Inaugurado em 1999 e considerado na época como um dos dois
melhores kartódromos do mundo, o Raceland Internacional fechará suas portas
brevemente. A data já está marcada e ficará marcada como um dos dias mais
tristes na história do kartismo brasileiro.
O Kartódromo Raceland Internacional, em Pinhais (PR),
recebeu em seus mais de 20 anos de vida as principais competições do kartismo
brasileiro e sul-americano. Em sua inauguração, o suíço Ernest Buser, então
presidente da Comissão Internacional de Kart (CIK/FIA) e falecido em 2007,
elogiou as instalações do complexo e as comparou a um único kartódromo, o de
Suzuka, no Japão, considerando ambos como os melhores do mundo.
Passados 23 anos e completo até hoje, o Kartódromo Raceland passou
a ser administrado a partir do início de 2020 pelas famílias Ebrahim e Kiryla.
Cláudio Kiryla e os irmãos Alfredo e Wagner Ebrahim assumiram a direção do
complexo e, ao longo de dois anos, deixaram o kartódromo “em pé” novamente.
“Foram dois anos malucos, de pandemia”, relembra
Alfredo Ebrahim. “Não conseguimos fazer os muitos eventos que queríamos,
pois tivemos que manter o kartódromo fechado muitas vezes. Trabalhamos muito
internamente, reativando a estrutura de uma forma muito completa e cuidando da
limpeza e da segurança dentro e fora da pista”, emendou.
Ao longo de dois anos sob a administração das duas famílias,
o Kartódromo Raceland Internacional foi sede de duas edições da Copa Super
Paraná e do 24ª Campeonato Sul-Brasileiro, disputado em 2021. Em sua história,
além de vários Sul-Brasileiros, o Raceland recebeu outros eventos nacionais e
internacionais, como o Campeonato Brasileiro, a Copa Brasil e o Campeonato
Pan-Americano.
O Kartódromo Raceland Internacional encerrará suas
atividades e fechará suas portas definitivamente no dia 31 de julho. E assim
como o já demolido Autódromo Internacional de Curitiba (AIC), posicionado a seu
lado, o Raceland dará lugar a um empreendimento imobiliário.
“Trabalhamos duro nestes dois anos e até mesmo antes,
quando conseguimos, graças a um forte empenho na área jurídica e administrativa,
superar as imensas dificuldades para obtermos a licença ambiental e o alvará de
funcionamento”, conta Alfredo Ebrahim. “Revalidamos a homologação junto
à CBA e Federação Paranaense de Automobilismo, que já havia vencido, e tentamos
trazer um campeonato forte depois de fazer todos os ajustes necessários, mas
não foi possível”, continua.
O grau de dificuldade para finalmente colocar o projeto em
pleno funcionamento foi proporcional ao prejuízo financeiro. “A pandemia,
assim como em praticamente todos os segmentos, nos atrapalhou demais em várias
áreas, mas principalmente na parte financeira. Nosso campeonato foi ‘picado’,
pois nem sempre conseguimos realizar as etapas nas datas marcadas por conta das
determinações municipais e estaduais em saúde”, explica Ebrahim. “Mas
mesmo assim vamos trabalhar forte até o último dia”, completou.
Por fim, Alfredo Ebrahim lamenta o triste momento para o
kartismo brasileiro. “Será um dia de muita tristeza, pois perderemos um dos
nossos mais significativos kartódromos. Nossa família frequentou durante muitos
anos o Raceland como equipe e como pilotos e, nos últimos tempos, como
administradores. Ficarão apenas as lembranças, para nós e para centenas de
pilotos e equipes que passaram pelo Raceland ao longo destes 23 anos”, finalizou
Alfredo Ebrahim.