Kartódromo Granja Viana, Felipe Giaffone, Shell, Comgás, Dennis Dirani, Alberto Cattucci, Ricardo Molina. São estes os nomes envolvidos em um projeto que vai dar o que falar e que certamente revelará grandes talentos para o automobilismo em um futuro muito breve.
Falamos da primeira escola de kart do Brasil que utiliza a Lei do Incentivo ao Esporte e que beneficiará 96 crianças entre 6 e 12 anos já inscritas no projeto. O “start” foi dado no último domingo na Granja Viana e as primeiras aulas, ministradas pelos professores Dirani, Cattucci e Molina, começaram ontem (22).
“É um projeto em que estou envolvido há dois anos e que agora conseguimos colocar em prática”, explica Giaffone. “Vamos trabalhar com crianças em dois segmentos, onde elas poderão se tornar pilotos ou ter o kartismo como uma profissão, trabalhando na área de preparação etc.”, continuou.
E o trabalho se iniciou nesta segunda-feira, quando metade das crianças começaram a ter aulas práticas e teóricas sobre o kartismo, em um “expediente” que durou das 8 às 17 horas. A outra metade fará o mesmo nesta quarta-feira. “Uma parte dos ensinamentos tratará das leis de trânsito. Então, na pior das hipóteses, aquela criança que não gostou do esporte, certamente sairá com uma boa base de como deverá se comportar nas ruas quando tiver seu carro”, salienta Giaffone.
A grande sacada no entender de Giaffone é a parceria com a escola da Federação Francesa do Esporte Automobilístico, a FFSA, equivalente à nossa CBA. “No meu ponto de vista, é a melhor escola de kart do mundo”, afirma. “Estive com o Cleyton Pinteiro, presidente da CBA, em uma conferência da FIA há alguns anos atrás e vi a FFSA apresentando sua escolinha. Agora em setembro, bancados pela CBA, o Molina e eu iremos para a Europa para viver o dia a dia da escola francesa e trazermos este ‘know-how’ para nossa escola no Brasil”, continua.
Mas as boas notícias não param e a escola brasileira não será apenas na Granja Viana. Segundo Giaffone, outras duas “filiais” serão montadas, uma em Minas Gerais e uma no sul do Brasil, em local a ser definido em breve. “Queremos ter uma padronização nas três escolas iniciais, bancadas pela Shell e Comgás”, disse Felipe Giaffone. “Na França são 38 escolas e no Brasil este número poderá crescer, pois qualquer federação ou pessoa podem montar uma”, prossegue.
Felipe Giaffone mostra-se extremamente animado com a ideia, pois “não estamos inventando nada. Pelo contrário, estamos nos baseando em uma receita de sucesso que já existe há muitos anos na França. Queremos popularizar o kart no Brasil”, aposta.
O projeto terá longa duração e longa duração terá também o ensinamento dado às crianças. Segundo Giaffone, os futuros pilotos só entrarão na pista dentro de três meses. “Não são crianças que estão diariamente na pista, com seus pais ou irmãos que já são pilotos. É uma nova ‘safra’, que praticamente não conhece nada”, explica.
Então, por questão de segurança, as crianças aprenderão gradativamente a lidar com um kart, em sua aceleração ou freadas, por exemplo. Será, em resumo, um passo a passo bem definido, para não pular etapas e não pegar vícios errados. “Eu estava agora a pouco com as crianças e pensei que eles achariam ‘um saco’ a forma de ensinamento. O primeiro passo foi sentar cada um no kart, com motor apagado na reta na Granja Viana, empurrados, em descida, e ao contrário do que eu pensei, eles acharam ótimo e já esperam pelo próximo passo”, brinca Giaffone.
Dennis Dirani, dono de uma galeria de títulos muito rica e “coach” de vários pilotos, também está muito entusiasmado com o projeto. “É muito bacana a ideia e o projeto, ainda mais por ser incentivado pela Shell e Comgás. Atenderemos crianças de vários níveis sociais, com muita diversidade entre elas, e isso é que é o legal de tudo”, aponta um dos professores da escolinha. “Já iniciamos um ano de trabalho intenso com estas crianças. Trabalharemos com grupos de quatro crianças por vez, de forma bastante individualizada, que é uma forma mais eficiente de ensinarmos tudo. O ensinamento será de forma muito gradativa, um passo de cada vez, até formarmos vários pilotos e profissionais do kartismo”, completa Dennis.
As aulas passarão por quatro fases: Primeiro Volante, Volante de Bronze, Volante de Prata e Volante de Ouro. Assim, gradativamente, a criança será preparada para estrear nas pistas, com o conhecimento necessário para tanto.
E já que deverão operar pelo menos três escolas no Brasil, Giaffone projeta um campeonato entre elas. Mas, mais do que isso – e sempre dependendo da aprovação anual de novos projetos –, a intenção de Felipe é dar a pelo menos quatro pilotos a oportunidade de começar a competir em uma Mirim ou Cadete na Granja Viana, com custos bancados pela escola.
“Com tudo dando certo, eu não duvido que em alguns anos nós consigamos colocar um destes alunos em uma Stock Car, totalmente incentivado pelo projeto”, finaliza.