Bem, hoje o papo é sério, bem mais sério do que quando se trata de um campeonato realizado em um kartódromo ruim ou um título conquistado ou perdido. Bem mais sério do que uma discussão técnica, a respeito de motores, pneus ou chassis, ou do quanto é investido em uma carreira de piloto.
Trata-se de comportamento, de que exemplos um pai dá ao seu filho. Trata-se do limite até onde os pais lutarão por um título e trata-se dos extremos a que estamos chegando em atitudes fora da pista. Por fim e em resumo, trata-se da bestialidade com que certos elementos têm se comportado dentro dos kartódromos.
No último final de semana na Granja Viana aconteceram fatos lamentáveis, envolvendo os pais de dois competidores e alguns preparadores. A briga é antiga, iniciou em Minas Gerais, teve desdobramentos com agressão no Brasileiro do Espírito Santo e culminou com “vias de fato de alto nível”, que terminaram com lesões sérias em um dos envolvidos. E com uma cirurgia de três horas. Pode isso?
Não estou querendo saber quem começou, porque começou e quais as razões para tamanha bestialidade. São, em resumo, atos bestas. A não ser que comecemos a tratar nosso esporte por outros nomes, como box, MMA, jiu-jitsu ou qualquer luta parecida, ainda que nelas o objetivo não seja machucar ninguém tão intencionalmente.
Em maio, quando da abertura do Sul-Brasileiro em Farroupilha, aconteceram fatos parecidos, mas que não redundaram em lesões. Naquela ocasião me manifestei claramente a respeito da falta de punições para os “machões de plantão”. Isso em maio. Em julho as brigas se repetiram, no Brasileiro. Punição? Nenhuma.
Em um dos SKB deste ano um preparador agrediu um dos organizadores e foi suspenso pela FASP. Não houve a comunicação adequada da FASP para a CBA e este mesmo preparador foi até Farroupilha para atender seus clientes. E se envolveu em outra briga, apenas uma das duas ou três que outras pessoas protagonizaram.
Nesta mesma ocasião outro preparador agrediu um membro da diretoria do Farroupilha Kart Clube. Qual a posição de um dos comissários? Ele agrediu um membro do clube, o clube que resolva... E nesta mesma ocasião liguei para o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, relatei os fatos e pedi que pensasse e, mais tarde, a entidade se posicionasse a respeito dos incidentes do Sul-Brasileiro. E, como um todo, se posicionasse a respeito de que atitudes a entidade poderia tomar para inibir futuros incidentes. Não se posicionou.
Um dos envolvidos nos incidentes da Granja competiu, como piloto, no Brasileiro do ano passado em Cascavel. Ele agrediu outro piloto dentro do Parque Fechado e foi desclassificado de todo o evento, bem como outro piloto em outro incidente semelhante. Mas ficou por aí a punição, não foi para tribunal e muito menos foram suspensos.
Senhores que dirigem nosso automobilismo, tomem atitudes drásticas, neste caso da Granja e em casos futuros. Assim será possível evitar que algum dia alguém tome um tiro dentro de um kartódromo. E atitude drástica para mim se chama “queridos, os senhores estão expulsos do nosso esporte, comprem uma raquete de tênis para seus filhos e, por favor, sumam”. E se chama “senhores preparadores, montem uma oficina mecânica e atendam carros de rua e, por favor, sumam”. Porque tamanha bestialidade tem que ser tratada a choque.
Conversei com Felipe Giaffone, proprietário do Kartódromo Granja Viana, nesta manhã. Famoso por ter regras rígidas em casos até menos graves, como desclassificações técnicas, o kartódromo suspendeu os preparadores envolvidos por 60 dias e desclassificou seus pilotos. “Estão passando do ponto”, disse ele, referindo-se aos envolvidos. “Estamos buscando todas as informações, imagens e fotos possíveis para, se for necessário, tomar outras atitudes. Vou fazer tudo o que for possível para evitar novas brigas. Não quero ‘ferrar’ ninguém, minha preocupação é apartar”, posicionou-se.
Giaffone ainda aconselhou: “Acho que essas pessoas deveriam dar um tempo, sossegar um pouco em casa, alguns meses, para refletir e se acalmar. Se não se acalmarem, os rumos que isto vai tomar podem ser trágicos”, finaliza.
Nomes dos envolvidos? Desculpem, não merecem que eu perca tempo digitando....