Atual campeão Brasileiro da Mirim e com uma carreira internacional em pleno desenvolvimento, com 11 corridas já realizadas, Victor Uchôa (Unimed Natal | Banco do Nordeste | Faculdade dos Guararapes | Livraria Câmara Cascudo | Sterbom | Lápis de Cor | Hotel Sombra e Água Fresca) vive um drama.
Pensando que, ao completar recentemente dez anos, ele pode ganhar de presente o fim de uma carreira por falta de apoio dos órgãos públicos, Victor relata a falta de maior investimento para continuar o planejamento. Só os parceiros da iniciativa privada não são suficientes. O sonho do jovem pode ser suspenso pela ausência de patrocínio. Apontando como a solução imediata o incentivo do Governo do Estado, o piloto poderá continuar representando o Rio Grande do Norte no Brasil e nos circuitos internacionais.
Uchôa iniciou a temporada no mês passado no Circuito de La Conca, na Itália, no WSK Master Series, espécie de mundial com mais de 80 inscritos. A competição, que é transmitida ao vivo para toda a Itália, também tem sinal liberado para todo o mundo através da internet Mas, para continuar na disputa e seguindo seu planejamento, ele revela a única solução.
“Já procurei a Prefeitura de Natal, a minha cidade, mas a alternativa é o Governo do Estado. Espero que a governadora Rosalba Ciarlini perceba a importância desse momento na minha carreira para continuar esse sonho e divulgar o meu estado, trazendo mais turistas para cá”, desabafa.
Victor conta que a próxima prova será pelo WSK Master Series Itália, em Castelletto de Branduzzo. As passagens já foram adquiridas, mas o embarque para Itália, previsto para o dia 23 de março próximo, está ameaçado. Tudo por conta dos altos custos e pela falta de recurso.
“O investimento para uma prova como essa é de R$ 18 mil. Mas, sem algum apoio por parte dos órgãos públicos, com uma política de incentivo voltada para o esporte, não temos como ir. Infelizmente, iremos cancelar nossa passagem e aguardar se, de fato, o patrocínio tão prometido vai surgir. Se isso ocorrer, será uma forma de valorizar tudo o que está sendo feito com tanta dedicação ao representar Natal e o Rio Grande do Norte por onde ele passa, seja na Itália, Espanha, Portugal, no Brasil, e em todo calendário extenso de provas”, explica Gláucio Uchôa, pai do piloto.
A sugestão do governo estadual é destacada por Victor, mas ele convida outros patrocinadores para investir na carreira de um piloto vencedor, com um calendário de provas amplo, na Europa, Estados Unidos e Brasil. Esse ano ele disputará o campeonato nacional nas categorias Cadete e Super Cadete, nível maior que a Mirim, onde se consagrou campeão brasileiro em 2010, sendo o primeiro vencedor da categoria da história do automobilismo do Rio Grande do Norte.
Mas Victor quer mais. Ele vai intensificar sua rotina de treinos para subir nos pódios das baterias pela frente. Para isso, Uchôa iniciará uma intensa preparação em Interlagos (SP), onde terá as condições adequadas para continuar em ascensão.
“No kartódromo de Natal, a pista não tem menor condições de treinamento. É muito irregular. Além disso, há a possibilidade de demolição do espaço. Vou me preparar em São Paulo, num traçado mais utilizado nas provas que participo. Chegou a hora mais importante da minha carreira. A responsabilidade aumentou, pois o que foi feito no Brasileiro será cobrado, e eu sei o quanto isso é importante e mexe comigo, mas sem patrocínio forte fica impossível representar o meu estado, as minhas origens”, disse o piloto.
Em dezembro de 2010, Victor Uchôa foi à Brasília buscar apoio junto ao Ministro dos Esportes, Orlando Silva, para aprovação de um projeto de Lei de Incentivo ao Esporte. Avaliado em 623 mil reais, o projeto solicita que 1% do valor a ser pago do imposto de renda de pessoas jurídicas e 6% de pessoas físicas possa ser destinado ao atleta como forma de patrocínio ao automobilismo.
Para que o projeto seja aprovado, se faz necessário o aval de uma federação de automobilismo. Federado pela FPA, Federação Potiguar de Automobilismo, Victor buscou na entidade a liberação de execução do plano, a qual se mostrou desinteressada. Numa atitude alheia aos verdadeiros interesses do esporte, a FPA alegou não ter tempo de estar sempre fiscalizando o projeto o qual, sem muito esforço, garantiria retorno a instituição de 5% do valor total.
“Eu fico triste com tudo isto, mas espero que haja atenção com o esporte potiguar. Eu nasci aqui e quero continuar vestindo a macacão, defendendo as cores daqui, da minha terra”, relata Uchôa, destacando que as empresas que investem na carreira atualmente são importantes para garantir a sustentação mínima para continuar sonhando.
Procurando dar procedimento ao projeto, Victor Uchôa e Gabriel Sereia, kartista do Mato Grosso também contemplado com a iniciativa, o potiguar buscou apoio do governo mato-grossense, que tomará frente do projeto, representando os ideais dos dois pilotos.