Incentivado por grandes nomes da Stock Car, como Andreas
Mattheis, César Ramos, Gabriel Casagrande, Felipe Fraga, Thiago Camilo e Tony
Kanaan e as equipes Blau Motorsport e Ipiranga Racing, o carioca Douglas Mattos
vem chamando a atenção no kartismo do Rio de Janeiro.
Mas não é por este apoio que este piloto de 37 anos se
destaca. Douglas Mattos, de Petrópolis (RJ), tem paralisia cerebral e fez sua
estreia no kartismo em janeiro, quando disputou a Copa Sérgio Maurício, em
Guapimirim.
Mattos foi o 17º colocado em um grid composto por 20
pilotos, mas o resultado foi o menos importante. “Foram emoções
indescritíveis, uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida, depois,
é claro, do meu casamento e do nascimento do meu filho”, contou Douglas
Mattos. “O kartismo significa uma mudança em minha vida e só tenho a
agradecer a esses ‘caras’ que estão me ajudando e apoiando a minha causa”, completou.
A meta de Douglas Mattos em sua estreia no kartismo era dar
o seu melhor e terminar a prova, realizada sob forte chuva, uma nova
dificuldade para o piloto. “Sentar no kart pela primeira vez em uma corrida
já foi, por si só, uma emoção especial”, relembra. “Foi tudo muito
intenso e me inspirei no Ayrton Senna para ir até o final. Agradeço à equipe A.
Mattheis, aos meus pais, minha esposa e patrocinadores”, emendou Douglas
Mattos, que é patrocinado pelas empresas Erictel Telecom, Raumak, Júpiter
Baterias e Fast Pizza.
Em sua temporada de estreia, Douglas Mattos disputará o
Campeonato Carioca em Guapimirim na categoria Rental Médios, um torneio amador em Volta Redonda e eventos
beneficentes em Campinas e em Interlagos. E pretende ser o primeiro piloto com
paralisia cerebral com participação em um evento nacional, a Copa Brasil, que
será disputada em julho no Kartódromo Beto Carrero. Para tanto, ele procura
aprimorar sua forma física com uma intensa agenda de treinos em academia e na
pista e também com sessões de fisioterapia.
Douglas Mattos não esconde sua decepção com as dificuldades
que passou por conta de sua deficiência. “Vivi muito preconceito e
dificuldades para as pessoas me aceitarem. Mas superei e continuo superando até
hoje. É uma luta diária e sei que tem mais pela frente”, comenta. “Mas
não me abato, muito pelo contrário, enfrento tudo com muito otimismo e muito
apoio”, finaliza.
A paralisia cerebral atinge 17 milhões de pessoas no
mundo e no Brasil tem uma taxa de incidência de sete a cada mil nascidos vivos.
De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), órgão do
Ministério da Saúde, a Paralisia Cerebral (PC) é uma deficiência mais comum na
infância e é caracterizada por alterações neurológicas permanentes que afetam o
desenvolvimento motor e cognitivo, envolvendo o movimento e a postura do corpo.
Essas alterações são secundárias a uma lesão do cérebro em
desenvolvimento e podem ocorrer durante a gestação, no nascimento ou no período
neonatal, causando limitações nas atividades cotidianas. Apesar de ser complexa
e irreversível, as pessoas com PC podem ter uma vida rica e produtiva, desde
que recebam o tratamento clínico e cirúrgico adequados às suas necessidades.