Após nove meses longe das competições oficiais, nesta quarta
e quinta-feira o piloto brasileiro Sérgio Sette Câmara voltou à uma prova
oficial. Diante de um dos maiores desafios de sua carreira, o mineiro de 22
anos fez a sua estreia no Campeonato Mundial da Fórmula E no cockpit do carro
#6 da equipe norte-americana GEOX Dragon.
Vindo de três temporadas muito destacadas na Fórmula 2,
Sette Câmara chegou a um universo completamente novo e que, naturalmente, lhe
ofereceu acima de tudo um período de proveitoso aprendizado. Apesar de ter se
destacado no treino de novatos da categoria de carros elétricos realizado no
mês de março na Turquia, Sérgio nunca havia disputado uma corrida oficial, o
que, desta forma, lhe demandou um longo período de atividades prévias de estudo
e atividades no simulador.
“O carro da F-E é completamente diferente de tudo o que
eu já havia pilotado na vida. Durante uma volta, num circuito de rua e com
extensão bem mais curta que nos autódromos, o piloto tem de fazer no mínimo
umas três vezes mais coisas que na F2. São diferentes ajustes, principalmente
no que tange ao consumo de energia do carro. Estudei muito e pratiquei no
simulador da equipe, mas certamente o que vivenciei nesses dois dias aqui na
pista foi muito mais intenso”, comentou.
Conforme anunciado pelos organizadores, as seis rodadas
finais da temporada da F-E seriam disputadas em Berlim, na Alemanha. A cada
duas corridas o circuito seria alterado e, com isso, em apenas nove dias o
campeão de 2020 seria conhecido.
Como tradicionalmente acontece nas disputas da F-E, toda a
programação de uma etapa acontece no mesmo dia. Assim, nesta quarta-feira (5)
aconteceram as disputas da sexta etapa do campeonato e no dia seguinte as
atividades da sétima etapa.
Nas atividades de quarta-feira Sérgio encontrou certa
dificuldade de adaptação ao carro e ao circuito, o que não o impediu de buscar
o seu melhor na pista. Mesmo não tendo conseguido boas marcas na classificação,
o piloto buscou ser veloz e constante na corrida e conseguiu finalizar a prova
sem nenhum incidente.
Nesta quinta, já com mais quilometragem com o carro e
passada a ansiedade normal da estreia, o piloto mostrou seu potencial ao
registrar sétimo melhor tempo na sessão de treino livre. Na classificação, após
alguns erros com um carro que saia um pouco de frente, o piloto não conseguiu
estabelecer o mesmo ritmo do treino e teve de se contentar com a 20ª posição do
grid. Na corrida, que aconteceu quatro horas mais tarde, o piloto conseguiu se
manter em seu posto na largada partindo para as disputas. Envolto em brigas com
pilotos bem mais experientes, o jovem de Belo Horizonte conseguiu impor um bom
ritmo, brigou por posições e ao final da corrida recebeu a bandeirada no 17º
lugar.
“Muitas coisas positivas podemos tirar após os dois
primeiros dias de corrida aqui em Berlim. Hoje demos um grande passo adiante em
relação ao que fizemos ontem. Consegui fechar o treino em sétimo e, em todas as
condições de potência do carro, estive sempre entre os 10 mais rápidos. Na minha
volta ideal da classificação, infelizmente, foi muito difícil manter o carro no
traçado ideal. Tentei extrair o máximo do carro e, infelizmente, cometi alguns
erros. Tínhamos ritmo para estar certamente entre 10º e 15º, mas acabei
largando de 20º. Na corrida eu consegui administrar melhor o consumo de energia
e ganhei algumas posições. Estou feliz com toda a experiência que eu consegui
adquirir e espero possamos seguir evoluindo nas próximas quatro corridas”,
encerrou o piloto.