Mais nova competição do kartismo nacional, a Copa das Federações foi encerrada no último sábado em Serra (ES) envolta por uma sensação de dever cumprido por parte dos organizadores e de satisfação por parte dos que dela participaram. E sua segunda edição já tem praticamente uma data marcada.
Conversando com pessoas de cada segmento do nosso kartismo (piloto, dirigente, preparador e fabricante), chegamos a conclusão de que os pontos positivos superaram de longe os negativos. E, a bem da verdade, ainda que unânime, apenas um ponto foi considerado como negativo entre os ouvidos pelo Kart Motor.
Os maiores elogios couberam à organização da competição, tanto a que podemos chamar de local, quanto a que cabia à CBA. “Os capixabas merecem os parabéns e uma sonora nota 10”, diz Rogério Naspolini, da fabricante de chassis Techspeed. “Todos os detalhes foram cuidados e mesmo os que pareciam irrelevantes foram pensados. O locutor tinha as principais informações da carreira do piloto que estava ganhando a corrida e, quando faltava pouco mais de uma volta em cada corrida, já tocava o tema da vitória”, lembra o empresário. “Antes das largadas, o locutor tratava de motivar o excelente público nas arquibancadas e os pilotos eram aplaudidos de pé. Quem competiu sentiu-se extremamente valorizado”, elogia.
A transmissão de duas corridas ao vivo para todo o Brasil pela Record News foi outro ponto alto da festa, lembrado por todos os entrevistados. “Este é outro item em que os detalhes foram todos pensados. Tínhamos até mesmo uma câmera com imagens praticamente aéreas”, lembra Naspolini, para quem tudo funcionou perfeitamente. “O Parque Fechado teve uma mecânica correta, a pista era muito boa, comparável à italiana Lonato no que diz respeito à sua conservação e traçado, os banheiros estavam impecáveis, foi um ‘banho’ de organização. Tenho apenas elogios à dedicação dos integrantes da CBA e, principalmente, aos organizadores locais, que tiveram o Sr. Varella no comando”, parabeniza Rogério Naspolini.
Para Lélio Robe, pai do vice-campeão da Júnior Gabriel Robe, outros elogios devem ser feitos. “O trabalho local foi diferenciado. A receptividade dos capixabas, assim como sua organização, foi nota 10 e seu esforço em atender bem a todos era visível, Não houve favorecimento aos pilotos locais, pelo contrário”, diz Robe, que tece elogios também à CBA. “Tivemos problemas técnicos na categoria, no quesito coroa, e isto de certa forma atrapalhou nossa caminhada para o título. Mas quem estava errado foi punido da forma como deveria e isto é mérito da CBA”, completa.
Chico Azevedo, o popular preparador dono da equipe By Chico, foi vice-campeão da Júnior Menor com o piloto baiano Ivan Gounin. “Fiquei surpreendido positivamente com o que vi nesta Copa das Federações. Foi melhor do que eu esperava, pensei que teríamos menos pilotos”, disse, referindo-se aos cerca de 120 competidores que lá estavam. “Acho que quem não foi perdeu uma grande competição e certamente deverá ir na segunda edição. O regulamento atrapalhou um pouco e isto motivou alguns pilotos a não irem”, afirma, citando o único ponto negativo levantado.
Reunindo apenas campeões e vices de cada Estado, a Copa das Federações tinha seu regulamento baseado no ano passado e, por isso, os pilotos competiram nas categorias em que correram em 2011. “Era necessário usar um equipamento que os pilotos já não tinham mais, de uma categoria que eles já não disputavam. Acho que isso terá que mudar para a próxima edição e, se for mudado, teremos números muito próximos a 200 pilotos”, estima Chico. “De qualquer forma, a meu ver este foi o único erro. E acho que todos pensam assim, pois não vi ninguém criticar, apenas elogiar”, completa.
Lélio Robe compartilha da mesma opinião do preparador Chico. “A data deveria mudar, a Copa das Federações teria que ser no final do ano. Retroceder na categoria foi negativo para o evento e isto atrapalhou a participação de muita gente”, afirma.
