57 pilotos disputaram o Campeonato Sul-Americano, realizado em San Jose, no Uruguai, na última semana. Cinco categorias participaram e os títulos ficaram com a Argentina (três) e Uruguai (2).
Luca Longhi (Cadete), Bruno Romano (Pré Júnior) e Geronimo Orcola (Júnior) foram os argentinos campeões, enquanto que Nicolas Alfonzo (Sênior) e Juan Manuel Casella (Sudam) fizeram a festa dos uruguaios em um campeonato que a cada edição mostra-se em condições de falência. Para exemplificar, as atividades previstas para iniciar na manhã de quinta-feira começaram às cinco da tarde, porque a pista ainda não estava pronta, sem contar os inúmeros atrasos em todos os dias.
Um campeonato deste porte – ora, falamos do mais importante evento do kartismo da América do Sul – teria que ter muito mais que 57 pilotos. Quais as razões para isto? Pode passar pelo regulamento, que não ajuda na participação de pilotos de determinados países – o Brasil teve apenas seis concorrentes –, pode estar na distância, nos custos, e em várias outras razões. E não falamos apenas deste ano, pois a última edição brasileira também não foi aquele “supra sumo” no que diz respeito a inscritos e, além disso, nenhum estrangeiro esteve presente.
Mas, o que é certo é que estes brasileiros que foram ao Uruguai este ano não mais voltarão ao Sul-Americano. Dois deles foram campeões na pista, mas acabaram perdendo o título por uma punição de dois segundos imposta por alegada queima de largada, neste caso velocidade excessiva. Léo Gimenes, pole na Júnior, venceu a Final da categoria, mas acabou em segundo em razão desta penalização.
Osmar Gimenes, pai de Léo, está revoltado com a punição. “Não concordo. O Léo é o legítimo campeão sul-americano na Júnior. Sentimos muito, porque nos ‘tomaram’ o título, ganhamos três corridas em quatro disputadas”, desabafa. “Não disputaremos mais o Sul-Americano, creio que foi uma mancha na competição e uma dor muito grande para todos nós brasileiros que lá estávamos, e que será muito difícil de apagar”, completa.
Germano Orcola, campeão da Júnior após a punição dada a Gimenes, disse ao site argentino Encarreraweb, que “em todas as categorias houveram estas punições. O sensor não marcava bem, marcava o tempo do que havia passado antes. Aceitamos a punição e largamos em terceiro na Final, era muito mais conveniente largar em terceiro, por dentro, que largar em segundo”, disse o argentino, punido na Pré-Final.
Na Pré Júnior foi ainda pior. Murilo Della Coletta foi o vencedor da Final, mas a mesma punição lhe tirou o título. Bruno Romano, o campeão, foi punido em duas provas por esta mesma queima de largada e o resultado de cada uma delas foi publicado com esta punição. A surpresa, segundo Marcos Della Coletta, pai de Murilo, veio depois, na formação do grid de largada seguinte, quando Romano já não aparecia mais punido. Sim, é isto, as duas punições a Romano foram retiradas pelos comissários.
Em uma das classificatórias, Marcel Della Coletta foi jogado fora da pista por um concorrente em frente a um dos comissários. Ao protestar e pedir a exibição das imagens da câmera Go Pro – obrigatória em todos os karts e fornecida pelos organizadores – do piloto que bateu em Marcel, Marcos teve como resposta a informação de que a câmera não funcionava. Ao pedir que fosse vista a imagem da câmera de Felipe Drugovich, outro brasileiro na categoria, os comissários informaram que nenhuma das câmeras da Pré Júnior funcionava.
Felipe Drugovich, por sua vez, recebeu um motor em determinado momento que não rendia o esperado. A equipe tentou providenciar sua troca, o que não lhe foi permitido, sob a seguinte alegação: “Com o piloto que você tem não precisa trocar motor”, disse o responsável pelos motores, “elogiando” o brasileiro pela boa performance nos treinos. Sabemos, é claro, que um motor pelo menos um segundo mais lento não terá nunca seu mau desempenho compensado apenas pelo “braço” de um piloto. "Tivemos o ponto do motor alterado na 'calada da noite", reclama Mazinho, preparador de Drugovich.
“Dois pilotos foram punidos pelo mesmo erro. Mas apenas um deles teve suas punições retiradas. Por quê?”, pergunta Marcos Della Coletta, referindo-se às punições por queima de largada na Pré Júnior. “Até acredito em coincidência, mas não quando são muitas”, continua.
Coletta questionou por diversas vezes a decisão dos comissários, mas quando buscou fazer o protesto de maneira formal, por escrito, foi impedido pelos seguranças de entrar na sala das autoridades. “No Sul-Americano o protesto tinha que ser entregue diretamente na sala dos comissários, segundo me informaram na secretaria. Mas quando eu quis ir mais uma vez até a sala deles, o segurança não deixou, sob ordens dos comissários”, conta.
