Quase 90 dias após ter participado de sua última competição
oficial, o piloto brasileiro Sérgio Sette Câmara (YOUSE | CCR) teve nesta
quarta-feira de cinzas a esperada chance de pilotar pela primeira vez o novo
carro do Campeonato Mundial de Fórmula 2.
A sessão de shakedown, nome inglês dado ao momento que os
times têm para conferir se está tudo certo e bem montado com o novo
equipamento, teve vez no autódromo francês de Magny Cours. As dez equipes
inscritas para o campeonato deste ano puderam levar para a pista apenas um
carro e, com isso, em cada período do dia um dos pilotos teve a oportunidade de
pilotar o carro.
Após uma noite de muito frio na região, nas primeiras horas
da manhã as áreas de escape da pista estavam completamente tomadas por neve, que
no decorrer do dia foi se derretendo e, com isso, proporcionou condições de trabalho
melhores para os times e todos os pilotos.
Sette Câmara tomou o cockpit de seu Carlin / McLaren Júnior
apenas no período da tarde. Ansioso para sentir as grandes diferenças
esperadas, principalmente no que se refere ao novo motor turbo, ao câmbio e à
parte aerodinâmica, o piloto completou aproximadamente 20 voltas e ficou muito
satisfeito com o avanço do carro em relação ao equipamento com que ele competiu
em 2017.
“Achei o carro
extremamente veloz em baixas velocidades, a força na hora que entra o turbo é
impressionante. Nas arrancadas a diferença é brutal. Além disso, com os novos
componentes aerodinâmicos, o carro tem mais downforce, o que nos permite
imprimir uma velocidade maior nas curvas. Assim, mesmo com o conjunto estando
30 quilos mais pesado que o do ano passado, os engenheiros da Dallara acreditam
que o carro novo será em média um segundo mais veloz dependendo do circuito. O
Hallo, que muitos falaram que iria atrapalhar, na minha impressão foi como se
estivesse usando óculos. Na hora que você sai do box incomoda um pouco, mas
logo em seguida já se torna natural”, comentou o único piloto brasileiro na
categoria.
Porém, Sette Câmara destaca como o maior avanço do novo
carro a parte tecnológica. “Para mim a
mudança mais significativa foi a tecnológica. O novo carro está muito mais
próximo de um Fórmula 1 agora não apenas na parte de motor, câmbio e
aerodinâmica, mas também na eletrônica. O novo volante me lembrou muito o que
utilizei quando tive o meu teste com a Toro Rosso em 2016. Agora temos a chance
de mudar a forma de aceleração, alterar ajustes de embreagem e várias outras
coisas que nem mesmo nos apresentaram ainda. No carro do ano passado a única
coisa que podíamos mexer era no balanço dos freios. Assim, seremos ainda mais
exigidos durante as corridas uma vez que, ao clique de um botão do volante,
teremos a chance real de mudar o setup do carro volta a volta, tornando assim o
equipamento mais próximo de um ajuste ideal nos diferentes momentos da corrida.
Tenho certeza que qualquer piloto da F2, com esta mudança, estará muito mais
preparado para fazer um teste de F1 do que antes”, finalizou o piloto de 19
anos.
A pré-temporada do Mundial de Fórmula 2 será realizada em
duas sessões. A primeira delas, em Paul Ricard, na França, entre os dias 6 e 8
de março. Já a segunda sessão, com mais três dias, será no Bahrein, entre 21 e
23 de março.