A temporada 2011 da Fórmula 3 Inglesa, um dos campeonatos de base do automobilismo mundial mais tradicionais, tendo revelado pilotos importantes, e campeões, como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Mika Hakkinen, Jackie Stewart e Ayrton Senna, vai começar neste final de semana em Monza, na Itália. Com a oportunidade de fazer seu primeiro ano completo na categoria, após disputar três etapas em 2010, o curitibano Pietro Fantin, pela equipe Hitech, espera colocar seu nome no seleto grupo dos grandes campeões.
Fora das pistas, o paranaense leva uma vida disciplinada, sempre em busca de se aprimorar como piloto. Em uma breve entrevista, Pietro fala sobre o porquê da escolha por este esporte, sua motivação, seus heróis dentro e fora das pistas, seus momentos inesquecíveis e vários outros assuntos que o influenciam em sua carreira, mas não necessariamente focados nela.
Por que automobilismo?
Automobilismo pelo simples fato da grande presença da adrenalina, por ser um esporte de risco, um esporte basicamente individual, com muita velocidade e inteligência. Ser rápido na hora de tomar decisões que podem mudar tudo. Obviamente todo esporte contem as suas características e se você coloca-las lado a lado de esporte para esporte, verá que são muito parecidas. Porém, em minha opinião, o automobilismo tem aquele degrau a mais ao envolver a velocidade e muita adrenalina no sangue.
O que te motiva a correr?
Me motiva correr ao saber que tenho capacidade de exercer o esporte com um bom desempenho e saber que isso é o que quero para o meu futuro. A oportunidade que minha família pode me dar para me tornar um piloto profissional me motiva muito também, pois sei que tenho que trabalhar duro para agarrar esta oportunidade da melhor forma possível.
Quais são seus heróis fora das pistas?
Sem dúvida nenhuma o meu avô e meu pai. Heróis mesmo para mim na Terra, e Jesus no céu. Costumo dizer que estes são os advogados da minha vida, e não estaria onde estou hoje sem eles, de forma alguma. Foram protagonistas na minha vida e carreira ate aqui.
Quais são seus heróis dentro das pistas?
Não tive muita oportunidade de ver Ayrton Senna fazer mágica nas pistas, pois era muito novo. Porém sei toda a sua história, já assisti muitos vídeos seus e mesmo corridas inteiras reprisadas. Ele foi realmente um gênio na maneira que conseguiu lidar com o mundo da Fórmula 1, pena que tudo acabou muito cedo para ele. E para mim também, pois um dia queria conhecê-lo. Ele, sem dúvida nenhuma, cravou seu nome não só na Fórmula 1, mas no automobilismo geral. Ele nasceu para aquilo. Fora Senna, sempre fui muito fã do Michael Schumacher. Convenhamos que sete vezes campeão mundial não seja para qualquer um né? Esse eu pude acompanhar com meus próprios olhos, ao vivo. O alemão é uma máquina.
O que faz quando não está correndo?
Faço academia todo dia com certeza e, quando possível, simulador na Hitech. Fora isso, quando estou livre, procuro manter meu dia um pouco longe de uma rotina, gosto de viver meu dia com altos e baixos. Por exemplo, existem dias que gosto de sair com amigos, jantar, etc. Há dias que gosto de ficar em casa assistindo televisão. Não há rotina na minha vida fora das pistas, apenas academia e simulador quando possível.
Músicas e livros favoritos.
Gosto de quase todo tipo de música, me arrisco como DJ, mas não tenho muita habilidade para o negócio. Meu tipo de musica favorito é o House Music, não há um cantor, mas sim um DJ, e os meus favoritos são Deadmau5 e Gui Boratto. Já em relação à leitura li um livro impressionante de Nuno Cobra, chamado A Semente da Vitória, no qual ele cita toda sua vida, incluindo seus pupilos Senna, Hakkinen, etc. Para quem é piloto é realmente muito bom, uma leitura motivadora, excepcional.
Qual seu lugar favorito?
O cockpit do meu carro. Lá eu entro no meu mundo, no meu negócio, no meu escritório. Quando estou ali sei o que fazer, me sinto confortável, com aquele toque de adrenalina e nervosismo, o que faz parte do esporte. É perfeito, e sem palavras quando se finaliza com uma vitória importante.
Qual sua pista favorita?
Spa-Francorchamps, sem dúvida. Ela tem tudo o que eu gosto em uma pista, uma atmosfera e ambiente lindos, possui um traçado muito seletivo, com quase todos os tipos de curvas em todos diferentes raios. Freadas fortes e fracas. Curvas de segunda marcha, curvas de sexta marcha com o pé no fundo, chicanes, etc. Pra mim SPA foi imbatível ate agora.
Fale um momento inesquecível fora automobilismo.
Quando meu irmão caçula veio ao mundo. Por pouco ele não conseguiu, mas graças à Deus deu tudo certo e hoje ele é a pessoa que mais penso quando estou fora do Brasil. Acompanhei ele crescendo e me divirto muito lembrando quantas coisas já ouvi, fiz, falei e passei com ele. Ele é meu mascote.
Fale um momento inesquecível no automobilismo.
Muitos foram inesquecíveis, muitos mesmo. Mas para citar alguns posso falar todas as vezes que meu ex-mecânico de kart, Fejão, entrava na pista durante a corrida e me mandava acelerar. Aquilo me dava uma motivação absurda, me subia uma gana, uma vontade de vencer que é difícil explicar. Bom saber quando alguém esta vestindo a sua camisa e quer ver você vencer, aquilo sempre foi essencial pra mim dentro das pistas, e quase sempre deu certo.
Se você não fosse piloto, faria o quê?
Trabalharia com meu avô, na empresa que atualmente me patrocina. Tenho muita vontade de aprender com ele, pelo fato de ele ter vindo do zero e feito sua vida própria. Hoje ele é o meu investidor, ele confia em mim e acredita que o automobilismo é o que eu quero para minha vida, isso é muito gratificante.
Dizem que é muito difícil ter amigos no automobilismo, é verdade?
É verdade sim, principalmente quando se corre na mesma categoria. Fora das pistas tenho muitos amigos, mesmo os que correm comigo, me dou bem com todos meus concorrentes. Obviamente, quando se fecha a viseira, acabou a amizade. Não significa que quando se corre se cria uma inimizade, mas todos ali são iguais, não existe mais amigo ou menos amigo, são os seus oponentes e você tem que batê-los para chegar onde quer. Atualmente tenho uma relação muito boa com o Felipe Nasr, temos características comuns e viemos passando momentos legais juntos dentro e fora das pistas.
Quais são seus sonhos?
Fórmula 1. Meu e de todos os 21 que correm contra mim hoje na Fórmula 3 Inglesa e mais centenas que estão nas outras categorias. Mas acredito que tenho capacidade para me destacar e chegar lá. Para isso, além da velocidade, é necessário um trabalho muito árduo. Costumo dizer que a vontade de se preparar precisa ser maior do que a vontade de você querer mudar tudo. Precisa mudar primeiro a sua atitude. Acho que quanto mais as pessoas acreditarem em uma coisa, quanto mais se dedicarem a ela, mais podem influenciar no seu acontecimento. Eu, como piloto, tenho que pensar que eu trabalhei tanto e tão bem que ninguém pode fazer mais do que isso. Acredito que vou chegar lá.
A temporada 2011 da Fórmula 3 Inglesa começa neste final de semana, dias 16 e 17 de abril, no lendário circuito de Monza, na Itália.