Romano, que competia com chassi CRG e que não se destacou nos treinos com motores próprios, passou a andar melhor quando os motores sorteados foram distribuídos. E fez uma bela tomada de tempos. E, segundo Coletta, os motores sorteados vieram no caminhão da CRG argentina. “No fim, infelizmente, acabamos desconfiando de tudo o que acontecia. A delegação brasileira, em peso, está muito descontente e nos sentimos roubados. Não volto ao Sul-Americano e não recomendo aos brasileiros disputar este campeonato”, finaliza.
De qualquer forma, nós aqui no Brasil podemos nos dar por felizes, pois a organização e direção de nossas corridas nacionais e de grande vulto – ainda que tenham algumas falhas – ficam como que um ensinamento a muita gente, principalmente quando comparadas ao que parece ter ocorrido no Sul-Americano.
Mario Rosa Sosa, assessor de imprensa do Sul-Americano e único membro da organização a se manifestar ao Kart Motor até o momento, disse não ter argumentos para contestar a reclamação dos brasileiros, já que não era sua área de trabalho. “Só posso dizer que o Brasil declinou o convite para enviar autoridades ao Sul-Americano”, disse Mario. “E que o sistema de controle de velocidade na largada foi operado pelo que tem de melhor no Brasil, segundo nos indicaram. O sistema funcionou a todo o momento nas mãos de seus responsáveis brasileiros”, finalizou.
Porém, segundo Rubens Gatti, um comissário seria enviado ao Uruguai, mas os organizadores não enviaram a passagem de avião correspondente, item obrigatório e que consta no caderno de encargos da competição. A alegação é rebatida por Sosa, dizendo que a passagem estava à disposição.
Choro de perdedor, dirão alguns. Choro de brasileiro, dirão os estrangeiros. O espaço está e continua aberto para que os organizadores possam se manifestar.
Confira o resultado da final de cada categoria:
CADETE
1 Luca Longhi – 20 voltas - 17:35.121
2 Emiliano Berriel – a 6.715
3 Facundo Ferra – a 7.105
4 Gaston Rivas – a 22.548
5 Juan M. Lopez – a 22.899
6 Nahuel Santos – a 24.898
7 Alejo Cravero – a 1 volta
8 Juan Herrero – a 8 voltas
JÚNIOR
1 Geronimo Orcola – 25 voltas – 19:04.129
2 Léo Gimenes – a 1.404
3 Juan Manuel Casella – a 4.665
4 Adibe Marques – a 13.993
5 Federico Moreira – a 23.009
6 Juan Paulo Fernandez – a 37.169
7 Gary Maldonado – a 7 voltas
8 Sebastian Cabarcos – a 16 voltas
9 Matias Menvielle – a 21 voltas
PRÉ-JUNIOR
1 Bruno Romano – 19:26.108
2 Murilo Della Coletta – a 1.461
3 Marcel Della Coletta – a 8.137
4 Felipe Drugovich – a 8.200
5 Joaquin Martinez – a 8.687
6 Gabriel Rebouças – a 19.201
7 Bruno Rodriguez – a 24.258
8 João Bedin – a 28.747
9 Agustin Cejas – a 8 voltas
E Gustavo Maldonado – excluído por não respeitar bandeiras azuis
SÊNIOR
1 Nicolas Alfonzo – 25 voltas – 20:06.508
2 Gaston Pacioni – a 1.346
3 Nicolas Laprovitera – a 2.038
4 Gonzalo Viñas – a 5.747
5 Gerardo Manucci – a 10.089
6 Daniel Rostro – a 20.962
7 Raul Bruschi – a 21.159
8 Nicolas Alaggia – a 28.136
9 Hernan Giuria – a 35.226
10 Fernando Guzzo – a 47.024
11 Emiliano Martinez – a 5 voltas
12 Mariano Calderale – a 6 voltas
13 Christian Rodriguez – a 6 voltas
14 Eduardo Viglietti – a 9 voltas
15 Guzman Sencion – a 10 voltas
16 Martin Fierros – a 12 voltas
17 Jorge Rainieri – a 14 voltas
18 Pablo Bertolotto – a 18 voltas
E Mario Gonzalez – excluído por não respeitar bandeiras azuis
SUDAM
1 Juan Manuel Casella – 30 voltas – 22:50.184
2 Renato de Rada – a 11.824
3 Daniel Rostro – a 12.048
4 Frederik Balbi – a 1 volta
5 Nicolas Collazo – a 4 voltas
6 Nicolas Fecci – a 13 voltas
7 Matias Bango – a 13 voltas
8 Facundo Garese – a 14 voltas
9 Ignacio Moreira – a 29 voltas
10 Andres Bango – a 30 voltas
11 Tomas de Rada – a 30 voltas