No último sábado (26), durante a disputa da 9ª etapa da Copa São Paulo Granja Viana – onde também estava presente Rubens Barrichello – uma foto e seus desdobramentos mudaram a "cabeça" de Alexandre Oliva, pai do piloto Guilherme Oliva, da Cadete.
A foto, seus desdobramentos e, sim, um pequenino passarinho, mostraram para Alexandre Oliva que o kartismo é, antes de tudo, um esporte, um esporte que – como todos os outros – deve ser considerado apenas um.... esporte. Nada mais que isso, pelo menos quando se trata de nossos filhos, em nosso relacionamento com eles e com as demais pessoas que fazem parte do esporte.
Convido-os a ler o relato emocionante, escrito pelo próprio Alexandre Oliva – a quem já parabenizei e parabenizo novamente –, de como estes fatos mudaram sua cabeça. Leiam... e reflitam!!!
Quando tirei essa foto, não tinha ideia do quanto ela poderia vir a mexer comigo depois que a visse com mais calma, depois de tudo já ter se acabado.
Poderia falar muita coisa sobre ela...
Tratava-se de um momento que ele estava sozinho, sentado no deck de um dos templos sagrados do kartismo nacional.
Ele não sabia que eu estava atrás dele para tirar essa foto.
Após tirar a foto, simplesmente a coloquei em minha caixa de imagens do celular e o guardei.
O que se passava em sua cabecinha de apenas 11 anos?
Fiquei preocupado, pois naquele momento era uma pressão imensa em cima dele.
Já se passaram 16 corridas no ano, só nessa pista, disputando com os melhores pilotos de kart do Brasil na Cadete e... nenhuma vitória ainda.
Tá certo que inúmeras vezes ele quase venceu, se não fosse um probleminha técnico.
Tá certo que algumas vezes a vitória lhe foi arrancada de forma covarde a poucos metros da chegada.
Mas “o quase”...”o quase” ninguém se lembra.
Ele precisava ganhar. Sim, pelo menos para os outros, ele precisava ganhar.
Como que um menino que está disputando um dos campeonatos mais difíceis do Brasil e que está na terceira posição ainda não ganhou corrida aqui?
Seria esse o seu pensamento naquele momento?
Talvez não. Talvez já estivesse com a cabeça no dia que ainda estava por vir, na 9ª etapa do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Ali a situação estava mais tranquila, bastava mais uma vitória em duas corridas para se sagrar Campeão Estadual... Qual a estratégia para amanhã? Será que estava pensando isso?
Já sei!!! Ele está admirando um dos pilotos ícones do automobilismo nacional, o recordista em participações na Fórmula 1. Sim, ele estava lá a poucos metros da gente, se preparando para uma largada que terminou em uma vitória fantástica.
Só podia ser isso então.
E ao me aproximar de meu filho, nesse exato momento em que registrei a foto, eu lhe perguntei no que estava pensando, se estava nervoso, se estava planejando, se estava admirando?
E sua resposta me deixou tonto e me fez sair imediatamente de perto dele para que não mostrasse meus olhos cheios de lágrimas.
- Pai... faz um tempão que eu estou vendo um passarinho. Ele tem um ninho dentro de um pneu que rodeia a pista. Ali, tá vendo? Ele toda hora sai e volta com um mato em seu bico. Ele está fazendo sua casa para seus filhotes...
...
Como pode?
...
Nós pais às vezes colocamos em nossos pequenos filhos pressões que não devem ser atribuídas a eles.
Nós pais muitas vezes queremos que nossos filhos sejam algo que talvez eles não queiram ser, ou que ainda não estão preparados para ser.
Nós pais às vezes perdemos a oportunidade de vivenciar momentos simples da vida com nossos filhos devido a pressões que NÓS mesmos colocamos em suas costas.
Naquele momento tudo sumiu. O peso nas minhas costas, que eu estava colocando nas costas dele, acabou. A angústia, o nervosismo, tudo havia passado por um momento. O que eu estava fazendo ali era apenas um esporte, não uma cruz para meu filho carregar.
Descobri naquela hora, naquele momento, que a coisa mais importante era ter visto um ninho de passarinho com meu filho.
Ele me deu um “banho” com sua calma e simplicidade.
...
Bem.
A vitória veio.
Sim, ela veio e em grande estilo. Na última volta.
Uma das mais bonitas ultrapassagens do dia, dito pelo diretor de prova.
O melhor tempo do dia da categoria
45 pontos conquistados em 50 disputados.
E lá, na outra pista, dos 22 pontos em disputa conseguimos os 22 pontos e ele se sagrou Campeão Estadual.
Em menos de 24 horas ele disputou quatro corridas. Venceu três e ficou em 2º na outra.
Quer coisa melhor que isso???
Acreditem, o passarinho foi a melhor coisa.
Obrigado meu filho.
Você não precisa ser campeão para os outros.
Você já é o “MEU” campeão.
E é isso que importa!!!