O atual momento do kartismo brasileiro, que vive mudanças e indefinições no calendário e suas praças, passa por cancelamento do Pan e chega a novos motores (velhos, no caso da Sênior B), tem gerado conversas nos bastidores.
Conversas, que como em qualquer situação, apontam pessoas contentes ou descontentes. O jornalista José Barone, em seu blog Kartistas.org, deu sua opinião, que pode ser lida no texto abaixo, e que reflete o momento pelo qual o kartismo brasileiro está passando.
Confira:
FEVEREIRO QUENTE
A primeira semana de fevereiro começou agitada para o kartismo sul-americano e brasileiro. A primeira notícia, que pegou muita gente de surpresa, foi a de que o Pan-Americano 2010 não sairá do papel. Previsto para ser realizado na Argentina, o Pan era aguardado por muitos pilotos brasileiros, que começaram a olhar a competição com bons olhos desde o ano passado, quando foi realizado aqui no Brasil, no Velopark. O motivo da não realização é simples: motores.
Em entrevista ao site Allkart.net, o secretário-executivo da CIK/FIA, Sr. Vincent Caro, explicou que os motores Sudam (utilizados até o ano passado) tiveram suas homologações expiradas no último dia de 2009. Com isso, a CIK/FIA estipulou que os motores utilizados na competição a partir de 2010 seriam os caros motores KF.
Com pouco tempo - e dinheiro - para se adaptarem aos motores exigidos pela CIK/FIA, o Pan-Americano 2010 foi cancelado. Em conversa com o site KartGaúcho, o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro lamentou a não realização do Pan, mas admitiu que a decisão de não adotar os motores KF foi acertada, já que, os propulsores elevariam os custos da competição.
A expectativa é que, em 2011, o Pan-Americano volte a ser disputado com motores Sudam ou Shifter. Para isso, a CIK/FIA terá que entrar em um acordo com as entidades sul-americanas.
Levando em consideração que no Pan 2009, alguns pilotos chegaram a gastar mais de 100 mil mangos, imagine com os novos motores. Tá certo que os motores KF são utilizados na Europa e bla-bla-bla. O problema é que, na América do Sul, até onde eu saiba, não há tanta gente com bala na agulha para encher um grid com motores desses.
Já no Brasil
A mudança de motores no Brasil continua agradando uns e desagradando outros. A ideia de trocar os motores refrigerados a ar, pelos refrigerados a agua, foi bem aceita pela maioria dos pilotos e provocou fúria em alguns preparadores. Teoricamente mais resistentes, a mudança para os motores a agua veio acompanhada de uma série de limitações técnicas que, por consequência, diminuiria o "trabalho" dos preparadores e aumentaria a responsabilidade na compra de bons equipamentos (Vortex, Parilla, KTT e PPK) Estranhamente, ao anunciarem oficialmente a inclusão dos novos propulsores, a categoria Sênior B foi a "sortuda" em permanecer com os motores a ar. Mas, pra que?
Analisando sites especializados, comentários em fóruns e declarações de dirigentes, chega-se a conclusão que os pilotos da categoria Sênior B foram os escolhidos para bancarem, por mais 1 ano, aqueles que não se adaptaram às novas regras. Talvez tenha sido a forma que a CBA/CNK encontrou de agradar a aqueles que têm motores a ar e não têm condições financeiras para adquirirem os novos propulsores. Mas, afinal, porque a Sênior B?
No último campeonato brasileiro, a categoria Sênior B contou com a participação de 16 pilotos. 16, pois é, 16. Será que 16 pilotos serão os responsáveis por "levar nas costas" por mais 1 ano os motores a ar? Será que não seria podar o desenvolvimento dos pilotos Sênior B - que são novatos. Se há uma maneira de reduzir custos (motores a agua), porque não trocar? Para agradar alguns? O kartismo determina o mercado, cabe à aqueles que fazem parte deste mercado se adaptarem às novas tendências. Isso requer investimento? Com certeza. TODO negócio é assim! É simples, faremos uma comparação básica: Você tem uma loja que aluga roupas. Roupas caem de moda a cada 6 meses, portanto se essa loja não se renovar a cada 6 meses perde terreno. Com isso, perde clientes e, com isso, fecha. Há quantos anos os motores a ar tomam conta do Brasil? Era simples ver que a nova tendência seriam os novos motores. Então, porque não se prepararam?
A Sênior B é uma categoria de entrada. Com isso, os pilotos terão que adquirir motores a ar para correr neste ano - ah, tem um monte, é verdade! Mas, custa dinheiro - e, adivinhem, no próximo ano terão que comprar os motores a água.Ou seja, vão gastar duas vezes. Com isso, diminuiremos as entradas de novos pilotos Sênior neste ano.
É justo com o kartismo?