo e o dinheiro destinado a ela foi bem empregado, algo que não se viu em Interlagos no Brasileiro”, lembra. “O Giovanni ‘botou a mão na massa’, vi ele carregando pneus, varrendo a pista. Ele é um presidente de federação que tem amor ao automobilismo, e em Imperatriz nos sentimos como os artistas principais do espetáculo, como deveria ser sempre. O Giovanni é o exemplo que todas as federações devem seguir para fazer seu trabalho em prol do automobilismo”, elogia.
O atual campeão brasileiro e da Copa Brasil na Graduados lembra também, assim como o preparador Sabiá, da grande cobertura que a mídia local deu ao evento, em especial a TV Globo local. “Em nenhum outro local vimos essa cobertura que a prova teve. Sei que não é fácil arrumar espaço na mídia nos grandes centros, mas este espaço faria nosso kartismo maior, pois teríamos maior facilidade em conquistar patrocinadores”, diz Suzuki.
Suzuki encerra dizendo que alegar a grande distância geográfica para não ter ido à Copa Brasil pode não ser o melhor argumento. “Temos que pensar no kartismo como um todo e precisamos dar força quando temos um evento nacional em lugares mais distantes. É este evento que vai alavancar o kartismo na região e que, depois, vai fazer o kartismo brasileiro maior”, avalia. “Vejam o esforço que os pilotos que moram no Nordeste têm que fazer para competir em São Paulo várias vezes no ano, por exemplo. Custa a cada um de nós ir uma vez por ano apenas a uma corrida na casa deles?”, encerra.