Ao ganhar a segunda etapa da Fórmula Futuro Fiat neste domingo em Interlagos, no complemento da rodada dupla inaugural da temporada de 2011, o paulista Victor Franzoni se tornou, aos 15 anos de idade, o piloto mais jovem a conquistar uma vitória no automobilismo brasileiro. Beneficiário da mudança na legislação introduzida pela CBA no ano passado, que reduziu a idade mínima para participação em campeonatos, Franzoni estreou causando impacto imediato na categoria: sábado, na abertura da programação, largou em 9º e já ocupava a liderança com ultrapassagens ousadas quando ficou para trás depois de se chocar com o segundo colocado Johilton Pavlak. "Procuro me espelhar no Kamui Kobayashi. Ele é agressivo, se joga para cima dos outros. Acho que ele e o Felipe Massa são os pilotos com o estilo que mais me agrada", comentou.
A identificação com Kobayashi tem outra razão. A exemplo do japonês da Sauber, Franzoni faz parte de uma família sem os recursos necessários para suportar os pesados investimentos exigidos pelo automobilismo. Apelidado de "Chicken Little", em função de uma suposta semelhança com o galinho do filme de animação, Franzoni saiu do kart para a categoria-escola idealizada por Felpe Massa graças à bolsa de 70% do orçamento proporcionada pelos organizadores da Fórmula Futuro pelo título do brasileiro de Graduados de 2010 e à complementação da empresa de marketing esportivo Novac, de propriedade do ex-piloto Guto Negrão. Fábio, o pai, começou tarde no kart, já depois de casado, e o filho acabou herdando o gosto pela velocidade. Não poderia dar outra: aos 4 anos, Franzini já acelerava num kart fabricado pelo próprio pai. "Sei que o Kobayashi também tem uma história parecida", justifica.
Depois da prova de domingo, a família Franzoni foi comemorar duplamente - a vitória e o Dia das Mães - na casa de dona Verilde, avó paterna do piloto. Desde a bandeirada, amigos, familiares e pilotos do kart começaram a inundar a caixa postal de seu celular e suas páginas no Twitter e no Facebook com mensagens de parabéns. "Foi muito legal. Eu esperava ser competitivo desde o início do campeonato, brigando por um pódio e andando na balada junto com todos. Esse resultado foi mesmo inesperado. Ele poderia ter vindo já no sábado, mas o acidente acabou tendo um aspecto didático. Pude aprender bastante com ele vendo as imagens da televisão", explicou.
Ainda excitados pela vitória, Franzoni e os pais - é filho único - só pegaram no sono por volta da uma hora desta segunda-feira. O resultado excepcional não alterou sua rotina: às 7h20, já estava dentro da sala de aula do Colégio Pentágono, em Santo André, onde cursa o segundo ano de Mecatrônica. Alguns colegas de classe estiveram em Interlagos, outros e vários professores assistiram à prova pela TV e deixaram para cumprimentá-lo pessoalmente. Ainda sem idade para tirar carta de motorista, Franzoni vai para cima e para baixo na companhia da mãe, Roseli, a quem os amigos chamam de Chispita por causa das tranças que ela e uma personagem homônima de uma novela costumavam usar. "Ela me leva também para a academia na parte da tarde e para as aulas de Italiano que faço duas vezes por semana", disse. Franzoni está aprendendo o idioma porque já se prepara para uma possível passagem para o automobilismo italiano em 2012. De preferência, como resultado do prêmio que a Fórmula Futuro novamente oferecerá ao campeão.
O Racing Festival, apresentado pelo Banco Santander e Fiat, tem patrocínio da Shell, co-patrocínio da Pirelli, FPT Powertrain Technologies e Sundown Motos, apoio Sada Transportes e Iveco e realização da RM Racing Events.