A Fórmula 2 concluiu neste domingo (19) a terceira rodada
dupla da temporada 2020. No difícil, travado e técnico traçado de Hungaroring,
considerado uma “Mônaco sem muros”, a vitória no sábado foi do russo Robert
Shwartzman, da equipe Prema, e no domingo o primeiro a ver a bandeira
quadriculada foi o italiano Luca Ghiotto, da Hitech. Brasileiro em seu ano de
estreia na categoria de acesso à Fórmula 1, Guilherme Samaia teve mais um final
de semana de intenso aprendizado ao concluir as corridas na 15ª e 21ª posições,
respectivamente.
Para o paulistano de 23 anos, mais um final de semana
“completo e intenso”. Seu retorno à Hungria depois de três anos e a primeira
vez com o carro de Fórmula 2 no exigente circuito aconteceu com pista molhada
no único treino livre da sexta-feira (17). Apenas nove dos 22 pilotos marcaram
tempo e Guilherme foi o sexto mais rápido. “Eu estava bem rápido no segundo
setor, mais rápido que meu companheiro de equipe, e depois entendi o que me
fazia perder tempo no primeiro e no terceiro, e isso me deixou bem otimista
para a classificação”, lembrou Samaia.
Entretanto, a esperança de uma boa posição de largada foi
literalmente por água abaixo. Por ser um dos primeiros a ir para a pista,
Samaia foi o “explorador” das condições difíceis do traçado, bastante molhado
por causa da chuva, e pagou o preço de pegar uma pista ainda sem trilhos. O
brasileiro acertou uma poça d’água no asfalto e saiu da pista, chegando,
inclusive, a interromper a sessão. Sem marcar tempo de volta, Guilherme teve de
largar da última posição.
Depois de um dia com poucas voltas – e sempre com a pista
molhada -, o sábado foi o dia de Samaia sentir o potencial do carro pela
primeira vez com a pista seca. “Eu já não tinha muita referência, mas o
acerto do carro no seco não estava bom. Fui melhorando no decorrer da primeira
corrida, mas o desgaste dos pneus, mesmo os mais duros, foi muito grande.
Depois do pit stop, com os macios, meu ritmo melhorou um pouco em um tipo de
composto que na Hungria deveria durar sete ou oito voltas e eu tive de
completar 19 – mesmo assim, com tempos consistentes”, explicou.
Apostando na estratégia, Samaia chegou a andar entre os
cinco primeiros para fazer uma parada mais tardia, mas o desgaste do composto
duro obrigou o brasileiro a parar bem antes do combinado – por isso o fato de
ter completado 19 voltas com os pneus macios. Tendo sido um dos últimos a
parar, completou a primeira corrida na 15ª posição, garantindo o mesmo posto
para a largada neste domingo, que aconteceu com pista ainda úmida, e que depois
foi secando.
Com uma excelente largada, Samaia ganhou três posições.
Contudo, o brasileiro e seu companheiro de equipe Jack Aitken sofreram mais uma
vez com o alto desgaste dos pneus. A pista abrasiva da Hungria obrigou quase
todos os pilotos a fazerem pit stop na corrida de domingo, em que geralmente,
por ser mais curta, os pilotos não fazem paradas. Após 28 voltas, a vitória foi
de Luca Ghiotto, o único a não ter feito a troca de pneus – mas que não sustentaria
a posição se a corrida tivesse mais uma volta, já que viu sua vantagem cair de
25 para 0,5 segundo em cinco voltas em relação a Callum Ilott, o segundo
colocado, que parou para trocar pneus quando liderava a prova.
Samaia completou a corrida na 21ª posição, duas posições
abaixo de seu experiente companheiro na Campos. “O domingo foi muito difícil
para a equipe. Não encontramos uma direção no acerto do carro. O desgaste dos
pneus era altíssimo, fora do normal. Agora vamos tentar entender o porquê disso
tudo e usar este intervalo para melhorar visando as próximas etapas”, completou
Guilherme.
Depois de três finais de semana seguidos de atividades, a
Fórmula 2 adotará um intervalo de duas semanas até a quarta rodada dupla da
temporada, que acontece nos dias 1º e 2 de agosto em Silverstone, na
Inglaterra.