Na quarentena imposta pela pandemia de Covid-19 aos pilotos
profissionais, nada esteve mais em evidência do que o uso de simuladores tanto
para promover campeonatos virtuais como para auxiliar nos treinos das diversas
categorias, no Brasil e no mundo.
A rotina do piloto campineiro João Pedro Maia, por exemplo,
que neste ano disputará a temporada 2020 da Fórmula 4 FIA, na Argentina,
contempla não apenas os treinos em pista, mas também o uso ocasional de
simulador para a prática do automobilismo virtual.
Ocasional, pois o próprio piloto ressalta que nada substitui
os treinos reais. Mesmo assim, Maia admite que o equipamento o auxiliou na
transição do kart para o carro da F4 e também a conhecer algumas das pistas nas
quais competirá na Argentina.
“O simulador não agrega 100% à pista, porque você não tem
a velocidade, a força G, o cansaço? Você não sente a velocidade. Mas é positivo
porque você aprende mais ou menos como são as marchas e onde é para frear, se
você nunca esteve na pista em que vai competir”, destaca o piloto.
Já o preparador de Maia, Roberto Souza Silveira, chefe da
equipe RB Motor Sport, é mais incisivo em afirmar que o simulador auxiliou
demais o piloto campineiro na transição do kart para o carro.
“Era uma coisa nova, que ele não tinha experiência, não
tinha contato, não tinha nada. O uso do simulador nos fez ganhar bastante tempo
em relação aos outros pilotos que estavam competindo com ele, porque
conseguimos fazê-lo assimilar bem a diferença entre um carro e um kart. E esse
é um grande passo que todos os pilotos dão, quando trocam de categoria. A
adaptação mais rápida”, ressaltou Souza.
Um dos simuladores mais conhecidos, voltados para
computador, é o iRacing, criado em 2008 e acessado por meio de assinatura
mensal. Mesmo com um alto custo, o jogo ultrapassou a marca dos 55.000
jogadores, em 2015, entre pilotos profissionais e não-profissionais. Possui
veículos e circuitos licenciados, onde os jogadores podem treinar, desafiar
outros jogadores, ou participar de competições autorizadas pelo serviço. Mas há
outras marcas utilizadas no automobilismo online, reconhecido como uma
modalidade do chamado “eSports”.
Além do jogo, é preciso ter outros equipamentos para montar
uma experiência completa em simulação de automobilismo, como volante, banco que
reproduz o cockpit, pedais e um bom monitor.
Como os treinos em pista real são primordiais durante a
quarentena, João Pedro Maia, de 15 anos, também vem diversificando os
treinamentos, utilizando o kart e o carro da Fórmula Vee em novas pistas e nos
circuitos que já conhece bem. Seu último treino com o FVee, no dia 10 de julho,
foi no Autódromo Haras Tuiuti, utilizado como pista de testes de grandes
montadoras de veículos brasileiras. No kart, Maia treinou na última sexta-feira
(17) em Paulínia.
A primeira etapa da F4 FIA, inicialmente marcada para o
final de março, foi adiada em virtude da pandemia. A previsão é de que a
abertura do campeonato aconteça no final de agosto.