Quatorze meses depois de sua última participação em um final
de semana de corrida, Guilherme Samaia pôde, finalmente, voltar a sentir o
sabor da competição. O piloto paulistano, que faz sua estreia na Fórmula 2 –
degrau imediatamente abaixo da Fórmula 1 – foi para a pista nesta sexta-feira
(3) no Red Bull Ring, autódromo localizado em Spielberg, na Áustria, para a
primeira das oito rodadas duplas confirmadas da categoria.
O cronograma de atividades da F2 é extremamente apertado –
apenas um treino livre de 45 minutos e a classificação de meia hora. Assim,
Samaia pôde completar algo em torno de 34 voltas – a melhor delas, em
1min15s703, o que lhe deu a 19ª colocação no grid de largada entre os 22
inscritos. A pole position ficou com o chinês Guanyu Zhou, da UNI-Virtuosi, com
1min14s416.
“Começamos com um pouco de dificuldade em relação ao
acerto do carro no treino livre. Ainda tenho muita experiência para adquirir
com os procedimentos de preparação e conhecimento do carro, e só fiquei a dois
décimos do meu companheiro de equipe, que é um dos mais experientes do grid,
então no fim até achei bom”, afirmou o paulistano de 23 anos sobre Jack
Aitken, seu companheiro na Campos Racing.
Para a definição do grid de largada, os 22 pilotos têm
apenas 30 minutos para conseguir suas melhores voltas e tirando o máximo do
equipamento – com pouca gasolina no tanque e pneus novos do composto mais macio
fornecido pela Pirelli. Samaia tinha dois jogos destes pneus, e o brasileiro
estreante da F2 ainda não tinha pilotado o carro nestas condições.
“Foi minha primeira vez com esse composto de pneu macio –
diferente do que eu tinha usado até então – e aí fui sentindo a aderência cada
vez mais. Um jogo de pneu macio novo só funciona bem em duas voltas rápidas, e
depois ele já começa a perder muito desempenho. A adaptação tem de ser muito
rápida, e como é um carro muito diferente de se guiar, até você achar o momento
certo é mais complicado”, apontou. “Fui melhorando, e todas as voltas
com os macios meus tempos melhoravam. Infelizmente fui um dos prejudicados com
a bandeira vermelha no fim do classificatório, porque só tive uma volta com o
segundo jogo; na segunda eu vinha melhorando bem, mas aí veio a bandeira
vermelha e não pude completar”, disse.
Faltavam 5min25s para o final da sessão quando Marino Sato
rodou na pista e causou a interrupção momentânea da classificação, e no retorno
Samaia já não dispunha da melhor condição de seu jogo de pneus para fazer a
derradeira tentativa. “No fim não fiquei tão longe do meu companheiro de
equipe (Jack Aitken sai em 14º e foi somente quatro décimos mais rápido que
Samaia). Temos de trabalhar melhor no acerto dos carros, mas estou tranquilo.
Fazia 14 meses que eu não pilotava um carro de corrida. Vou me permitir
aprender e ir melhorando gradativamente”, afirmou.
De fato, o bicampeão brasileiro de Fórmula 3 pôde ver que a
F2 é uma categoria diferente de tudo o que havia experimentado até então. E,
segundo ele, o final de semana na Áustria é a primeira fase do aprendizado. “É
uma curva que já vai começar a subir. Deu para entender muita coisa, e como não
fiz o FIA F3 – que praticamente todo o grid fez – é mais uma lacuna para
preencher. A expectativa de amanhã é atacar, tentar ganhar posições e aprender
a gerenciar o desgaste dos pneus. Vai ser interessante, porque os compostos
duros para a corrida são difíceis de fazer atingir a temperatura ideal. Então o
desgaste pode variar de um carro para outro, e isso pode trazer uma dinâmica
legal na corrida”, prevê.
A corrida deste sábado (4) tem largada às 11h45, no horário
de Brasília. A de domingo (5), que inverte os oito primeiros colocados, começa
às 6h10.