Um fato triste foi notado na prova que abriu a 8ª Copa Centro-Oeste no último final de semana no Kartódromo do Guará, em Brasília (DF). Para ganharmos tempo, podemos adiantar que os troféus entregues aos campeões e vices de 2009 descontentaram pilotos e pais de pilotos. “Não é um troféu digno para um campeão, foi uma falta de respeito. Utilizaram sobras de outras provas e deram aos meninos”, disse Geovane Gonçalves, pai de João Pedro Custódio, campeão da Mirim em 2009.
Reginaldo Fortes, pai do piloto Pedro Fortes, comentou no site Kart Gaúcho, que seu filho também ficou constrangido com o troféu que recebeu e pede mais profissionalismo dos dirigentes. Segundo ele, em todos os pódios de que participaram – e não são poucos – foram tratados com pouca consideração. Os irmãos João e Marcos Vieira, filhos de Antonio Vieira, presidente da Federação Tocantinense de Automobilismo, também ficaram descontentes, e muitos outros, de uma forma ou outra, demonstraram seu aborrecimento.
Todos sabem o quanto é caro correr de kart no Brasil, e neste “caro” estão incluídos itens os mais diversos possíveis, como pneus, combustível, chassi, peças, viagens, hospedagens, motores, preparadores e taxa de inscrição, entre alguns outros não citados.
E sabem todos que, exceção feita à Seletiva Petrobras, o único prêmio que um piloto recebe ao final de uma prova ou de um campeonato é o troféu. A CBA tem dado alguns prêmios diferentes e ultimamente vemos um convite para o GP Brasil de Fórmula 1 e outro para um piloto participar de um novo campeonato mundial organizado pela CIK, este sem dúvida um prêmio de vulto. Mas, são exceções, e não regras.
Voltando um pouco mais no tempo, sabemos que duas competições nacionais, encerradas em 2009, não tiveram seus troféus entregues aos campeões e vices, o Sul-Brasileiro e Centro-Oeste. Em seu regulamento, estas competições continham a indicação de que os troféus deveriam ser entregues pela CBA, o que não ocorreu, já que a tradicional festa para isto não foi realizada em 2010.
Algumas categorias de automobilismo receberam a famosa “Deusa da Vitória”, troféu criado pelo artista Paulo Solaris, enquanto que as competições nacionais de kart que definiam seus campeões em um único final de semana tiveram seus pilotos premiados na hora do pódio. Estes dois campeonatos, porém, ficaram sem troféus, pois a indecisão sobre a responsabilidade, se da CBA ou das federações organizadoras, impediu que fossem entregues.
Depois de reuniões e alguma pressão, o Sul-Brasileiro entregou seus troféus na prova que abriu a sua temporada 2010. As federações providenciaram o troféu, muito bonito e de forte presença, e a CBA, gentilmente, segundo Rubens Gatti, presidente da CNK e da Federação Paranaense de Automobilismo, quitou a fatura.
O mesmo deveria ter acontecido no Centro-Oeste e depois de alguns emails trocados, Napoleão Ribeiro, presidente da Federação de Automobilismo do Distrito Federal (FADF), garantia no último dia 20 a entrega dos troféus no domingo que passou, na abertura da edição número 8 da competição. Porém, Napoleão informava no mesmo email que recebera de última hora a notícia que a CBA não entregaria os troféus e que as federações do Centro-Oeste deveriam agir como as do Sul-Brasileiro. Ou seja, elas mesmas confeccionar os troféus e fazer a entrega.
O que aconteceu? Os pilotos receberam os troféus que todos podemos ver na foto abaixo, no pé da página.
Conversamos com Binho Carcasci, conselheiro da CNK, que estava na competição neste final de semana organizando uma etapa classificatória de seu evento, a Seletiva de Kart Petrobras. “Eu estava lá exclusivamente como Seletiva, não representava a CNK. Ouvi as reclamações e vou encaminhá-las ao Rubens Gatti, presidente da CNK”, disse o dirigente.
Isto posto, conversamos com Rubens Gatti, que foi categórico. “Tanto o Sul-Brasileiro como a Copa Centro-Oeste são competições autorizadas e reconhecidas pela CBA, mas promovidas e organizadas pelas federações que integram estas competições”, disse Gatti. “E é de responsabilidade das federações a entrega dos troféus. A CBA se responsabiliza pelos troféus das competições dela, Brasileiro e Copa Brasil”, emendou.
Segundo Gatti, a nova direção da CBA, que assumiu no início do ano passado, optou por uma mudança de direção e competições por região, como o Centro-Oeste, Sul-Brasileiro e o novo Sudeste, por exemplo, foram entregues novamente às federações locais. E por esta diretriz passa também a premiação. “A CBA devolveu a autonomia destas competições às federações assim que a nova diretoria assumiu”, explicou Gatti.
O próximo passo foi dar a palavra a Napoleão Ribeiro, presidente da FADF, que foi bastante categórico e incisivo. “Pelo regulamento do campeonato, era a CBA quem deveria entregar os troféus. O regulamento de 2009 dizia isso e, se a CBA não queria entregar, que tivesse feito um adendo repassando a responsabilidade”, disse o presidente.
Segundo Napoleão, sua federação assumiu a responsabilidade para não deixar os pilotos sem troféu. “O problema é que as federações não têm como bancar um troféu caro como deve ter sido o ‘Deusa da Vitória’, que acho também que é o troféu que os pilotos deveriam ter recebido”, afirma.
O grande problema, de acordo com o dirigente, foi a expectativa criada pela CBA através de sua assessoria de imprensa, que divulgou nota na mídia dizendo que os campeões receberiam a “Deusa da Vitória”. “O troféu que entregamos aqui é simples, mas não considero de baixa qualidade, são os mesmos que entregamos aos campeões estaduais ano a ano. Volto a dizer que está dentro das possibilidades que nossa federação tem. Não foram muitos os que reclamaram, apenas dois pelo que sei, mas admito que alguns podem ter se calado para não dar confusão”, diz. “Mas não temos culpa se a expectativa criada foi outra e se quem deveria ter entregue os troféus não os entregou”, completa Napoleão Ribeiro.
O presidente da FADF diz mais. “Fiquei sabendo que a CBA não entregaria os troféus na terça passada, dia 20. Tínhamos um feriado no dia seguinte, quarta, 21, e apenas a quinta e a sexta-feira para tentar providenciar novos troféus. Ou seja, não havia tempo para mais nada, e nos restou apenas esta opção, a de usar troféus que tínhamos conosco”, encerra Ribeiro.
Bem, o balanço final das conversas e reclamações nos leva a pedir que assuntos como este sejam trabalhados de uma forma mais “pensada” pelos dirigentes e/ou promotores. Se estava escrito no regulamento – e realmente está, basta abrir o regulamento e ler – que era a CBA quem deveria ter entregue os troféus, a CBA deveria ter entregue. E pronto.
O troféu é o único prêmio que um piloto leva para casa, depois de tanto gastar para correr, por exemplo, nove etapas espalhadas por Goiás, Distrito Federal e Tocantins. Vamos combinar que este troféu tem que ser “top”, do mesmo jeito que gostaríamos que nosso kartismo passasse a ser.
E vai um alerta: no regulamento de 2010 do Centro-Oeste e Sul-Brasileiro consta que os troféus aos campeões e vices serão entregues pela CBA. Não caberia uma conferida para não termos que passar por isso novamente?