Cenas como a da polêmica corrida de karts com motores Biland realizada em 2007 no Rio de Janeiro – que reuniu 65 pilotos no dia 23 de dezembro daquele ano e se tornou o estopim da crise entre a empresa que representa os propulsores Swissauto no país e a Confederação Brasileira de Automobilismo – devem ser mais constantes no cenário nacional do kart a partir de 2009. A expectativa é do empresário Paulo Breim, promotor de corridas de kart quatro tempos no Brasil e um dos maiores críticos da antiga gestão da CBA – que na última sexta-feira (16) passou para as mãos da chapa liderada pelo pernambucano Clayton Pinteiro, de oposição ao antigo presidente. Presente na assembléia que elevou Pinteiro ao cargo de comandante máximo da entidade, Breim comemorou a mudança e revelou que, sem a proibição do uso de motores Biland em território nacional, os campeonatos de kart de baixo custo devem voltar a crescer em 2009.
“A eleição de um novo presidente para a CBA abre espaço para o diálogo, e marca a transição de uma fase autoritária para outra que, certamente, terá um caráter mais democrático”, avaliou o empresário. “Em dezembro de 2007 conseguimos recolocar um grande número de karts em uma corrida realizada no Rio de Janeiro, e isso representou um marco para as provas com motores quatro tempos no país. Mas, por pressão da CBA, nosso equipamento foi impedido de ser utilizado em provas supervisionadas pelas federações estaduais, e só conseguimos manter a Biland na ativa graças a processos na justiça comum. Bastou, no entanto, ocorrer uma mudança no comando da entidade para que recebêssemos alguns telefonemas e e-mails de clubes e federações que gostariam de ter nosso equipamento em seus campeonatos regionais”, revelou Breim.
Além de ter iniciado o renascimento do kartismo no Rio de Janeiro em 2007, a Biland já era a responsável pela manutenção de grids no Campeonato Paulista de Kart – torneio no qual a categoria reunia em média 50 pilotos por etapa. Esse número representava, na época, mais que o dobro do total de inscritos nas demais divisões do estadual de São Paulo, e evaporou da noite para o dia após a proibição ao uso de motores Biland imposta pela antiga gestão da CBA. “Queremos voltar a promover um Campeonato Paulista forte, e também levar a proposta dos torneios Biland para outros estados brasileiros”, afirmou Breim. “Os próximos quatro anos serão, certamente, de muito diálogo e de muito trabalho pelo kartismo de base no país”, acrescentou.
Na opinião de Breim, o embate com a CBA teve apenas um ponto positivo para o kartismo brasileiro, que foi a obtenção de um acordo de cooperação com clubes ingleses para a participação de pilotos brasileiros em torneios no Reino Unido a custos reduzidos. “Recebemos o apoio de clubes do mundo todo porque, ao contrário do que se imagina, nossa briga com a CBA repercutiu internacionalmente. Como nos países europeus os pilotos são livres para correr onde bem entendem, os organizadores de eventos de lá se solidarizaram conosco e abriram caminho para que levássemos brasileiros para correr na Inglaterra, por exemplo, com filiação européia. Talvez não tivéssemos conseguido isso se não tivéssemos sido perseguidos pela CBA aqui no Brasil”, avaliou Breim. Em 2009, pilotos brasileiros poderão correr no Reino Unido gastando o equivalente a uma corrida de motores dois tempos realizada em São Paulo, já inclusas as despesas de viagem.
De volta a São Paulo horas depois de acompanhar a assembléia eletiva da CBA, Breim afirmou que já começou a trabalhar para a temporada de 2009. “Temos um motor totalmente novo para este ano, e muito trabalho a fazer. Para mim, a mudança do presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo serve de resposta a todas as dúvidas que surgiram durante nossa disputa com a entidade, que chegou até mesmo à esfera jurídica. Acredito que os problemas ocorridos no kart contribuíram muito para a vitória da chapa de oposição, e isso mostra que, de certa forma, tínhamos razão em pedir mais transparência e diálogo. Nesta sexta-feira, o kart ganhou um novo fôlego para continuar formando talentos em todo o Brasil, e temos muito orgulho de ter participado ativamente desse processo”, encerrou o empresário.