O distante sonho daquele menino que ficava assistindo às corridas nas manhãs de domingo se concretizou nesta quarta-feira (13) para o piloto mineiro Sérgio Sette Câmara (Red Bull | Petrobras | CEMIG | Banco Mercantil do Brasil). Pela primeira vez em sua carreira ele participou de um treino oficial na principal categoria do automobilismo mundial, a Fórmula 1.
A convite da equipe italiana Scuderia Toro Rosso, espécie de time satélite da Red Bull Racing, o piloto brasileiro, que atualmente está com 18 anos e um mês, desembarcou na última segunda-feira no tradicional autódromo de Silverstone, na Inglaterra, onde teve a sua icônica experiência a bordo de um carro de escuderia da Faenza - cidade sede do time.
Na terça-feira (12) Carlos Sainz, titular do time na temporada, pilotou o carro em um dia completamente voltado à acertos e desenvolvimento do equipamento para o restante da temporada. Sette Câmara, com fone nos ouvidos e ligado a tudo que acontecia, pôde assimilar toda a experiência do também jovem colega e, acima de tudo, analisar os dados e gráficos gerados pelas atividades. Ao fim do dia, em uma reunião com todos os engenheiros e demais técnicos da equipe e da Ferrari, responsável pelo motor, foi traçada a estratégia e o cronograma para o intenso dia de atividades que estava por vir.
Enfim, na quarta-feira, Sérgio chegou muito animado ao Autódromo. Conforme previsto, às nove da manhã o motor foi acionado e o piloto fez a sua primeira entrada na pista. Foram muitas, muitas voltas no longo traçado de quase seis quilômetros que já viu ícones do esporte brasileiro brilharem, como Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi.
Seguindo o que havia sido traçado pelo time, Serginho começou o dia com o carro utilizando uma configuração mais conservadora e, ao longo do dia, os ajustes e pneus foram sendo trocados e o carro ficando mais veloz a cada entrada na pista. Ao todo foram completadas 82 voltas, chegando a um total de mais de 460 km percorridos.
"É difícil encontrar palavras para descrever uma sensação como esta. Acho que eu só entendi, realmente, o que estava acontecendo quando eu fui entrar no carro, de manhã cedo, e tinham 30 pessoas em volta dele e o banco vazio me esperando. Deu um frio na barriga, mas foi só abrir o box e colocar a máquina na pista que a adrenalina foi baixando e eu consegui fazer o que estava programado. Foi muito legal”, conta o piloto.
“É completamente diferente do carro showrun que eu havia guiado na Espanha. A começar pela potência, passando pela aderência nas curvas e culminando com um sistema de freios, é tudo muito eficiente e você só consegue acreditar que aquilo é possível depois de algumas voltas testando o seu limite. Fiquei muito feliz porque eu consegui fazer exatamente o que o time me passou e, quando me pediram para acelerar para valer, consegui levar o carro ao limite e fiz o tempo de 1m34s040. Só tenho a agradecer à oportunidade oferecida pelo Helmut Marko, o Franz Tost e todos da equipe que me receberam de uma forma extremamente profissional. Espero, neste fim de semana, voltar para a minha temporada de F3 com ainda mais gás e vontade de chegar logo a hora de concretizar a minha ida definitiva para a F1", analisou o piloto patrocinado pela Petrobras.