Pouco mais de dois anos depois de sua estreia nos autódromos brasileiros, onde foi introduzida com o propósito de contribuir para o fortalecimento da base do automobilismo nacional, a Fórmula Futuro deixará de ser disputada. A decisão foi anunciada hoje pelos organizadores da categoria, que confirmaram a abertura do Racing Festival - agora constituído pela Copa Fiat e a recém-criada R1 GP 1000 (motos) - para dias 2 e 3 de junho em Londrina (PR).
A Fórmula Futuro nasceu da preocupação de Felipe Massa com a continuidade da representação do Brasil na Fórmula 1 e evitar que a garotada saísse do kart diretamente para o exterior, sem a devida experiência de vida e de pista. Nas duas temporadas, vencidas respectivamente pelo carioca Nicolas Costa e pelo mineiro Guilherme Silva, contou com grid médio em torno de 10 carros.
Nem mesmo o baixo orçamento, sem comparação com qualquer similar existente em outros centros importantes do esporte a motor, o atraente pacote promocional (provas ao vivo no SporTv, por TV na Internet e compactos na TV Globo, entre outras contrapartidas de mídia) e uma estrutura técnica profissional foram capazes de ampliar o número de participantes. Sem a garantia de adesão expressiva, decorrente em grande parte do momento difícil atravessado no país pelo kartismo, a RM Racing Events, empresa detentora dos direitos da Fórmula Futuro, entendeu que a melhor alternativa seria possibilitar aos pilotos já comprometidos com a série procurar outros caminhos em 2012.
Os dirigentes da RM Racing Events admitem que a medida amarga foi inevitável e estão fechando o balanço da Fórmula Futuro com a consciência de que tudo foi feito para a sobrevivência da única categoria-escola do nosso automobilismo. Como consolo, comemoram o fato de a semente plantada já começar a dar frutos que poderão ser colhidos adiante. "Os investimentos foram pesados, mas a conta não estava fechando. Foram mais de R$ 2 milhões nos procedimentos de importação dos carros de última geração, mais de R$ 800 mil em prêmios para os campeões ingressarem em outras séries na Europa, subsídios da ordem de cerca de R$ 900 mil reais para pilotos saídos do kart, R$ 200 mil na contratação de engenheiros qualificados e em torno de R$ 3 milhões na parceria técnica de preparação, manutenção e operação da categoria", justifica Carlinhos Romagnolli, executivo da RM Racing Events.
No mês passado, Nicolas Costa se tornou o primeiro brasileiro a vencer uma corrida da Fórmula Abarth, ao conquistar uma etapa da rodada do Campeonato Europeu em Valência (Espanha). Costa foi também o primeiro piloto do Brasil a integrar a Ferrari Drivers Academy, projeto criado pela lendária equipe italiana para lapidar jovens com potencial para alcançar a Fórmula 1. "Essa é uma prova de que o conceito da Fórmula Futuro estava correto. Mas não poderíamos prosseguir neste quadro de dificuldades, agravado pela retração dos patrocinadores", desabafa Romagnolli. "Nosso projeto de captação de recursos via lei de incentivo ao esporte do Governo Federal foi rejeitado com a alegação de que a categoria contava com apoio de empresas, mas na verdade todas elas eram originárias da Copa Fiat. Não tivemos o mesmo tratamento de outros agentes do esporte", critica.
Romagnolli faz questão de agradecer à confiança da Fiat e da Pirelli, parceiras de primeira hora e comprometidas com a permanência na Fórmula Futuro, mas diz que as perdas financeiras acumuladas ao longo do período obrigaram ao desligamento definitivo dos motores da Fórmula Futuro. "Não poderíamos permitir que o prejuízo aumentasse", observa, acrescentando que os pilotos já assinados com a organização terão os valores desembolsados para o credenciamento do campeonato integral e imediatamente devolvidos.