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13/04/2016 17:10

ESPECIAL: Projeto comandado por Felipe Giaffone visa aperfeiçoamento dos Comissários Desportivos

Fonte: Portal Kart Motor - Erno Drehmer


Foto: Erno Drehmer

Imagens da pista são acompanhados ao vivo na sala dos Comissários Desportivos


Facilitar o trabalho dos Comissários Desportivos e melhorar a qualidade de suas decisões. Esta é a proposta de um trabalho capitaneado por Felipe Giaffone, que há sete anos exerce esta função em provas da Fórmula 1 – e que tem larga história de vitórias e títulos no automobilismo brasileiro e mundial como piloto.

Proprietário do Kartódromo Granja Viana, que sedia as etapas da Copa São Paulo, Giaffone tem se valido exatamente dos incidentes acontecidos nestas corridas para dar início a um programa, que envolve os Comissários Desportivos que nelas atuam. “Compilamos diversos incidentes e acidentes acontecidos nos últimos tempos e, com isto, fazemos um treinamento mais específico com os Comissários, buscando minimizar as polêmicas na hora das decisões”, explica.

Cada incidente, é bom lembrar, pode ter várias interpretações e o que esta iniciativa busca é exatamente estreitar e diminuir as chances de erro. Com mais acertos, e, por conseguinte, com menos polêmicas e menos reclamações. “Queremos que as punições que ‘cada cabeça’ pensa sejam as mais parecidas ou próximas possíveis umas das outras”, conta.

Para ajudar – e muito – na tomada de decisões, a organização da Granja Viana está utilizando as mesmas câmeras que utiliza nas transmissões ao vivo de suas etapas. Assim, na sala dos Comissários Desportivos – assim como na Fórmula 1 ou Stock Car, por exemplo –, em uma tela de televisão, as imagens de todas as câmeras estão disponíveis em tempo real ou, se preciso, gravadas para nova visualização em caso de algum incidente que mereça análise ou eventual punição. “A oportunidade que recebi da CBA de ser Comissário Desportivo na F1 me mostrou como isso tudo funciona e resolvi trazer esta experiência para todos. É uma obrigação nossa fazer este trabalho”, mostra.

“Com as câmeras cobrindo grande as disputas, podemos ter menor número de Comissários na pista. Com eles na torre, é possível uma visão bem maior do que acontece lá dentro”, salienta Felipe. “Com todos juntos – e com as imagens à disposição para ver e rever –, a decisão fica mais fácil de ser debatida e tomada da forma mais correta possível. Ver a imagem apenas uma vez, ao vivo, no momento do acidente, não é o ideal. A maioria dos acidentes gera muitas dúvidas e é preciso ver a cena várias vezes para uma boa decisão. E ninguém consegue ver todas as disputas e todos os incidentes ao mesmo tempo, digo isso por experiência própria”, completa.

“Além disso, é possível mostrar para o reclamante ou para o piloto punido, em imagens, o porquê de tal decisão. Enfim, nada é melhor do ter a imagem para fundamentar uma decisão. Por isso comecei a investir em câmeras”, emenda.

Felipe Giaffone conta que este trabalho está sendo feito a cerca de um ano e meio na Granja Viana. “Ainda não do jeito que eu queria, estamos aperfeiçoando. Já fizemos algumas reuniões onde mostramos imagens antigas e cada um dá sua punição. É como uma prova de escola”, brinca.

Por outro lado, os pilotos envolvidos em acidentes e, por consequência, punidos, estão sendo chamados para uma reciclagem nas provas promovidas e supervisionadas pela LPA. “É preciso mostrar aos pilotos que uma eventual ‘pilotagem agressiva’ nem sempre é correta e também eles precisam receber um treinamento e explicações do que é ou não é antidesportivo”, aponta Giaffone.

Com a chegada da Liga Paulista de Automobilismo e, especialmente, do lançamento da Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo (ABPA) nesta quinta-feira (14), o trabalho de aperfeiçoamento dos Comissários Desportivos ganha uma conotação ainda mais importante. “Tem tudo a ver com a LPA e a ABPA, pois pretendemos dar uma abrangência nacional a este trabalho, afinal o treinamento vem ao encontro do que os pilotos reclamam, ou seja, erros nas decisões dos Comissários”, ressalta.

Inicialmente todo este trabalho está sendo executado em provas da LPA – Granja e Piracicaba –, mas com a chegada da ABPA os horizontes se alargaram, segundo Giaffone. “A ABPA é do Brasil, dos pilotos brasileiros, e logicamente todo este esforço será repassado a quem se interessar, a começar pelas federações estaduais. Começamos no kart, mas a ideia é irmos para todas as esferas do automobilismo”, reafirma Felipe Giaffone.

Responsável direta por todas as competições no Brasil, a Confederação Brasileira de Automobilismo, segundo Giaffone, é parceira desta iniciativa. “É claro que a ABPA chega com uma visão diferente da CBA em muitas coisas e em algumas vezes ‘baterá’ na Confederação”, afirma. “Mas tenho falado com o presidente Cleyton, e acho que esse é um trabalho, feito em conjunto com os pilotos de cada categoria, que a CBA julga muito necessário. É um trabalho que nunca foi feito – até mesmo porque é muito difícil de executar –, mas que, em conjunto com a CBA, a ABPA está aí para fazer”, completa.

Um erro de um Comissário Desportivo gera, segundo Giaffone, um desabafo mais forte de um piloto, que desce do carro de “cabeça quente”. Ele, desta forma, “bate” na CBA, que nem sempre tem a culpa direta deste erro, já que, em seu entender, a entidade não treinou o Comissário da forma que deveria ter treinado. “Padronizar e aperfeiçoar a qualidade do trabalho dos Comissários é uma necessidade que todos têm, desde pilotos e chefes de equipe até a própria CBA”, finaliza.

Nesta quinta-feira (14), no Kartódromo Granja Viana, acontecerá o lançamento da ABPA, que chegará com novas e interessantes propostas para o automobilismo brasileiro. Mas, isso é assunto para outra matéria.

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