Os elogios de todos chegam também à CBA e à CNK, que, além da boa condução do evento, ofereceu uma premiação de R$ 100 mil, divididos entre as nove categorias. “É algo que deve ser parabenizado. Nunca tínhamos tido uma premiação assim e isto motiva”, disse Robe.
Para André Nicastro, seguramente o nome mais importante dentre todos os competidores, a Copa das Federações superou suas próprias expectativas. “Inicialmente eu tinha a impressão de que não seria um bom evento. Assim como vários outros eu achava que não teria muitos pilotos. Fiquei surpreso positivamente quando cheguei na pista e vi 120 pilotos em um evento nacional em começo de ano”, lembra o multicampeão.
Nicastro concorda quando se fala que o regulamento foi o ponto negativo. “Usar o regulamento do ano passado, fazendo com que os pilotos competissem nas categorias em que correram em 2011, não ajudou. Muitos não foram por causa disso, além do fato de que não poderia ser motor sorteado na Graduados e na Júnior. Na próxima edição os motores destas categorias têm que ser próprios, preparados”, adverte.
Quanto ao evento como um todo, Nicastro se diz satisfeito e feliz por ter participado e teceu muitos elogios aos organizadores. “Os horários foram cumpridos, tivemos a grata confirmação da transmissão ao vivo pela Record News e tudo estava muito bem organizado, não há do que reclamar”, aponta o campeão na Graduados, que esteve na competição apoiado pela Techspeed, Camargo Racing, Moa Kart Motor, MG Pneus e Iame, a quem agradece.
“Tivemos uma bela premiação em dinheiro, algo que implantamos no SKB e que a CBA acertadamente entendeu como importante e utilizou nesta Copa. E fiquei satisfeito também pela segurança que a pista ofereceu. Estive em sua inauguração em 1998 e agora, 14 anos depois, ela está ainda melhor, com uma estrutura muito bacana”, avalia André Nicastro. “Agora, só falta termos a Sudam na próxima edição, para que eu possa ter o prazer de participar novamente da Copa das Federações”, finalizou Nicastro.
Também ouvido, o presidente da CNK Rubens Gatti fez a sua avaliação. “Foi um bom evento, dentro das nossas expectativas. Temos alguns ajustes a fazer para melhorarmos a segunda edição e estes ajustes serão feitos”, ponderou Gatti. “Tivemos uma bela premiação em jogo, algo inédito na história da CBA quando se fala em kartismo, e a transmissão ao vivo pela TV para todo o Brasil foi um dos pontos altos”, avaliou o presidente.
E, como que ouvindo os questionamentos no que diz respeito a data e regulamento, Gatti encerrou com uma bela notícia. “A 2ª Copa das Federações será em dezembro deste ano, em data e local a serem ainda definidos, e será utilizado o regulamento deste mesmo ano. Assim, um piloto estará na disputa competindo por sua categoria atual”, finalizou.
Por fim, conversamos com Cleyton Pinteiro, presidente da CBA, que classificou o evento como fantástico. “A CBA acertou em cheio quando criou a Copa das Federações. Vamos resgatar o kartismo regional, que é nossa maior meta. Tivemos a participação de 19 Estados e pela primeira vez conhecemos o campeão dos campeões”, analisou o dirigente.
Para Pinteiro as disputas foram ótimas e em alto nível. “Tivemos emoção em tudo o que vivenciamos nesta semana e ainda pudemos ter a TV mostrando duas corridas ao vivo para todo o Brasil, algo pouco comum em nosso kartismo”, apontou o presidente, que ainda citou como ponto positivo a cobertura que o seguro instituído pela CBA este ano deu a um piloto acidentado.
“É claro que não queremos que acidentes aconteçam, mas desta vez o piloto acidentado foi atendido no hospital com tudo custeado pelo seguro. Normalmente as despesas sairiam do bolso do piloto”, lembra Cleyton Pinteiro. “Quanto às falhas, sabíamos que algumas poderiam acontecer, afinal era a primeira edição, mas elas já estarão corrigidas para a segunda edição em dezembro deste ano”, encerrou.