Wagner Pereira da Silva é hoje “figura carimbada” no mercado do kart – provavelmente no passado nem ele imaginava tal perspectiva. Gerente de produtos de força da Linha Honda, representado pela Agraupe, uma das maiores revendas do Brasil da multinacional japonesa com 40 anos de mercado, Wagner tem o mérito de colocar anualmente cerca de 1.000 motores, utilizados em competições oficiais ou mesmo no âmbito lazer. Com um estilo agressivo de vendas e um carisma contagiante, ele é o responsável direto pela venda e migração dos motores que tinham utilidades amplas, mas pouco exploradas no kart.
Wagner colocou em pratica uma política de proximidade com marcas e fabricantes, mas principalmente com preparadores e contato direto com pilotos – apoiando efetivamente muito deles em competições oficiais, solidificando a atuação da revenda e da marca fabricante.
O início - Como todo bom vendedor, procurou alternativas para utilizações dos motores, em especial os de 5,5 hp e 11 hp em um nicho não explorado – uma vez que tais propulsores têm vasta utilização comercial como geradores, propulsão pluvial, construção civil entre outras.
Procurando um fabricante de chassis e observando o crescimento dos karts indoors na época, a iniciativa demorou um pouco para deslanchar, conta Wagner. “Fiz uma adaptação em um chassi Moro pensando em vender alguns motores, mas não imaginava que teria um envolvimento tão grande. Meus colegas brincavam comigo, pois o kart ficou ‘pendurado’ na loja por algum tempo”, lembra.
Mostrando que estava no caminho certo, Wagner começou a colher bons frutos do empenho, uma vez que o mercado de competição de motores 2 tempos exige uma manutenção cara para vencer corridas, enquanto que o motor GX 390, o famoso 13 hp, se mostrou rápido e de grande economia, preenchendo uma lacuna existente.
Para se ter uma idéia, somente o Campeonato Paulista da Granja Viana – hoje o certame mais disputado e de elevado nível do país - teve na F4, entre todas categorias participantes, o recorde inclusive no Play-off, uma média de 42 pilotos por prova utilizando os motores Honda. Um verdadeiro sucesso, em uma competição profissional e com disputas acirradas – aliado a um nível altíssimo de pilotos e custo baixo de manutenção. A fórmula do sucesso.
Pelo Brasil afora - Wagner não mede esforços quando se trata de incentivar um piloto que está iniciando ou querendo retornar às pistas em uma categoria competitiva, emocionante e rápida. Visita kartódromos e parceiros em todo o Brasil, e nos acordos que estabelece, concretizou uma parceria inusitada e altamente vantajosa para o piloto, fornecendo o motor totalmente preparado e pronto via Agraupe para ser montado no chassi – com preparação do competente Paulinho da PEW preparações - ao invés de comprar o motor e passar pelo dispendioso e demorado processo de adaptação do propulsor as pistas.
Em sua visão o foco deve ser mantido no mercado de lazer, que segundo ele representa 70% das vendas, enquanto que o de competição traz visibilidade na mídia e confiabilidade do produto.
500 Milhas - Diante de tal panorama e atuação, a Agraupe, em parceria com a Honda, não poderia estar longe das 500 Milhas da Granja Viana – maior competição na categoria 4 tempos, que dispensa apresentações pela sua dimensão e exposição, não somente no Brasil, mas também mundialmente.
Wagner conta que tal participação tem o objetivo de fortalecer o nome do produto, e de certa forma, uma presença obrigatória na prova por tudo que realizaram no mercado 4 tempos. A última edição, realizada no dia 27 de novembro no Kartodromo da Granja Viana, foi vencida pelos brasilienses Lu Boesel, Yann Cunha e Luis Cordeiro Filho.
Wagner especula promover uma 6 Horas na lacuna deixada, uma vez que em 2011 a famosa prova será realizada no parque temático Beto Carreiro. A idéia seria realizar a 6 Horas nos mesmos moldes em que está realizando as 6 horas da Aldeia da Serra, no próximo dia 18, uma prova para amadores e profissionais confraternizando e comemorando o final de temporada do kartismo brasileiro.
Passando longe das chamadas “provas piratas” – realizadas sem segurança ou chancela das federações e CBA – Wagner recebeu a presença ilustre do Presidente da CBA Sr. Cleyton Pinteiro no motor-home da Agraupe / Honda, com a intenção de iniciar tratativas de criar uma categoria que seja intermediária entre o kartista amador / profissional e com custos diferenciados, inclusive em inscrições e carteira de piloto.
Evolução e Revolução - Para 2011 as perspectivas são as melhores possíveis – segundo o “desbravador dos 4 tempos” a nova versão do motor, agora denominada T2, traz uma serie de aperfeiçoamentos na parte mecânica do propulsor como pistão, comando e cabeçote, minimizando as mudanças que os preparadores são obrigados a realizar para as competições – resultando em maior durabilidade e desempenho.
Mas a “cereja do bolo” fica realmente por conta da parte elétrica, com acréscimo de uma CDI junto a bobina, minimizando o corte de giros do motor na faixa dos 6.200 RPMs, aumentando significativamente a potência e resolvendo o latente problema de torque, uma carência quando se tratava de reaceleração em curvas de baixa, característica que se tornou típica nestes karts, e que obrigava o piloto a ter um estilo de pilotagem muito mais limpa e suave para corrigir tal deficiência.
Segundo testes de dinamômetro – isto é coisa do passado – mas num futuro próximo parece que devemos estar diante do “Sr. F4” do kartismo nacional – munido de muito trabalho, criatividade e simpatia.