O carioca Felipe Polehtto venceu na última semana a Seletiva Tony Kanaan, que reunia oito pilotos de todo o Brasil, selecionados pela organização do evento.
Depois de dois dias de intensas avaliações, Felipe superou seus sete adversários e garantiu a vitória, recebendo como prêmio uma temporada na categoria Stock Car Jr, na equipe de Tony Kanaan.
O Kart Gaúcho entrevistou Felipe Polehtto a respeito deste importante passo em sua carreira. Confira:
Kart Gaúcho - Como funcionou a Seletiva Tony Kanaan?
Felipe Polehtto - A seletiva funcionou da seguinte maneira: havia dois carros à disposição dos oito pilotos selecionados, mas todos andavam sempre no mesmo carro e o outro ficava como um carro reserva. Cada piloto saía individualmente para dar suas voltas cronometradas e isto era feito em várias sessões durante os dois dias de testes. Havia sessões de 5 voltas, 3 voltas, 2 voltas, e em cada uma das sessões algum item era avaliado pelos jurados, Paulo Carcasci, Affonso Giaffone e Américo Teixeira. Na verdade a gente não ficava sabendo exatamente o que estaria sendo avaliado naquela sessão específica, mas acabávamos deduzindo. Poderia estar sendo avaliado itens como adaptação, regularidade, tomada de tempos, controle, arrojo, e também as informações que nós passávamos sobre o carro. Também fizeram parte da avaliação itens como comportamento, relacionamento com a equipe, marketing pessoal, e alguns outros itens de avaliação mais subjetiva.
KG - O que a vitória na Seletiva Tony Kanaan significará em sua carreira ?
FP - Acho que é a grande oportunidade da minha carreira, a chance que eu tenho para mostrar o meu valor e começar uma carreira verdadeiramente profissional. Estou "apadrinhado" com pessoas sérias e competentes e vou poder aprender muito com essas pessoas.
KG - Você vai correr somente na Stock Júnior ou ainda vai competir no kart em 2006?
FP - Isso ainda depende de algumas conversas, mas a prioridade é a Stock Júnior. Acredito que se não atrapalhar o projeto da Stock Júnior, não haverá nenhum problema em competir de kart. Algumas datas do kart vão bater de frente com a Stock Júnior e minha prioridade é esta categoria. Acima de qualquer coisa eu desejo retribuir ao Tony Kannan a responsabilidade e confiança que ele e os jurados depositaram em mim.
KG - Em que os ensinamentos do kart serão importantes na Stock Car Júnior?
FP - O kart é a grande escola do automobilismo, seja de fórmula ou de turismo. O kart nos ensina tudo, eu não acredito 100% em um piloto que não tenha passado alguns anos no kart. Arrojo, sensibilidade, ultrapassagens, defesas, reflexos.... enfim, o kart com certeza me ajudou em tudo isto e vai me ajudar muito na Stock Júnior, apesar de serem veículos tão diferentes. A outra coisa que o kart me ensinou é que você tem sempre que ter uma integração perfeita com sua equipe. Automobilismo é um esporte onde você depende de toda uma equipe integrada para que os resultados apareçam, precisa saber passar pelos momentos ruins com muito mais sabedoria do que nos momentos bons, e termos o equilíbrio e a cabeça fria para resolvermos o problema de forma consciente. Não adianta pular de galho em galho em busca de milagres. Aproveito para agradecer a minha equipe de kart, a Allatere Racing. Estamos trabalhando juntos há 5 anos, passando por momentos bons e ruins, mas sabendo sempre resolver os problemas com muita racionalidade. Agradeço muito também ao Rafael, da RBC Preparações, que sempre me proporcionou motores bons e confiáveis. Continuarei com eles até o dia que eu parar de andar de kart. E depois também.
KG - Quais as diferenças entre o kart e a Stock Car Júnior? Você já pôde verificar?
FP - Sim, eu já pude, e posso dizer que tem muito pouco em comum. Aliás, em comum eles só têm as quatro rodas e o fato de andarem em uma pista, o resto é tudo diferente. O Stock Júnior tem um câmbio seqüencial de 5 marchas e o kart que eu andei a vida inteira não tem câmbio. O kart utiliza pneu slick e o Stock Júnior pneu radial. O motor do Stock Júnior é completamente diferente e muito mais potente. A noção de visibilidade e de espaço, a performance em curvas, o tempo de freada, enfim.... são completamente diferentes. A tocada do Stock Júnior tem que ser arrojada e ao mesmo tempo suave, o carro chega a 200 km/hora e é difícil de colocá-lo dentro da curva sem escapar e perder tempo. Mas o fato dos pneus radiais terem uma reação tão diferente da que estou acostumado deve ser a maior diferença de todas. Ainda preciso me acostumar mais um pouco com isto.
KG - Qual a sensação de ter vencido pilotos, que assim como você, são considerados "top" no kartismo brasileiro?
FP - A sensação é de muita satisfação e muito orgulho. Realmente a disputa não foi fácil, todos os pilotos tinham seus méritos para estarem lá, e ainda tantos outros que certamente teriam gabarito para estarem lá também. Acho que eu fui um pouco mais feliz que eles no momento de realizar minhas sessões, entrei muito determinado e soube arriscar mais em alguns momentos prioritários. Talvez eu tenha "arriscado minha cabeça" um pouco mais que os outros. Valeu a pena.