Divergências e rivalidades à parte, pilotos, preparadores e equipes do kartismo brasileiro sabem que uma competição com a chancela da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) atende um rigoroso padrão e é marcada pelo rigoroso respeito ao regulamento. Deveria ter sido o caso também na abertura do Sul-Brasileiro 2009, no Velopark, em Nova Santa Rita (RS). Se na pista as disputas honraram a tradição da competição, fora delas o que se viu foi uma série de problemas, que mancharam o espetáculo. Decisões equivocadas dos comissários, medidas em desrespeito às regras e a ausência da balança oficial da CBA, padrão para determinar o peso dos karts.
Uma das principais vítimas da confusão foi o mineiro Jean Claude Paturle (AMG/ Micronic), que tinha todos os motivos para comemoração depois de ser o melhor na segunda bateria da Graduados, combinados os pilotos da A e da B, no que foi apenas sua terceira corrida na categoria. Resultado este oficial, definitivo. O problema é que uma incompreensão na vistoria da bateria de sexta-feira, em que Jean terminou em terceiro, causou sua desclassificação, de forma arbitrária e equivocada, e custou a liderança em uma das mais tradicionais competições do país.
Integrante de uma das mais sérias e respeitadas equipes do kartismo brasileiro, a Quake 2, Jean, terminada a corrida de sexta, conduziu o kart para o parque fechado, como prevê o regulamento. Muito tempo depois, piloto e equipe foram informados da desclassificação, porque a pirâmide do motor não contava com a marca do fabricante (Mecânica Riomar). Motivo que seria justo (ainda que não traga qualquer tipo de vantagem técnica), não tivesse a própria Riomar, por meio de documento assinado por seu fundador e proprietário, Mário de Carvalho, figura histórica do esporte no país, alertado a CBA para o fato, confirmando que os propulsores em questão saíram de sua fábrica, em São Paulo.
Não adiantou. Apesar dos apelos insistentes, a decisão não foi revista. O que se viu no sábado foi um problema na balança provocar inúmeras desclassificações e ajudar a aumentar ainda mais o clima de incerteza, com vários pilotos dispostos a não competir nas etapas restantes, já que todo o orçamento investido para a participação em um evento deste porte pode ser desperdiçado por decisões sem critério lógico.
"O que impressiona é o descaso com os pilotos e equipes, que são quem faz o espetáculo. Todos foram tratados mal, não houve explicações e a balança da CBA não estava disponível. E o pior é que tínhamos um documento que nos permitia correr com a pirâmide sem a marca da Riomar. Isso ocorreu devido à correria para entregar os motores a tempo e, de forma alguma justificava a desclassificação", alerta Luiz Sérgio Santos, o Zé Bolão, proprietário da Quake 2.
Sul-Brasileiro - Primeira etapa - Nova Santa Rita (RS)
Graduados A/B (segunda bateria)
1 Jean Claude Paturle (MG)
2 Claudio Cantelli Jr. (PR)
3 Thiago de Ávila (PR)
4 Matheus Leba (MS)
5 Matheus Vieira (DF)
6 João Varaschin (RS)