O piloto Raffael Blanco, através de seu pai, José Carlos Blanco, enviou ao Kart Gaúcho um e-mail, em que reclama do resultado final da prova classificatória para a final da Seletiva Petrobras, realizada no Maranhão, em Imperatriz, no último final de semana.
Como um site aberto às necessidades e reclamações dos pilotos, publicamos o e-mail, ressalvando que esta é a versão de um dos pilotos envolvidos. Para não fazer injustiças, o Kart Gaúcho buscou ouvir a versão dos Comissários Desportivos, aqueles que indeferiram o protesto do piloto Raffael Blanco.
Segue abaixo, portanto, a reclamação do piloto Raffael Blanco e logo a seguir, a versão dos Comissários Desportivos:
RAFFAEL BLANCO
"A fim de esclarecer alguns fatos ocorridos na Seletiva Petrobras de Kart, realizada no último final de semana na cidade de Imperatriz (MA) narro abaixo como foi o final da segunda bateria que gerou o protesto por parte do piloto Raffael Blanco. Esta bateria decidia a vaga entre os pilotos Raffael Blanco e Suzuki. Quem chegasse em 2º lugar na bateria seria o classificado, pois o vencedor Felipe Guimarães não concorria à vaga por não ter idade mínima necessária e nem ser piloto Graduado.
- Durante quase toda a segunda bateria o piloto Felipe Guimarães escapou em 1º lugar, deixando para trás a disputa que realmente interessava que era a vaga para a final da Seletiva, entre Suzuki e Raffael Blanco;
- Suzuki andou sempre em 2º lugar com Raffael Blanco em 3º, numa disputa que parecia monótona, pois Suzuki na parte de alta abria uma diferença de 3 metros, mas que era facilmente recuperada na parte de baixa pelo piloto Raffael Blanco;
- Até aí a disputa estava limpa, sendo que por duas vezes o Raffael colocou seu kart ao lado do de Suzuki, mas sem se tocarem numa disputa exemplar;
- Ao se aproximar o final da prova o Binho Carcasci, que atuava como diretor de prova sinalizou aos pilotos que faltavam três (TRES) voltas para o final: 1º Felipe Guimarães, 2º Suzuki, 3º Raffael Blanco;
- Na volta seguinte o diretor de prova sinaliza aos pilotos que faltavam 2 (DUAS) voltas e os pilotos passam nas seguintes posições: 1º Felipe Guimarães, 2º Suzuki, 3º Raffael Blanco
Então na penúltima curva o piloto Raffael Blanco dá o bote para cima de Suzuki e toma a 2ª posição, numa ultrapassagem incontestável, sem encostar no kart do piloto Suzuki;
- Ao passarem pela linha de chegada o diretor de prova sinaliza aos pilotos que entraram na volta final, e os mesmos passam nas seguintes posições: 1º Felipe Guimarães, 2º Raffael Blanco, 3º Suzuki;
- Nesta volta final o piloto Suzuki não consegue se aproximar do piloto Raffael Blanco e os mesmos passam pela linha de chegada nas seguintes posições: 1º Felipe Guimarães, 2º Raffael Blanco, 3º Suzuki;
- Nesse momento vem a 1º surpresa, o piloto Felipe Guimarães passa na linha de chegada comemorando sua vitória, mas a bandeira quadriculada não foi agitada, apesar de já se encontrar na mão do diretor de prova e ao invés disso o diretor (Binho) sinaliza mais uma vez que eles estavam entrando na última volta;
- Desta vez Suzuki não consegue se aproximar do Raffael Blanco na parte de alta, onde durante todas as voltas anteriores ele conseguia abrir uma diferença de aproximadamente 3 metros. Então ao chegarem à penúltima curva, o piloto Suzuki, apesar da distância que se encontrava, ele simplesmente não freia seu kart e vem acertar propositalmente a roda traseira do kart de Raffael fazendo com o que o mesmo fosse parar na grama, e cruzassem a linha de chegada na seguinte ordem: 1º Felipe Guimarães, 2º Suzuki, 3º Raffael Blanco. Como resultado da batida o kart do piloto Raffael Blanco ficou com o eixo traseiro empenado, pois a batida acertou a roda traseira esquerda e nenhum arranhão ou amassado na carenagem lateral;
- Ao questionarmos o diretor de prova o mesmo assumiu que agiu errado ao não ter dado a bandeirada na volta anterior, conforme sinalização passadas aos pilotos que estavam na pista e que fizeram suas estratégias de corrida baseados nessas informações. Pediu desculpa, mas que não tinha como consertar o erro.
- Então na condição de Chefe de Equipe e pai do piloto Raffael Blanco eu entrei imediatamente com um recurso junto à direção de prova questionando o resultado já que houve uma atitude anti-desportiva por parte do piloto Rafael Suzuki e que trouxe benefício direto ao piloto infrator, pois a ordem de chegada foi invertida graças a essa manobra;
- Apesar de ser opinião unânime do público presente aos box's de que o piloto Suzuki deveria sofrer uma punição, inclusive de seus patrocinadores, a direção de prova julgou a reclamação improcedente. Usando meus direitos legais contestei a decisão dos comissários e vamos tentar resolver essa questão nos órgãos competentes, ou seja, Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBA;
- Entrei com recurso contra a atitude anti-desportiva do piloto Suzuki que conforme o Código Desportivo do Automobilismo, Capítulo VIII, Seção I, Artigo 48, parágrafo III diz que “Todo procedimento fraudulento ou manobra desleal que venha a prejudicar o caráter esportivo das competições, ou os interesses do esporte automobilístico” são consideradas infrações e passíveis de punição;
- Mas como a vaga estava reservada para o piloto Rafael Suzuki, o recurso foi julgado como improcedente;
- Só restou ao piloto Raffael Blanco protestar no podium, exibindo seus troféus de 3º colocado e de Pole Position de cabeça para baixo".
COMISSÁRIOS DESPORTIVOS (SÍLVIO MAIA)
“Em um primeiro momento, no instante exato do incidente, assistindo ao vivo, até pareceu a todos que a atitude do piloto Rafael Suzuki havia sido anti-desportiva. Porém, quando chegaram até nós Comissários, trazidas pelo piloto que protestava, as imagens do incidente, que vimos e revimos, tivemos a nítida impressão de que havia sido uma disputa realmente mais vigorosa, mas ainda dentro das normas da desportividade.
Rafael Suzuki aproveitou-se de uma brecha que o piloto Raffael Blanco deixou e colocou seu kart do lado deste. Os pilotos se tocaram lado a lado e Suzuki usou de toda sua experiência que ganhou disputando provas do Europeu e Mundial. Não entendemos como atitude anti-desportiva e por esta razão indeferimos o protesto de Raffael Blanco.
Quanto a sinalização errada na hora da bandeirada, houve uma má informação da cronometragem ao Diretor de Provas, que teve ainda a oportunidade de sanar este erro. Ele foi informado de que faltavam duas voltas, quando na verdade faltavam três. A cronometragem percebeu o erro e avisou ao Diretor de Prova. Uma prova acaba apenas quando são percorridas tantas voltas quanto as que estão previstas e por esta razão, para não terminar a prova com uma volta a menos, o Diretor de Prova deu aos pilotos mais uma volta“.