Terminou no último sábado (27) a terceira rodada do
Campeonato Mundial de Fórmula 2. A rodada dupla foi disputada nas ruas de Monte
Carlo, em Mônaco, e foi marcada pela estreia do piloto brasileiro Sérgio Sette
Câmara (PREDATOR Acer | SANEPAV | TAESA | BELL) no mais tradicional circuito de
ruas do mundo.
Tendo como uma de suas especialidades as provas de rua,
fator comprovado pelos bons resultados de Sérgio em Pau (FRA) e Macau (CHI)
quando ainda competia pela F3, o piloto brasileiro naturalmente cultivou uma
boa expectativa com relação aos resultados que poderia acumular nas duas provas
deste fim de semana.
Com um cronograma diferente das demais etapas do campeonato,
as atividades em Mônaco começaram na quinta-feira, com os treinos livres e a
tomada de tempos. Sérgio, apesar de ter feito várias sessões em simulador para
conhecimento do traçado, nunca tinha efetivamente pilotado nas ruas do principado
e, com isso, utilizou cada segundo do único treino livre para assimilar os
detalhes do circuito e preparar o carro para a classificação.
Na tomada de tempos, quando saiu com seu primeiro jogo de
pneus, o piloto acreditava ter um bom carro e chegou a liderar a sessão. Mas,
momentos depois, passou a sentir algum problema que não o permitia fazer voltas
rápidas e, infelizmente, ficou com a última posição do grid.
Em uma pista quase impossível de se ultrapassar, Sérgio e a
equipe estudaram bastante uma boa estratégia e, com isso, seguiram para a
primeira prova, que foi disputada na manhã da sexta-feira. Após boa largada,
Sérgio ganhou duas posições e passou a seguir o pelotão no 18º lugar. Ainda sem
ter um bom ritmo, Sette Câmara pelo menos conseguia acompanhar o pelotão. Nesse
momento, então, começou a fazer diferença a estratégia.
Com um pit stop prematuro, o piloto colocou pneus macios e
seguiu para a pista. Duas voltas mais tarde, em uma situação de safety car,
vários carros foram para os boxes e, com isso, o brasileiro ganhou várias
posições. Mesmo sem ação para ultrapassar os adversários, o piloto de 19 anos
conseguiu ganhar várias posições. A seis voltas para o fim, nova entrada do
carro de segurança e, na relargada, Sette Câmara já aparecia no 10º lugar. A
esta altura, já na zona de pontuação, o piloto ainda tentava buscar o nono
lugar quando, de repente, uma peça de seu carro se rompeu e ele teve de
abandonar a corrida.
'Nosso carro
estava com o diferencial quebrado desde o treino livre. A equipe só conseguiu
detectar o problema depois da tomada, por isso fui tão mal. O carro não
tracionava direito nas curvas. Parecia que tinham resolvido para a corrida, mas
não consertaram o problema completamente e, com isso, a peça não aguentou a
corrida toda a acabou quebrando o semi-eixo. Fiquei muito desapontado',
explicou o piloto.
No sábado, então, foi disputada a segunda corrida da rodada.
Sérgio, partindo novamente do final do pelotão, não tinha muita expectativa.
Numa prova onde a parada nos boxes não era obrigatória, ficava difícil
arquitetar uma estratégia de recuperar posições. Após novamente largar bem, o
piloto ganhou uma posição e, em seguida, posicionou-se junto ao pelotão. A
corrida teve como seu ponto alto a primeira metade das voltas quando, sob muita
pressão de Charles Leclerc, líder do campeonato, Sérgio conseguiu garantir a
sua posição e não dar chance de ultrapassagem para o piloto monegasco. Mesmo
com um carro que não tinha um bom rendimento Sette Câmara conseguiu se manter
na pista até o final e recebeu a bandeira quadriculada na 14ª posição.
'Realmente fiquei
muito decepcionado nesse fim de semana. O time não conseguiu resolver o
problema do diferencial e isso não me permitiu andar bem em nenhum momento do
fim de semana. Não tive condições de realizar um bom trabalho. Só me resta
assimilar o aprendizado, que certamente vou usar nos próximos anos, e já pensar
na corrida do Azerbaijão, que será disputada daqui um mês', completou.
RÁDIO COM A EQUIPE VIRALIZOU NA INTERNET – Um fato relacionado
à Sérgio movimentou também os sites especializados neste fim de semana. Após a
divulgação, uma conversa de rádio dele com a equipe, durante a corrida de
sexta-feira, gerou constrangimento para alguns e indignação para outros.
'Quem estava ao
rádio comigo naquele momento era meu coach Tom Dilmann. Foi ao ar apenas uma
parte da conversa. De qualquer forma é minha obrigação passar para o time o que
está acontecendo com o carro. Tenho acima de tudo uma amizade muito grande com
o Tom e, entre nós, é normal a comunicação bem informal. Não acho que teve nada
demais e, se não tivessem colocado isso na transmissão, com certeza eu não iria
nem me lembrar depois da corrida', explicou, de forma muita tranquila,
o brasileiro.