Que esporte sofrido esse nosso kartismo. Não bastassem as desorganizações aqui e ali, sabemos de tempos em tempos de possíveis fechamentos ou demolições de kartódromos. No ano passado noticiamos a possível demolição do Kartódromo de Natal, e agora duas situações críticas – uma nem tanto – estão sendo vividas por kartistas baianos e catarinenses. E, porque não dizer, vividas por kartistas de todo o Brasil, já que se trata de duas pistas que recebem eventos nacionais e de grande porte.
Caso 1 – O Kartódromo de Lauro de Freitas (BA), sede do Brasileiro e da Copa Brasil em um passado muito recente, corre o risco de fechar. A prefeitura e vereadores – sempre eles, os políticos – já efetuaram a doação da área para a construção de um Centro de Excelência de Judô, através da Lei Municipal nº 1392, de 22 de dezembro de 2010.
Pela imprensa os kartistas baianos receberam informações ameaçadoras de “colocação de pedra fundamental” e “início das obras”. No entanto, um acordo verbal com a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, garantia que os kartistas deixariam o kartódromo apenas quando outro fosse construído.
“Continuamos acreditando na palavra de Moema Gramacho e, por esse motivo convocamos todos os automobilistas baianos e os amantes deste esporte para a grande concentração que será realizada no próximo dia 5 de fevereiro, durante todo o dia, no Kartódromo Ayrton Senna, na Praia de Ipitanga”, diz Selma Morais, presidente da Federação de Automobilismo da Bahia (FAB).
No dia 5 a FAB realizará a entrega de troféus as campeões da temporada 2010 e lançará o calendário de 2011, ao mesmo tempo em que a ABK realizará a Copa Verão, que tradicionalmente abre o ano do kartismo na Bahia.
Conversamos com Euvaldo Luz, veterano piloto baiano, que nos contou que no final de novembro do ano passado foi realizado o Desafio Internacional Super Motos. Logo em seguida, no início de dezembro, foi a vez do Show Power Reggae. 60 caçambas de areia foram jogadas dentro do kartódromo e as cercas foram destruídas. “Estão fazendo todo o possível para destruir o kartódromo”, lamenta o piloto e também diretor da Associação Baiana de Kart (ABK).
Segundo Luz, a concessão do kartódromo, pública, já venceu e a prefeitura pode “tomar de volta” o kartódromo sim. Mas, na pior das hipóteses, os kartistas baianos teriam que receber outro kartódromo. “Por conta do desafio de motos, o kartódromo ficou fechado por cerca de um mês, impedindo-nos de usá-lo”, lembra Euvaldo. Nunca é demais lembrar que o Campeonato Baiano é disputado ininterruptamente desde 1991 e de 3ª a domingo o Kartódromo de Lauro de Freitas é utilizado para treinos e aluguel de kart.
Em resumo, fechar o kartódromo é também tirar o ganha-pão de muita gente, desde mecânicos a auxiliares de pista. É também impedir os kartistas da região de praticarem seu esporte. Isso aconteceria se fosse um estádio de futebol?
E fica o questionamento ao órgão máximo e regulador do automobilismo: o que a Confederação Brasileira de Automobilismo pode fazer para impedir o fechamento do kartódromo baiano?
Caso 2 – Já em Santa Catarina, na praia de Canasvieiras, em Florianópolis, um dos mais novos kartódromos do Brasil, sede de dois Desafios das Estrelas, do Brasileiro e Sul-Brasileiro de 2010, vive uma situação menos preocupante. Mas que ainda assim assusta.
Depois da realização do Planeta Atlântida, um show de música muito tradicional em Santa Catarina – e também no Rio Grande do Sul – o Kartódromo Arena Sapiens teve sua “linda cara” mudada.
Além de ter tido diversos caminhões pesados no asfalto para descarregar e carregar toda a “traquitana” para montar o palco e seus acessórios, o kartódromo virou “terra arrasada”, como cita o jornalista Fábio Seixas em seu blog no site da Folha de São Paulo e como pode ser visto na foto abaixo, clicada pelo catarinense e ralizeiro Luis Tedesco.
Neste caso, por tratar-se de um kartódromo muito novo, sabe-se – ou espera-se – que rapidamente o Arena Sapiens volte a seu normal, já que deverá receber uma etapa do Sul-Brasileiro muito brevemente, provavelmente em junho.